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A NASA quer proteger a Terra de Asteróides Assassinos

Em meados do passado mês de Janeiro, a Agência Espacial norte-americana abriu o Planetary Defense Coordination Office, um gabinete que pretende estudar como detectar e parar asteróides de grande dimensão.
Imagem de Donald Davis

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Este artigo foi originalmente publicado na nossa plataforma VICE News.

Há três anos, um meteoro entrou a voar na atmosfera terrestre a aproximadamente 67 mil quilómetros por hora e explodiu a mais ou menos 20 quilómetros de altura sobre Chelyabink, na Rússia. Com cerca de 18 metros de diâmetro e 11.000 toneladas métricas de peso, era um grande meteoro, mas não o maior alguma vez registado.

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De acordo com a NASA, ainda assim, a explosão foi cerca de 30 vezes mais potente que a da bomba atómica que destruiu Hiroshima e a onda de choque que se seguiu estilhaçou janelas em 7.200 edifícios. À volta de 1.500 pessoas ficaram feridas.

Agora a NASA espera conseguir evitar um golpe mais devastador.

Em meados do passado mês de Janeiro, a Agência Espacial norte-americana abriu o Planetary Defense Coordination Office, um gabinete que pretende estudar como detectar e parar asteróides de grande dimensão. (Um asteróide é um pedaço inactivo de pedra espacial, enquanto um meteorito é um pedaço de um asteróide ou cometa que se transforma num meteoro quando entra na atmosfera.)

"A detecção de um asteróide, o seu seguimento e a defesa do planeta são situações que a NASA, os seus parceiros e a comunidade global levam muito a sério", diz John Grunsfeld, administrador associado do Directório de Missões Científicas da NASA, em comunicado oficial. "Apesar de, nesta altura, não serem conhecidas ameaças de impacto, as aproximações da super bola de fogo de 2013 em Chelyabinsk e o chamado ' Asteróide de Halloween", de 2015, lembraram-nos de que temos de permanecer atentos e manter os olhos postos no céu".

Detectado poucas semanas antes de ter passado ao largo da Terra, no dia 31 de Outubro do ano passado, de acordo com a NASA, o "Asteróide de Halloween", com os seus quase 400 metros de diâmetro, foi o maior objecto a voar perto do planeta e o que mais se aproximou desde que há registos históricos.

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Um outro com quase 800 metros de diâmetro deverá passar pela Terra, mais ou menos à distância da Lua, em 2027. Em comparação, o asteróide que se crê ter sido responsável pela extinção dos dinossauros teria cerca de 10 quilómetros de diâmetro e ao explodir terá libertado energia equivalente a vários milhões mais que uma bomba atómica, assegura a NASA.

Travar este tipo de colisão cósmica pode parecer impossível. Mas os especialistas acreditam que pode ser mais simples do que a problemática intervenção levada a cabo por Bruce Willis no filme-catástrofe de 1998 "Armageddon", em que os astronautas rebentam com um asteróide do tamanho do Texas com uma bomba nuclear.

"A probabilidade de termos uma ameaça de impacto de asteróide repentinamente, num dia qualquer, é muito muito pequena. Mas é um facto que asteróides podem e vão atingir a Terra", diz Bruce Betts, director do departamento de Ciência e Tecnologia da Planetary Society. "O que torna a situação diferente de qualquer outro desastre natural em larga escala é que podemos preveni-lo".

Em vez de usarmos uma bomba nuclear - uma solução de último recurso, que poderia fragmentar o asteróide em milhares de meteoritos mais pequenos - Betts explica que os cientistas prefeririam "atacar" o asteróide com tralha espacial até que desviasse a sua rota de colisão.

Os Estados Unidos e a Rússia já têm a capacidade de construir defesas conjuntas contra asteróides. "Os dois países trabalharam já em conjunto", garante o historiador da Universidade do Texas, Jonathan Coopersmith, especialista em exploração espacial. "Temos a Estação Espacial Internacional como prova do que é possível fazer".

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O problema, dizem os especialistas à cautela, é saber se os cientistas conseguem detectar o asteróide a tempo. A humanidade pode deter praticamente qualquer asteróide, se o detectar uma década antes, dizem.

A Fundação B612, entidade sem fins lucrativos, que desde 2002 tem vindo a chamar a atenção para os perigos dos asteróides, propôs a construção de um telescópio espacial de infra-vermelhos, de forma a termos a certeza de que asteróides assassinos não surpreendam o planeta. "Estima-se que possa haver um milhão de asteróides com tamanho suficiente para destruir uma grande cidade, no entanto, até agora só conseguimosdetectar cerca de um por cento deles", garante a Fundação.

Mas no ano passado, a NASA, evocando falta de fundos, saltou de um negócio com a Fundação, em que era suposto ajudar a construir o tal telescópio, que custará 450 milhões de dólares.

O Planetary Defense Coordination Office tem um orçamento de cerca de 50 milhões de dólares anuais. Não é o suficiente para lançar o que quer que seja em órbita, dizem os especialistas, mas é o suficiente para financiar cientistas da Agência para desenvolverem trabalho em terra.

A dar-se o caso de um asteróide assassino surgir do nada e a NASA não ter tempo de o desviar ou destruir, esses cientistas teriam uma outra função: ajudar a Agência Federal de Emergência [FEMA na sigla em inglês] a coordenar evacuações e a lidar com as consequências do impacto catastrófico.

Esperemos que a NASA consiga dar um sinal de alarme antes que seja necessária a intervenção da FEMA. "Não temos de ser dinossauros", assegura Betts.

Segue John Dyer no Twitter: @johnjdyerjr