África, gangsta rap e pessoal que fuma erva

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África, gangsta rap e pessoal que fuma erva

O fotógrafo Sergio de Arriola foi do Cairo à Cidade do Cabo em bicicleta e isto é um bocadinho do que encontrou pelo caminho.

Este artigo foi originalmente publicado na VICE Espanha.

Os africanos adoram erva e rap. Esta é uma das conclusões profundas a que cheguei depois de pedalar desde o Cairo até à Cidade do Cabo. Se tivesse pensado nisto antes acho que não ficaria tão surpreendido. É bastante óbvio que gostem de rap. Não consigo imaginar um chavalo do Quénia, ou da Tanzânia a ouvir fados portugueses… ou samba. Claro que não gostam de rap para meninos, nem de tendências que pouco tenham a ver com a rua. Gostam de gangsta rap. O dos disparos, putas e drogas.

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Vestem camisolas da Echo e usam bonés ou gorros de lã, mesmo com temperaturas de 40 graus. Com os gorros de lã não me meto. Aqui, o pessoal (muito pessoal) - até pessoal de 50 anos - anda sem meias em pleno Janeiro. Acho que é menos estúpido suar um bocadinho que ter gangrenas nos tornozelos por querer ser fixe, embora também seja um bocado estúpido, suponho.

É isto. A devoção pelo rap, a cultura gangsta e a marijuana em África.

A erva é outro assunto muito relacionado com a cultura rapper. Todos estes rapazes a fumam. Toda a gente a fuma. E, verdade seja dita, nunca vi material de tão má qualidade e com tão mau aspecto. Surpreende-me que tenha tanto êxito. Bolsas de sementes com algo verde à volta, de cor escura quase negra, com sorte, embaladas em papel de jornal. E bate. Um verdadeiro mistério. Quando te aproximas do Botswana lá começas a ver algo que se parece com a planta em questão. Um verde mais são, alguns cristais e um packaging como o que vemos por cá, em bolsinhas.

As fotografias que aqui podes ver são uma pequena parte do projecto e foram capatadas entre o Egipto e a África do Sul. Também há gente que não fuma erva e que tem uma aparência normal, ou muito normal. Gente que se levanta de manhã, que trabalha todo o dia, que toma conta da família e que à noite vai para a cama outra vez. E, com isto, não estou a dizer que as pessoas que fumam não sejam capazes de desempenhar todas estas tarefas e actividades.

Se para além do rap e da droga te interessas por outras coisas, podes passar por alguma das exposições onde apresento o meu livro. Se, por outro lado, esses são os teus centros de interesse, também estás convidado. 7 de Abril em Amesterdão, 14 em Roterdão e 29 em Barcelona, com os meus amigos da Terranova. Em Madrid estarei a 22 de Setembro na Mondo Galeria, onde ficarei durante um mês.

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