FYI.

This story is over 5 years old.

cenas

Oh não, o David Carreira comprou o Snoop Dogg

Um featuring para recordar.

Rastafari eye!

Ainda não parei de rir. Aquele “Deivid Careira” do Snoop Dogg, logo no início, foi remédio santo para a minha dor de cabeça. Já era de esperar que esta parceria entre o filho pequeno do Tony e o agora “arreagaezado” Snoop Dogg fosse dar em azeite; o que não se esperava era que fosse dar em azeite pretensamente inspirador. “Sê pacífico assim, como Mahatma Gandhi”, “Acredita em ti, como Mandela e Luther King”, e mais uma quantidade de conselhos cliché, numa canção que acrescenta tanto à música como uma migalha ao estômago de um obeso.

Publicidade

A acompanhar as idiotices da paz, temos também um videoclip repleto das figuras inspiradoras do costume, que incluem não só os Ghandis e os Mandelas como já disse, mas também heróis inevitáveis, como o Bob Marley e o Che Guevara. Claro que o Bono (sempre o mesmo) também teria de lá estar, assim como aquela sample do “I have a dream” que, para dizer a verdade, já não significa nada.

Obrigado aí, "Deivid

".

Por outro lado, custa comprar a ideia de paixão e companheirismo que a canção, supostamente, tenta passar, quando percebemos que o único motivo que poderia levar o Snoop Dogg a juntar-se ao miúdo seria sempre o dinheiro do pai, e nunca a transmissão de boas vibes. Aquele abraço que nos mostram no vídeo só acontece porque seria demasiado feio e verdadeiro se, ao invés disso, estivessem os dois a assinar um contrato. Aliás, dá bem para ver quem está contente e quem se está a cagar com aquela intimidade forçada.

No fim de contas, este “A Força Está em Nós” é um cagalhão que qualquer um de nós consegue identificar, logo à primeira audição. No entanto, não nos podemos esquecer de que o Deivid e o Snoop estão a fazê-lo “for the kids”; portanto o público-alvo está definido: miúdos parolos e de outras faixas etárias que nunca deixaram de o ser. De certeza que quem ouve Biebers e One Directions não há-de deixar de gostar de lixo só por ser nacional. Por isso, malta, vamos preparar-nos para o que aí vem. Acredito que ainda vamos ouvir muitas pitas e não só (devo assumir que já dei por mim a brincar com as rimas fáceis — Ali, “ti”, Ghandi), a cantarolarem o refrão, enquanto se gabam de adorar reggae. Peace.

Montagem por Wandson Lisboa