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Dez conselhos para o Fantasporto

O Rivoli faz um intervalo nos musicais para meter susto.

Começou ontem o festival de cinema fantástico do Porto, uma instituição local que permite que, durante duas semanas, uma pessoa se desloque ao Rivoli para ver filmes que de outra maneira só poderiam ser vistos através de torrents manhosos. A secção competitiva é inteiramente composta por ante-estreias de filmes que nunca irão estrear por cá, por isso aproveitem. Apesar das primeiras ameaças de que em 2013, por não haver “nada de interessante este ano” no cinema asiático, não haveria Orient Express, a secção vai mesmo continuar, contando até com os novos de Takashi Miike e de Kim Ki-Duk. Haverá também uma retrospectiva com o tema um pouco vago de “estrelas do cinema francês” e programação especial dedicada à literatura. Deixo-vos aqui dicas de cinco coisas a ver e cinco coisas a não fazer no Fantas 2013. COMPRAR BILHETES
Toda a gente vos vai aconselhar a comprar os bilhetes antecipadamente, já que o normal é esgotarem algumas horas antes da sessão. Esqueçam isso, muita da piada do festival está em tentar ver um filme sueco em que duas adolescentes se perdem na floresta e conseguir apenas bilhete para uma produção galega onde um assassino em série colecciona dentes molares de reformados. ACE ATTORNEY, TAKASHI MIIKE (4 DE MARÇO)
O mestre da hiper-violência, agora num registo mais anti-séptico e teatral. Adaptação de um videojogo passado inteiramente num tribunal. Só pode correr bem. Eu vou, a menos que já não haja bilhetes e acabe a ver a tal produção galega. NÃO FORÇAR O RISO NAS CENAS DE VIOLÊNCIA
Se forem ver um filme com gore vai SEMPRE haver pessoas a rirem-se desalmadamente nas cenas mais chocantes. Raramente é sincero, a maior parte das vezes é um pós-adolescente que quer dar uma de durão não só à infeliz que o acompanha como ao resto do Rivoli. Não sejam esse gajo. VANISHING WAVES, KRISTINA BUOZYTE (6 DE MARÇO)
Um daqueles delírios visuais que vão depender muito da boa fé de quem vê. Correndo bem, é não perder. PRESTAR ATENÇÃO À PRIMEIRA SEMANA
O festival vai ganhar destaque mediático a partir da abertura oficial, no dia 1 de Março, começando a partir daí a enchente de audiência casual. Mas até lá ainda há uma semana inteira de programação, com ante-estreias no grande auditório e curtas agrupadas por nacionalidade no pequeno auditório. Quando estiverem a ler isto provavelmente já perderam um dos pontos altos do festival: La Planète Sauvage com banda sonora interpretada ao vivo. Azar, tivessem prestado atenção. CHÁ FORTE COM LIMÃO, ANTÓNIO DE MACEDO (7 DE MARÇO)
Outra componente maravilhoso do Fantas: a procura do reduzido arquivo de produções do fantástico em Portugal. Homenagem ao realizador durante a sessão. Viva! AGUENTAR
Duas semanas de cinema é dose. Ainda por cima estamos na altura em que um tímido sol de inverno começa a tornar esplanadas apetecíveis. Fica difícil reunir motivação para gatinhar até uma sala escura para ver a quinquagésima cena de decapitação. Mas aproveitem, trata-se de uma selecção de filmes que (muito raramente) se tornam objectos de culto ou então desaparecem da memória colectiva. Se não os vêm agora, provavelmente não vão ter outra oportunidade. TENTH DAY, VASSILIS MAZOMENOS (6 DE MARÇO)
Drama grego sobre as vítimas da crise económica e a emigração. Mais sincronizado com o nosso tempo era difícil. MAIS DINHEIRO
A sessão de abertura é sempre igual: o Fantas é óptimo, mas precisa de mais guito. Voam queixas sobre subsídios e acusações à autarquia (estamos em ano de eleições e tudo) — esse ritual faz tão parte da magia particular do festival como a publicidade irritante pré-sessões. Não percam. CODEPENDENT LESBIAN SPACE ALIEN SEEKS THE SAME, MADELEINE OLNEK (3 DE MARÇO)
Precisamente o género de filme que não podem perder no Fantas. Se só o título não chega para vos convencer não sei que vos diga.