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The Creators Project

As incríveis pinturas abstractas de José Moñu

Simultaneamente repleto de significado e nonsense, o discurso do artista soa como algo que Dalí diria.

El Sastre (2016). Tinta acrílica sobre tela, 116 x 89 cm. Imagens cortesia do artista.

Este artigo foi originalmente publicado na nossa plataforma The Creators Project.

As pinturas do artista espanhol José Moñú podem, a princípio, parecer digitais. Mas nem tudo o que parece é quando tratamos de um artista cujas obras funcionam quase sempre como ilusões de óptica.

Moñu, que vive entre Zaragoza e Berlim, na Alemanha, faz parte de um grupo cujo interesse é a "nova arte figurativa", inspirado mais por grandes mestres do século XX como Pablo Picasso, Francis Bacon e Jean-Michel Basquiat, do que por qualquer tendência mais recente. Apesar da distorção no estilo de Bacon, as pinturas do espanhol surgem com uma estética deformada e misturada, que fazem lembrar as pinturas psicadélicas de Glenn Brown.

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Invisible (2016). Tinta acrílica sobre tela, 195 x 160cm.

"Esta nova arte figurativa lembra-me muito o Expressionismo abstracto, mas os personagens únicos que habitam o meu universo são reconhecidos facilmente e, como dizem os especialistas, de maneira também surpreendente", diz Moñú ao The Creators Project. Recentemente, expôs 15 telas em formato médio e grande na exposição a solo "Invisible", na Galeria Punts, em Barcelona.

"O conceito de 'Invisible' está relacionado com a intoxicação a que estamos expostos nas sociedades desenvolvidas. Este volume esmagador de estímulo e informação cria pensamentos tão rápidos, e até mesmo fugazes, que mostram como a nossa mente é desenvolvida em oposição ao corpo, que está cada vez mais fraco".

"Invisible" é um tributo à habilidade humana de gerar poder mentalmente e a função disso no nosso quotidiano. Neste contexto, Moñú vê como as pessoas desempenham diariamente diversos papéis, da mesma forma em que os actores se tornam personagens.

Sugar Daddy (2016). Tinta acrílica sobre tela, 50 x 40cm.

"'Invisible' mostra o lado romântico da magia", explica Moñú. "A invisibilidade sempre foi um dos maiores e mais surpreendentes poderes mágicos. É a prova de que ainda temos em nós um pouco das crianças que fomos um dia e desejamos mais do que nunca sermos surpreendidos quando nada mais é surpreendente".

Segundo Moñú, o resultado do seu trabalho em "Invisible" e noutras pinturas difere bastante do seu processo criativo. Para o artista, o seu estilo é "nítido, limpo e colorido", o que vai numa direção totalmente oposta ao seu ritmo de trabalho sem muito controlo.

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La Aclaldesa (2016). Tinta acrílica sobre tela, 162 x 130cm.

"Esta é uma luta sem fim, na qual a técnica tenta dominar a inocência", diz Moñú. "Jogo entre a abstração e a figuração intuitiva, numa tentativa de deixar muitas possibilidades abertas à imaginação".

"Nas minhas pinturas podem ser encontradas muitas coisas diversificadas, dependendo, sobretudo, do estado mental do observador", continua. "A ilusão óptica é, na verdade, produzida pela pessoa que vê a pintura. Em algumas das minhas obras, os movimentos claros podem ser percebidos, mas esses movimentos nunca são mais claros que os de uma flor ou de um javali".

Vademecum (2016). Tinta acrílica sobre tela, 162 x 130cm.

Simultaneamente repleto de significado e nonsense, o discurso de Moñú soa como algo que Dalí diria. Com as suas pinturas, Moñú encontrou uma forma de comunicar ao seu público como a mente humana irrompe em todas as direcções, em fluxos quase ininterruptos de informação.