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Crónicas Lxxx - Doenças emocionalmente transmissíveis

Uma doença venérea é sinónimo de uma vida acompanhada e sexualmente activa.

C. albicans via Wikipedia

Nos duches, depois das aulas de Educação Física na Escola Secundária costumávamos, entre outras coisas, olhar para as pilas uns dos outros. Comparávamos tamanhos, larguras, velocidade de erecção, enfim.

Quase 20 anos depois, dou por mim em Lisboa, no bairro da Graça, em casa, e com o pénis do Pedro a um palmo da cara. Nesse dia o Pedro estava preocupado, e perguntou-me se podia mostrar-me a pila, pois tinha encontrado uma mancha. Assim que baixou as calças soube imediatamente o diagnóstico: Candidíase. Há uns tempos atrás tinha tipo o mesmo problema, e para sorte do Pedro, ainda tinha um stock considerável de clotrimazol.

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Fiquei com um pouco de inveja, porque apesar de todos os incómodos e consequências, uma doença venérea é sempre sinónimo de uma vida acompanhada e sexualmente activa, algo que me faltava naqueles dias.

Fui buscar o creme. Disse-lhe para aplicá-lo durante uns tempos, e tirar uma semana de folga do sexo.

O Pedro levantou a voz e disse-me que não podia ser, logo hoje que tinha um encontro marcado com duas raparigas. Apressou-se em ir à casa de banho colocar o creme, na esperança de que um milagre acontecesse, durante as horas que faltavam até ao encontro.

Passado pouco tempo percebeu que havia apenas uma solução. Se realmente não queria desperdiçar a oportunidade de estar com as duas raparigas, teria que usar preservativo e aguentar uma tempestade de comichão e ardor.

Essa noite, enquanto jantava e olhava pela janela da cozinha pensei nas doenças que apanhei ao longo das minhas relações. Para além da candidíase, também curei marcas nas costas, uma cicatriz no joelho, tive dois aneurismas emocionais, problemas de auto-estima e várias escoriações …um longo caminho percorrido desde a minha primeira cicatriz, a andar de triciclo, quando tinha 4 anos.