Estará mesmo o tráfico de drogas a financiar o terrorismo?

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Estará mesmo o tráfico de drogas a financiar o terrorismo?

A narrativa fabricada do narcoterrorismo promete ser outro tiro no pé na luta contra os grupos terroristas e parece ser apenas uma cortina de fumo para esconder acções levadas a cabo por autoridades governamentais.
Max Daly
London, GB

Um polícia iraniano junto a drogas apreendidas, nas instalações de uma esquadra em Taibad, na fronteira com o Afeganistão. Foto por Vahid Salemi / AP / Press Association Images

Este artigo foi originalmente publicado na VICE UK.

Aqui vai um desafio. Como é que podemos transformar violentos extremistas religiosos em gangsters amorais e, ao mesmo tempo, fazermos com que simples consumidores de drogas pareçam financiadores do terrorismo?

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É simples. Basta transformar todos os militantes islâmicos em "narcoterroristas" financiados pelo tráfico. Abracadabra! Já está! Um míssil de desinformação a atingir um jihadista armado e qualquer um que compra ou vende drogas. Uma óptima história para fazer os leitores entornarem o café em cima do pão com manteiga, ao pequeno-almoço, enquanto lêem o jornal.

E é fácil perceber porquê. Não digas que não te sentes tentado a clicar nos seguintes títulos:

"JIHADISTAS ESTÃO A INUNDAR O REINO UNIDO COM ERVA"

"ISIS GERA MAIS DE $1 BILIÃO ANUALMENTE ATRAVÉS DO TRÁFICO DE HEROÍNA AFEGÃ"

"NOVO RISCO NA FRONTEIRA: ISIS TERIA LIGAÇÃO COM CARTÉIS MEXICANOS"

"MAIS DE METADE DA HEROÍNA NA EUROPA VEM AGORA DO EI"

Em 2014, o porta-voz da norte-americana DEA (Drug Enforcement Administration) Rusty Payne comentou este suposto casamento perverso entre terroristas e traficantes: "Globalmente, o tráfico de drogas não é apenas uma questão criminal, uma questão de saúde e segurança, é uma questão de segurança nacional. O vício e o abuso de drogas no Mundo financiam e abastecem [exércitos] insurgentes. A maioria dos regimes terroristas do Mundo são financiados através da produção de drogas, ou com as taxas impostas nas rotas de tráfico. A ameaça é real".

Mas, na verdade, o que se passa é o seguinte: a ameaça não é assim tão real. Segundo Vanda Felbab-Brown, especialista internacional em conflito e crime organizado, esta é uma narrativa baseada em meias verdades que, em alguns casos, funciona para encobrir o envolvimento de autoridades governamentais no tráfico de drogas.

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"Muitas dessas ligações são bastante exageradas e baseadas em evidências extraordinariamente fracas", diz Felbab-Brown, membro sénior do Center for 21st Century Security and Intelligence, em Washington, nos Estados Unidos, um dos think tanks mais respeitados e antigos do país. A narrativa do "narcoterrorismo", segundo ela, é baseada "em muitos dramas e mitos".

LÊ: "A VIAGEM DA COCA, DOS CAMPOS AOS NARIZES DE TODA A GENTE"

Por exemplo, muitas das histórias que retratam o auto-proclamado Estado Islâmico como peça-chave do fornecimento global de heroína são propaganda patrocinada pelo governo russo. A história é repetida por oficiais e meios de comunicação russos, porque faz com que os EUA e Inglaterra fiquem mal na fotografia.

De acordo com a história que é contada, o fracasso da Coligação na repressão do cultivo de papoila no Afeganistão depois da invasão em 2001, originou grandes colheitas de ópio, que não só enchem os cofres do EI, mas também criam o que os políticos americanos e britânicos secretamente queriam: milhões de russos viciados em heroína. Claro que isto já se demonstrou ser conversa fiada - as rotas de tráfico de heroína passam por território russo há muito mais tempo -, mas se os jornais dispensam tinta à história, as pessoas começam a acreditar.

A realidade é que o auto-proclamado Estado Islâmico - actualmente a maior ameaça terrorista global - terá pouco envolvimento no tráfico de heroína, cocaína e cannabis a nível global. Os grupos terroristas islâmicos são muitas coisas terríveis, mas estão longe de serem um bando de Pablos Escobar barbudos com alcance internacional.

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"O EI, a Al-Qaeda e os Talibã não são narcoterroristas. São terroristas que, simplesmente, taxam tudo nas áreas que controlam. É algo muito localizado", diz Felbab-Brown. A especialista estima que as drogas sejam uma das "menores fontes de rendimento" do EI. Segundo um relatório revelado no início de 2016 sobre as finanças do EI, pela analista norte-americana IHS, 50 por cento dos rendimentos do grupo - estimados em 56 milhões de dólares por mês - vêm de taxas e confiscos e 43 por cento vêm do petróleo. Os sete por cento restantes provêm de várias fontes, incluindo a venda de energia eléctrica, doações e drogas. O dinheiro que o EI realmente recebe do tráfico chega indirectamente, como parte do sistema de taxas de todos os bens e serviços, como alimentos, transporte, combustível e matéria-prima que circulam e são vendidos em territórios sob o seu controlo.

LÊ: "O TRIGO É UMA ARMA DE GUERRA NA SÍRIA"

Muitas vezes, a ligação entre terrorismo global e tráfico de drogas mostra ser apenas uma cortina de fumo, que encobre o envolvimento dos governos. "Há tantas ligações de governos com o tráfico de drogas, como com o terrorismo", diz Felbab-Brown. "É mais fácil culpar terroristas do que a corrupção institucional. Lembre-se, que a melhor forma de traficar drogas é trabalhar para as autoridades antinarcóticos".

De instituições inteiras a indivíduos corruptos, figuras dos governos do noroeste de África - no Mali, Guiné-Bissau, Libéria, Nigéria e Serra Leoa - têm ligação com o tráfico de cocaína e a produção de metanfetamina. Portanto, não é surpresa que as autoridades desses países estejam particularmente propensas a espalhar desinformação sobre o papel do terrorismo islâmico no tráfico. É um jogo antigo: autoridades também já foram apanhadas mergulhadas até ao pescoço no tráfico em países como Afeganistão, Paquistão, Myanmar, Turquia, China, Itália e Peru.

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Felbab-Brown aponta que, sem surpresa, a maioria dos traficantes veja o ISIS como um parceiro perigoso de negócios, não só pela capacidade de violência extrema do Estado Islâmico, mas porque eles atraem a máxima atenção das autoridades e da inteligência militar. E o EI não está combinado com os cartéis mexicanos, como disse o senador republicano do Arkansas Tom Cotton em 2014. A história assustadora era baseada em paranóias de um analista de defesa desacreditado.

O terrorismo de hoje raramente se envolve com o tráfico fora da sua área de controlo. Mas isso não significa que o EI, a Al-Qaeda e os Talibãs não lucrem com o tráfico. Isso acontece, mas em graus diferentes.

Os Talibãs - responsáveis por uma longa lista de atrocidades, incluindo o assassinato de 148 crianças numa escola militar no noroeste do Paquistão em 2014 - têm o relacionamento mais próximo com dinheiro do tráfico. Como muitos dos grandes players no Afeganistão, como o governo e as forças da Coligação, os Talibãs perceberam em 1995 que, se quisessem que a população ficasse do seu lado, não tinham outra escolha a não ser deixarem os agricultores continuarem a plantar ópio.

"Desde então, os Talibãs têm patrocinado e taxado o cultivo de papoila e o tráfico dentro do Afeganistão", diz Felbab-Brown. "O ópio é a linha de vida económica do Afeganistão. A mensagem dos Talibã agora é de que são 'protectores da papoila', defendendo o meio de sobrevivência da nação contra o governo kaffir de Cabul".

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Agricultores afegãos colhem ópio em campos de papoila no Leste de Cabul. Foto por Rahmat Gul / AP Photo

O envolvimento dos Talibãs com o comércio doméstico de ópio continua, apesar da invasão e ocupação do país pela Coligação liderada pelos EUA entre 2001 e 2014. Mas fica restrita às fronteiras afegãs, com o tráfico externo a ser privilégio de autoridades corruptas do Paquistão.

"Os Talibãs estão envolvidos em parte do tráfico de ópio para o Paquistão. Mas esse negócio é dominado por associados dos principais partidos paquistaneses e figuras do exército e do serviço de inteligência do país. E, assim como os políticos afegãos que também lucram com o comércio de papoila, eles lavam esse dinheiro no Dubai e nos Emirados Árabes", diz Felbab-Brown. Ela estima que o cultivo de papoila corresponda a 30 ou 40 por cento dos rendimentos dos Talibãs, que ascendem "dezenas de milhões de dólares por ano", com a maior parte a provir do levantamento de fundos no Golfo e Paquistão.

E a Al-Qaeda, o cérebro por trás do 11 de Setembro, um dos maiores atentados terroristas da história? Felbab-Brown diz que, há uma década, "dados dramatizados" chegaram aos media, ligando o grupo ao tráfico, "com base em evidências duvidosas", mas a história acabou por morrer, porque o grupo levou uma sova dos EUA no Afeganistão e no Paquistão.

Em algumas zonas do Afeganistão, a bandeira branca dos Talibãs foi substituída pela bandeira negra do ISIS. Na Província de Nangarhar, o EI proibiu o cultivo de papoila por razões de pureza religiosa e também para tentar prejudicar as credenciais dos Talibãs. Mas colocar a ideologia à frente do dinheiro tem saído caro ao EI, segundo Felbab-Brown. Não só perderam uma grande renda proveniente do ópio, como a proibição do cultivo de papoila - e o terem obrigado os agricultores a tornarem-se soldados do EI - fez com que a população local se voltasse contra eles.

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Ainda assim, o Estado Islâmico não é um grupo uniforme e, para alguns dos seus combatentes, velhos hábitos são difíceis de largar. No Norte do Afeganistão, a maioria dos soldados do EI são ex-membros do Movimento Islâmico do Uzbequistão, um bando que costumava contrabandear ópio e que, apesar de lutar sob a bandeira do EI, continua a fazer isso mesmo.

No Médio Oriente, o EI parece ter-se esquecido das suas credenciais de pureza. Há rumores de que o ISIS começou a taxar operações de contrabando de haxixe no Líbano e arredores. No entanto, o laço mais forte entre o EI e as drogas está no mercado ilegal da anfetamina Captagon, uma droga que lhes caiu no colo depois da descoberta de uma série de fábricas que produziam os comprimidos na Síria. Há evidências fortes de que o EI, conhecedor do enorme mercado para a droga no Médio Oriente - especialmente na Arábia Saudita e Jordânia - decidiu taxar a sua produção e patrocinar o seu movimento pelas fronteiras da Síria.

Tuesday Reitano, responsável da Iniciativa Global Contra o Crime Organizado Transnacional, diz que o EI tem uma relação conflituosa com o tráfico de drogas no Médio Oriente. "Traficantes apanhados no território do EI costumam ser executados. Ainda assim, o Captagon é produzido na Síria e traficado pela fronteira até à Turquia e Líbano. O que não quer dizer que o EI esteja directamente envolvido na produção ou tráfico: o seu modelo de financiamento até agora tem sido taxar o movimento de bens, tanto lícitos como ilícitos, pelo seu território, exigindo aos próprios traficantes esses pagamentos".

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Reitano diz também que a Líbia se tornou um centro para o tráfico de drogas prescritas e há evidências de que apreensões de grandes remessas de Tramadol na Grécia estavam destinadas ao EI, para serem usadas como medicamento no campo de batalha, além do mercado recreativo.

LEIA: "O DRAMA DA MÃE TUNISINA QUE VIU AS FILHAS ADOLESCENTES ADERIREM AO ISIS"

Segundo Reitano e Felbab-Brown, há depoimentos de refugiados sírios, além de combatentes do EI capturados e mortos, que suportam investigações anteriores de agências de notícias de que o Captagon está a ser usado para abastecer combatentes do EI nos campos de batalha. Mas essas histórias devem ser tratadas com precaução. Várias notícias na imprensa global sugeriam que, no ataque de Novembro de 2015, em Paris, os terroristas teriam injectado Captagon antes de levarem a cabo o massacre, o que se mostrou ser falso. Nenhuma droga foi encontrada no sistema de qualquer um deles e as seringas e tubos plásticos encontrados nos apartamentos dos perpetradores eram equipamento para fazer bombas, não parafernália para injectar drogas, como a comunicação social sugeriu na altura.

Na década passada, a narrativa do narcoterrorismo mudou para o aparecimento de uma rota de cocaína a entrar pela porta dos fundos da Europa, proveniente da Colômbia, com passagem pela África Ocidental e, por terra, através do deserto do Saara até à costa norte de África. Existem alegações de que muito do lucro proveniente desse tráfico estaria a ser apreendido por grupos jihadistas do noroeste da África, como a Al-Qaeda no Magrebe Islâmico (AQMI). Mas quão sólida é essa informação que sugere a primeira ligação entre terroristas islâmicos e cocaína, uma substância amplamente consumida no Ocidente e que, supostamente, faria com que muitos dos que compram um saquinho ao fim-de-semana estivessem, no fundo, a financiar homens-bomba?

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Uma investigação da Fundação Kofi Annan sobre os laços entre tráfico de drogas, extremismo e terrorismo na região, descobriu que "os rumores sobre narcoterrorismo no Sahel [na África Subsaariana] não eram verdadeiros". O autor, Wofram Lacher, associado do Instituto Alemão para Assuntos Internacionais e de Segurança, diz: "Muitas das evidências apresentadas como base para essas afirmações podem ser facilmente desmentidas, ou são impossíveis de verificar".

Mais importante, o relatório conclui que os terroristas estão longe de serem os peixes grandes do tráfico de drogas. "Vários outros agentes têm papéis iguais, ou mais importantes no tráfico de drogas, incluindo membros do establishment político e de negócios no norte do Mali, Níger e capitais da região, além de líderes de grupos armados supostamente 'seculares'. Essa ênfase na ligação entre tráfico e terrorismo no Sahel serve apenas para tirar a atenção dos agentes do estado e da corrupção que permite que o crime organizado cresça".

Reitano também diz que tudo isto não passa de um jogo de espelhos: "Já viajei muito pela região do Sahel desde a crise do Mali em 2011 e nunca ouvi nenhuma autoridade, nacional ou internacional, dizer que apreendeu drogas em ligação directa com a Al-Qaeda no Magrebe Islâmico, ou outros grupos terroristas na região".

Ela acredita que as ligações entre drogas e terrorismo na região foram exageradas para privilegiar políticos, em mais de um sentido. "Acho que a ameaça no Sahel foi aumentada porque serve objectivos políticos [daqueles que se opõem ao EI], tanto antes como depois da crise no Mali", garante. E acrescenta: "Na verdade, oficiais do governo no norte do Mali provavelmente vêem mais lucro no tráfico de drogas do que no terrorismo".

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Reitano diz ainda que, mesmo que passem drogas pelo Saara, os carregamentos geralmente são de haxixe barato. Ela salienta que "há um pequeno fluxo de cocaína que entra por países da costa da África Ocidental, como Guiné-Bissau e Guiné, viajando depois através do Saara, mas que caiu significativamente depois de as operações contraterroristas francesas começarem".

Um afegão consome heroína em Cabul. Foto por Rahmat Gul / AP / Press Association Images.

Em vez de insistir em acusações inflamadas de narcoterrorismo na região, Reitano diz que "a nova tendência a observar neste âmbito é a evidência crescente de produção de metanfetamina. Laboratórios e superlaboratórios já foram encontrados no Gana e Nigéria e os padrões de apreensões sugerem que a droga também pode estar a ser produzida no Mali e pouco se sabe sobre o grupo que está a controlar isto".

Podem ser terroristas, podem ser pessoas a operarem com conivência das autoridades. Segundo Virginia Comolli, analista sénior do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, as evidências provenientes da Nigéria mostram que os terroristas não têm mais hipóteses de estarem envolvidos com o tráfico, que autoridades governamentais, apesar de relatos de observadores regionais de que o Boko Haram seria mais um sindicato do crime que um grupo motivado por ideologia.

"Considerando que as autoridades estão no centro do problema na região e que isso vem de há muito tempo, o tráfico é muito difícil de erradicar", diz Comolli. "Há rumores de ligações entre o Boko Haram e traficantes de cocaína colombiana, mas o grupo não está envolvido profundamente. Eles têm-se envolvido no contrabando local de drogas, mas drogas nunca representaram uma fonte significativa de renda para eles, ao contrário de outras actividades criminosas, como roubo a bancos e extorsão. Jornais nigerianos dizem que membros do Boko Haram foram apanhados com 'drogas pesadas', mas, na verdade, tratava-se de canábis para consumo próprio".

"Alguns sonham que, se o tráfico de drogas acabar, o terrorismo também vai desaparecer"

Talvez a obsessão com terrorismo e tráfico de drogas esteja acorrentada ao passado, a um tempo em que esse relacionamento simbiótico - como os Talibãs no Afeganistão - floresceu. Até ao novo tratado de paz, as FARC na Colômbia eram as principais beneficiadas pelo comércio de cocaína, juntamente com o Sendero Luminoso e os Sandinistas no Peru. E, apesar de negarem, os dois lados do conflito religioso da Irlanda do Norte receberam rendimento do tráfico de drogas.

Em África, Mokhtar "Caolho" Belmokhtar, também conhecido como Mr. Marlboro devido ao seu papel no contrabando de cigarros na região do Sahel, usava o lucro do tráfico de drogas para comprar armamento. No Médio Oriente, a produção e o tráfico de drogas há muito tempo que financia conflitos violentos. O PKK, os Tigres Tâmeis e o Hezbollah já se envolveram com o tráfico. Ocasionalmente, drogas são a moeda usada na encomenda de um ataque terrorista específico: como promotores espanhóis afirmaram ser o caso nos atentados de 2004 em Madrid.

Mas há uma desvantagem em exagerar a narrativa do narcoterrorismo. Quanto mais a verdade sobre grupos como o Estado Islâmico - e como eles operam - é obscurecida por mentiras e exageros, menos hipótese temos de derrotá-los. Quanto mais ênfase é colocado no tráfico de drogas, mais atenção se desvia das suas principais fontes de lucro. Alguns sonham que, se o tráfico de drogas acabar, o terrorismo também vai desaparecer.

Felbab-Brown alerta que isso leva a políticas erradas. "Essas falácias prejudicam o contraterrorismo: é mentira que se interromperes o tráfico de drogas, vais derrotar os terroristas. Não há um único exemplo disso na história - seja no Peru, Colômbia, China, Myanmar, Líbano ou Tailândia - porque grupos terroristas não são financiados por drogas; ou a falácia de que não podemos negociar com grupos terroristas, porque eles são criminosos sem uma agenda política, porque estão envolvidos com drogas".

Essa narrativa enviesada também pode levar o Mundo a outra missão de guerra às drogas, onde indivíduos já demonizados, como consumidores e pequenos traficantes, serão punidos como financiadores do terrorismo islâmico e punidos como inimigos do estado.

Como se combater o terrorismo já não fosse difícil. Como se a guerra às drogas precisasse de mais incentivo. A narrativa fabricada do narcoterrorismo promete ser outro tiro no pé na luta contra esses inimigos tão evasivos, as drogas e o terrorismo.

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