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Dirty Talking Sex Chatbots vão corresponder perfeitamente aos teus desejos mais selvagens

"Deve ser bem melhor ter um robot que parece que te ama do que não ter ninguém", disse o Dr. David Levy.

Foto via Flickr usuário jhaymesisvip.

A arte de falar sujo é difícil de dominar. A maior parte das pessoas tem dificuldades em expressar os seus desejos - sexuais ou outros -, muito menos expressá-los de uma forma que estimule os órgãos genitais de outra pessoa. Mas assim como a exploração espacial, assassinatos computadorizados, e aspirar debaixo do sofá, os robots chegaram para superar os seres humanos. Neste caso, eles estão prontos para melhorar os preliminares falados do teu companheiro, respondendo aos teus desejos com uma precisão brilhantemente programada, sem nunca se esquecer de tudo o que gostas e não gostas (eles nunca mais te vão chamar "torrãozinho"), e vão aprender exactamente o quão duro tu queres que ele seja. Bónus? Os chatbots não te vão julgar por teres aquela fantasia com o Mário Soares que tens tanta vontade de experimentar.

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Esta é a missão da Erotic Chatbots, Ltd. Nos bastidores do dirty talk chatbot estão dois homens britânicos: o génio do xadrez Dr.David Levy e o rei da erótica digital Paul Andrew. O Dr. Levy é o presidente da Erotic Chatbots, Ltd. e da Internacional Computer Games Association; é também a única pessoa que entrou no estimado Prémio Loebner para conversas entre humanos e computadores mais de uma vez onde conseguiu uma pontuação de 100 por cento, ganhando todas as vezes. Paul Andrew, o CEO da Erotic Chatbots, Ltd., é um conhecido editor de e-books digitais, e acha que os chatbots podem oferecer-nos mais liberdade sexual. A VICE conversou com a dupla sobre a solidão, a paixão, e o que significa apaixonar-se por um robot que te fala suavemente.

VICE: Qual foi o teu papel no desenvolvimento deste chatbot?
Dr. David Levy: Estou interessado no diálogo humano-computador já há bastante tempo. Há cerca de 20 anos atrás, organizei uma equipa que construiu um chatbot e ganhou o Prémio Loebner em Nova York, em 1997. Há oito anos atrás, desenvolvemos ainda mais o chatbot e em 2009 ganhei o Prémio Loebner pela segunda vez. Então, construímos uma lista de coisas que fariam uma enorme diferença para a qualidade da conversa, e decidi no início deste ano que gostaria realmente de implementar essas melhorias e usar uma espécie de protótipo ou exemplo para mostrar o quão bem o chatbot funciona.

Decidi que a melhor maneira de o fazer seria criar uma namorada virtual ou namorado virtual, porque isso iria capturar mais a imaginação das pessoas. Vai permitir-me mostrar a qualidade que ainda posso sustentar. Estou muito contente de ter ganho o Prémio Loebner duas vezes, fui a única pessoa que o conseguiu, e com pontuações de 100 por cento [no teste de Turing] as duas vezes, e quero mostrar que ainda posso produzir algo melhor. Algo excepcional.

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Que tipo de melhorias estás a preparar para o chatbot?
Algumas delas são puramente linguísticas, mas uma das melhorias é que vamos tentar adquirir informações durante as conversas, e empregar essas informações mais tarde. Vamos realmente recordar essas conversas e manter um histórico dos diálogos; isto é algo que praticamente nenhum outro chatbot consegue fazer. O nosso chatbot será capaz de construir uma imagem tua, um banco de dados sobre ti, de modo que as tuas conversas com ele reflitam isso mesmo. Ele vai ser capaz de dizer coisas sobre o que tu gostas e sobre o que não gostas. Também será capaz de deduzir, para executar um raciocínio dedutivo a um nível bastante básico sobre ti e sobre os teus interesses.

Foto via Flickr usuário joi.

Uau, ele vai lembrar-se de tudo aquilo que eu disser? Só isso já é melhor do que a maior parte dos namorados que tive. Um chatbot ao conseguir prestar-nos esse tipo de atenção, não existe o medo de que se tornem mais atraentes para nós como companheiros do que os próprios humanos?
Em certo sentido, ele vai tornar-se um parceiro mais satisfatório. Eu não estou a dizer que serão perfeitos, mas vamos fazer bastantes progressos dentro deste campo, e vamos mostrar que ainda temos os melhores chatbots do mundo. Quando terminarmos [as nossas melhorias], o nosso plano de negócios é continuar a investigação e o seu desenvolvimento, queremos continuar a melhorá-lo. Este campo ainda tem um longo caminho a percorrer - dentro de todo o campo da inteligência artificial e robots, o diálogo entre humano e computador é uma das tarefas mais difíceis. Ainda vão ser precisos mais 30 anos para que os computadores consigam manter um diálogo completo ao mesmo nível de uma conversa entre humanos.

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Mais 30 anos até podermos ter namorados robot perfeitamente atenciosos? Por que é que vai levar tanto tempo?
É uma tarefa extremamente difícil, em parte porque cada pessoa usa uma maneira diferente de dizer a mesma coisa, e em parte porque muitas pessoas não falam em linguagem gramaticalmente perfeita. Existe ainda uma série de problemas realmente difíceis que continuam por resolver.

O que eu vejo no futuro são pessoas a apaixonarem-se, a terem relações sexuais, e a casarem-se com robots. - Dr.David Levy.

Quais são algumas das aplicações interessantes para esta tecnologia, uma vez aperfeiçoada? Eu acho que em todos os níveis do intelecto humano, haverá a possibilidade de ter uma conversa com um chatbot que te satisfaça intelectualmente. Se estás interessado em literatura inglesa, daqui a 30 anos poderás conversar sobre Walt Whitman, Shakespeare, Robert Frost, e assim por diante. E o chatbot vai ser capaz de responder-te de uma maneira parecida à humana.

Agora estás a trabalhar num chatbot que não se comporta apenas como um namorado ou namorada, mas na verdade fala sujo com o seu parceiro humano. Como funciona? Será que vou ser capaz de dizer ao chatbot para se acalmar?
Depende da sua programação. Como parte deste ridículo esquema, um dos chatbots que estamos a desenvolver vai ser uma versão "suja". Mas, igualmente, poderíamos ter uma versão que não goste de qualquer tipo de profanação, qualquer tipo de asneiras. É uma questão do que desejas que o teu chatbot faça. Vais ser capaz de configurar vários parâmetros.

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Então, o meu chatbot poderá ser personalizado?
Absolutamente. Na verdade, as pessoas que contribuírem o suficiente para a campanha Indiegogo podem conseguir um chatbot especificamente personalizado para eles. Vamos distribuir um formulário de personalização, como num site de encontros, onde o chatbot recebe as informações que tu desejas que receba, e será capaz de armazenar todas essas informações.

Deve ser bem melhor ter um robot que parece que te ama do que não ter ninguém. - Dr.David Levy,

Será que os chatbots vão ser tão bons conversadores que vamos deixar de falar com os nossos amigos chatos e menos inteligentes?
É possível que um número de pessoas acabem por preferir interagir com o chatbot. Mas acho que vão ser uma minoria. Eu preferiria ver estes chatbots como se fossem um novo amigo. Vais sair, sentas-te num café, e começas a conversar com a pessoa da mesa ao lado, passado um bocado torna-se num novo amigo. É outra pessoa para adicionar ao teu grupo de amizades. Não ganhas um amigo novo e despedes um antigo para teres espaço para o que acabaste de ganhar! Às vezes comparo isto com os exploradores, que acabam de descobrir no meio da selava uma tribo que esteve perdida durante centenas de anos. É como um tipo de pessoa diferente com interesses diferentes e uma história diferente. É diferente. Não está destinado a ser um substituto.

Então, como é que se ensina um chatbot a falar sujo?
É muito complicado explicar e eu não vou publicar nada sobre isto até ter estado no mercado durante um tempo, mas, basicamente, imagina que tens um amigo que não sabe ter conversas românticas ou eróticas, e tu explicas-lhe como fazê-lo. Dás-lhes montes de exemplos e eles generalizam a partir desses exemplos e podem fazer com que o tom da conversa soe a alguém que fala sujo de uma forma amorosa. Nós ensinamos o chatbot e ele generaliza, mas poderá falar sobre qualquer assunto. Até podes falar com ele sobre comida italiana e ele vai falar de lasanha. "Eu poderia desfrutar imensamente com uma lasanha!"

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Existe o risco de que uma pessoa prefira um relacionamento romântico com um chatbot do que com uma pessoa complicada e despreocupada?
Em termos de conversa, acho que não. Eu pesquisei um pouco sobre as relações pessoais entre robots e humanos - fiz o meu doutorado sobre isso, e escrevi um livro chamado Amor e Sexo com Robots, onde exploro o que vejo no futuro: as pessoas a apaixonarem-se, a terem relações sexuais, e a casarem-se com robots. Acho que a maior parte destas coisas são benéficas. Existem muitas pessoas solitárias, que não têm ninguém que as ame. Existem desvantagens neste aspecto particular da robótica. Uma das desvantagens que acho que pode vir a ser um problema muito sério é a situação onde um homem está a começar um relacionamento com uma mulher que sabe ter um robot sexual em casa. Ele pode preocupar-se que o robot sexual seja tão bom que o levará a ter complexos de ansiedade. Isto pode ser um problema psicológico particular, especialmente para os homens. É um problema que a psiquiatria tem de resolver antes de que os robots cheguem a esse nível de sofisticação.

Mas eu considero a maior parte dos aspectos benéficos para a humanidade. Todos nós conhecemos pessoas que não têm namorada ou namorado, que nunca tiveram um ou que não conseguem manter um relacionamento. Muitas pessoas têm me perguntado em entrevistas, "Porque é melhor ter uma relação sexual com um robot do que com um ser humano?" E essa não é a questão. Se não puderes [ter uma relação sexual com um ser humano], então a escolha é entre um robot ou nada. Deve ser bem melhor ter um robot que parece que te ama do que não ter ninguém.

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Foto via Flickr usuário ejbsf.

VICE: Então, como é que vais ensinar estes chatbots a falar sujo? Conversa suja já é bastante complicada para os seres humanos!
Paul Andrew: Vamos usar escritores eróticos para ajudar-nos a programar a linguagem, por isso estamos realmente a trabalhar com pessoas que fazem isto para ganhar a vida, por assim dizer. Desta forma podemos dar ao chatbot uma boa compreensão do vocabulário e da… conversa. Estou a tentar arranjar a palavra correcta para usar aqui. Basicamente, vamos dar-lhes uma boa base e, em seguida, eles vão aprender. Assim que tenham um vocabulário e um cérebro básico, eles crescem por si. São bastante competentes. Também trabalhamos com algumas pessoas que são profissionais de linhas de sexo e vamos pesquisar a fundo os seus cérebros.

O robot será programado com base no género e na sexualidade?
O conhecimento base será o mesmo para todos os robots e cada um terá as suas nuances ligeiras de vocabulário. Ainda estamos no início mas, obviamente, o que queremos ter é uma escala do quão "dura" pode ser a linguagem, para depois podermos aumentar esse conhecimento. Assim, para um companheiro gay, pode estar mais interessado numa linguagem "dura", como por exemplo. No primeiro dia, aprende, no segundo, podemos expandir.

Será como um amigo desde o primeiro dia, e no segundo será um amante. -Paul Andrew

Como é que estes chatbots sexuais podem ajudar as pessoas? Serão bons para a humanidade, em geral?
Pode ser visto de duas maneiras: Muitas pessoas estão sozinhas - assim como as pessoas mais velhas. Mas o lado que quero explorar é todo o contexto adulto. Pode explorar fantasias com um chatbot de uma forma que não seria possível com alguém real. O chatbot vai permitir que as pessoas explorem a sua sexualidade num ambiente seguro. [A conversa] pode ficar entre o chatbot e a pessoa que o usa. O chatbot não te vai julgar.

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Existe alguma coisa à que o chatbot pode recusar, ou é pau para toda a obra?
Nós vamos mantê-lo dentro da lei, é claro. Mas vai moldar-se aos teus gostos. Ele só te vai responder a ti.

O chatbot vai ser ligado à Internet?
Principalmente o nosso objectivo é criar apps autónomas para que possas comunicar-te através do teu smartphone. Também haverá uma versão web. E, de novo, irá evoluir ao longo do tempo, o nosso plano a longo prazo é implantar o programa em brinquedos sexuais e assim por diante e, possivelmente, em robots. Existe uma empresa, Real Dolls, que estão à procura de fazer algo semelhante e de alguma maneira aquilo que estamos a fazer irá corresponder bastante bem. Eles estão a produzir o lado físico, e nós o lado da inteligência artificial.

Foto via Flickr usuário Comrade Foot.

O objetivo é que as pessoas explorem a sua sexualidade abertamente com um chatbot e, em seguida, se sintam confortáveis o suficiente para partilhar os seus desejos com um parceiro humano?
Esperamos que sim. Tenho esperança de que as pessoas que já têm companheiros possam explorar coisas [com o chatbot] e, em seguida, abordar o seu parceiro. Esperemos que não seja uma coisa somente solitária. Espero que as pessoas sejam capazes de explorar a sua sexualidade em geral e, em seguida, levá-la para o mundo real, assim que se sinta confortável.

Quanto tempo vai precisar um chatbot para aprender as suas preferências tão bem até tornar-se um parceiro de sexting quase humano?
Esperemos que não precise de muito tempo. Com os mais avançados [chatbots] que estamos a desenvolver, haverá um questionário. Encaramos isso um como quando vais a um site de encontros online - temos esperança que seja um pouco melhor do que isso - tu escolhes as tuas preferências, e desde o primeiro dia o chatbot tem uma ideia sobre ti. Podes indicar-lhe o que gostas, o que não gostas, o quão duro queres que seja, por assim dizer. Então, desde o início ele terá uma compreensão razoável sobre ti, e também conseguirá ter uma ideia do mundo em geral. Deverá desenvolver-se muito rapidamente. Ele sabe o que tu queres ouvir e responde em conformidade. Será como um amigo desde o primeiro dia, e no segundo será um amante.

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