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Sexo

​Confissões de gente que se masturba no trabalho

Aparentemente, a maior parte das pessoas que se masturbam no trabalho não vêem esta actividade como uma coisa assim tão estranha.
Imagem via Flickr, utilizador simpleinsomnia.

Este artigo foi originalmente publicado na VICE USA.

Em Nova Iorque existe uma cabine pública de masturbação. Chama-se GuyFi e alberga um portátil e uma mesa, escondidos atrás de uma cortina. Foi instalada por uma empresa de brinquedos sexuais como uma ideia publicitária e é, aliás, o tipo de coisa que uma empresa de brinquedos sexuais acabaria eventualmente por fazer. Mas, o que mais me fascinou foi o facto de que, nos comunicados de imprensa sobre a falsa cabine de masturbação, a empresa tenha afirmado que 40 por cento dos homens de Nova Iorque se masturbam no trabalho.

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O número deixou-me perplexo. Até àquele preciso momento, nunca me tinha ocorrido que a malta batia umas durante o horário de trabalho e tão pouco me tinha lembrado de fazê-lo. Chamem-me cauteloso, mas jamais pensei no local de trabalho como um sítio onde poderias fazê-lo sem qualquer tipo de consequência.

Assim, e como qualquer jornalista que se preze, pedi à internet que me metesse em contacto com alguém de alto gabarito, que praticasse estas macacadas a solo, no escritório, sem esperar qualquer resposta da outra parte. Estava bem enganado. Em vez disso, 30 ou 40 pessoas voluntariaram-se para me contarem as suas histórias passadas na casa-de-banho dos empregados.

Aparentemente, a maior parte dos que se masturbam no trabalho não vêem esta actividade como uma coisa assim tão estranha. Uma mulher disse-me que encontrou justificação para os seus hábitos de masturbação no escritório depois de ver o corrector da bolsa interpretado por Matthew McCaughnahey, em "O Lobo de Wall Street", afirmar que se masturbava todos os dias depois do almoço.

"Faço-o constantemente", disse-me Josh (nome fictício), que trabalha num escritório. "Sempre o fiz como método de relaxamento e para aliviar o stress, mais ou menos a meio da jornada laboral". E outros fazem eco do sentimento de Josh. Alguém a quem chamaremos Bradley, disse-me que "quando trabalhava das 9 às 5, numa sociedade de advogados, arranjava qualquer desculpa para me escapulir para a casa de banho e fazer uma pausa de 15 minutos. Masturbar-me era uma forma fantástica de passar esses 15 minutos e, às vezes, era mesmo o ponto alto do dia".

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Um gajo, a quem chamaremos Charles, contou-me que se masturbava na casa-de-banho da empresa onde trabalhava com contrato temporal para aligeirar o aborrecimento. "Acabava [o trabalho] horas antes do que era suposto, pelo que tinha de aguentar por ali até que me arranjassem outra tarefa para fazer. Via-o como uma espécie de descanso para almoço, ou para fumar".

Os motivos pelos quais as pessoas se masturbam nos seus postos de trabalho, vão desde o prático - como uma cura desesperada para a ressaca, um alívio para o stress, ou uma forma de escapar à rotina -, ao erótico, já que algumas disseram-me que ficavam excitadas com a possibilidade de quebrarem o tabu da sexualidade no trabalho.

Para um rapaz a quem chamaremos Edward, ambas as coisas fazem sentido. "Creio que sou mais produtivo depois de me vir, ou pelo menos não me distraio tanto", realça. E acrescenta: "Na verdade, vejo-o também como algo bastante sexual, se calhar porque sempre tive a sensação que as casas de banho dos homens são locais carregados de erotismo. E o medo de ser apanhado também faz aumentar a excitação".

Peter (nome fictício), que com frequência se dedicava a trabalhos manuais durante o expediente numa Body Shop, diz que o medo de ser apanhado fazia com que se convertesse numa espécie de Bear Grylls, protagonista de "The Last Survivor". "A meio da acção, os sentidos agudizam-se. Podes ouvir com tanta clareza que sabes quando uma porta se está a abrir. A tua visão torna-se mais clara. Quanto mais excitado estás, mais alerta ficas".

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Muita gente acha que esta actividade deveria deixar de ser estigmatizada. "Não acredito que bateres uma seja melhor ou pior que 'mandar um fax'", explica-me um jovem, a quem chamaremos Tony, que sempre se masturbou nos inúmeros empregos que teve durante a Universidade. "Até se pode dizer que é melhor, porque não cheira". Tony explica-me que costumava masturbar-se enquanto ocupava o posto de marcador de pontos num jogo de softball, enquanto deveria estar a vigiar uma pista de gelo ao ar livre, ou enquanto trabalhava por turnos num restaurante da cadeia Taco Bell.

"Tenho a certeza que os adolescentes o fazem nos seus empregos em part time constantemente", garante um indíviduo a quem chamaremos John. "E, acima de tudo, estou seguro disso porque eu próprio o fiz". John trabalhou como ajudante de empregado de mesa num clube náutico e envolvia-se naquilo, que ele mesmo define como, "três a cinco minutos de intensa masturbação deliberada" enquanto ia buscar guardanapos ao armazém. "Não é que estivesse a tentar sabotar a comida de alguém", assegura, "mas, agora que penso nisso, não tenho a certeza se lavava as mãos a seguir".

Já uma mulher, a quem chamaremos Jenny, e que se masturbava no escritório "como um acto de rebeldia", adverte-me que, aqueles que o fazem para conseguirem aguentar o dia em silêncio, ou para aliviar o aborrecimento, se calhar deveriam pensar duas vezes antes de se envolverem num combate "mão vs glande" no trabalho. "Não por uma questão de ética, nem para se comportarem como é suposto. Nada disso", esclarece, "a masturbação não é uma coisa que devas querer fazer à pressa num local onde odeias ir todos os dias".

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Timothy Faust, colaborador da VICE e director de um ginásio independente de luta livre em Austin, Texas, ouviu dizer que eu ia escrever sobre masturbação no local de trabalho e enviou-me um email para me dizer que tal acto poderia "sexualizar um espaço partilhado, de uma forma que os outros poderiam não apreciar". Explica-me que "manuseá-la no local de trabalho quebra um contrato social tácito: a casa de banho é toda tua para estares um bocado sozinho. Nesta era de espaços de trabalho abertos, a casa de banho é o único sítio efectivamente privado. É um local muito importante".

Se calhar, a masturbação no trabalho deveria ser vista menos como um tabu e mais como uma actividade benéfica que as pessoas levam a cabo de quando em vez. "Não sei ao certo se o ouvi de um apresentador da MSNBC, ou se estou a citar Jack Bauer na última temporada de '24', em resposta à questão de se deveria permitir-se que os agentes da CIA recorressem à tortura para proteger o país", diz-me um gajo a quem chamaremos Mark, "mas farei o que for necessário para conseguir chegar ao fim da minha jornada laboral sem enlouquecer".


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