Está a chover que se desunha. Está um calor infernal. É sexta-feira e estás em pulgas para a rambóia e para fritares a molécula logo à noite. Por outro lado, é sexta-feira, estás em pulgas para a rambóia e para fritares a molécula logo à noite, mas não tens guito. Não te apetece ir trabalhar. Não te apetece estudar. Vais é dar uma volta pela cidade. Espera, está a chover. Pronto, vais ver o mar, que está um calor diabólico. Alto, que isto está cheio de turistas e não dá para ir a lado nenhum. Nunca mais chega a Primavera! Primavera é que não, que é só alergias.
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Um gajo nunca está contente. Se não é do cu é das calças. O que vale é que, como toda a gente sabe, há canções que salvam vidas (os Smiths cravaram-no a letras de ouro no cancioneiro pop para toda a eternidade). Semanalmente, e para que a tua vida ganhe um novo sentido e encontres a salvação possível, deixamos por aqui um desses bocadinhos de lírica e melodia (ou ruído e grunhidos selvagens, conforme a disposição) que têm a capacidade de, em pouco mais de três minutos, te salvarem. Se não a vida, pelo menos o dia.Graças a Nosso Senhor Jesus Cristo, rei da Polónia, por ainda existir gente como o Kaló (Tédio Boys, WrayGunn, Bunnyranch e Parkinsons), o Samuel Silva (The Jack Shits, Los Saguaros, Sonic Reverends) e o Sérgio Cardoso (É Mas Foice, WrayGunn). Gajos que só de olhares para eles consegues ver rock n' roll a latejar nas veias da testa. Rapaziada que não precisa de artifícios, de invenções, de "ir mais além", de procurar o próximo som-que-vai-rebentar-no-verão-que-vem, ou de "inovar a cada novo projecto".Isto é rock de ginga na anca, a explodir de blues, soul, garage, suor e pistas de dança de bares fumarentos, com jukeboxes a debitarem malhas infinitas. Os The Twist Connection, não precisam de nenhuma apresentação a não ser esta: é a nova banda do Kaló, do Samuel Silva e do Sérgio Cardoso. Mais nada.Três gajos que já salvaram muitas vidas (incluindo as deles, aposto) e que nunca perderam o rumo às canções. As raízes estão todas na América da beira da estrada, na viagem, na experiência da estrada sem destino, com uma alma gigante que não se apoquenta pelos fantasmas do passado. Antes, alimenta-se deles. Foi isso que a banda de Coimbra fez no disco de estreia, Stranded Downtown, que vê a luz do dia a 28 de Novembro.Um álbum de estórias (e de choques eléctricos contínuos) que contam a história desta gente que, há (bem) mais de duas décadas, entregou a alma ao Diabo com o único intuito de, a cada nova aventura, cada nova canção, cada nova subida a um palco, buscar a salvação. De quê? Da falta de impulso carnal, da ausência de calor humano, da pouca vontade de encarnar Elvis e Travolta juntos num mesmo corpo e, só com um movimento de perna, mandar a casa abaixo, o bairro, a cidade, o País, o Mundo. Amén!