The Cessation ElegyLava ThiefUm disco de guitarras é normalmente um touro aos meus ouvidos: amedronta-me com a sua força e nunca sei muito bem como agarrá-lo pelos cornos.The Cessation Elegy não é excepção e, até ao momento em que saem as primeiras linhas, este disco de colaboração, entre Bill Horist e Jakob Riis, parece um grandessíssimo boi que preferia não ter de encarar na arena da VICE.Mas é nos desafios que percebemos até onde a corda estica e este era um boi que merecia ser enfrentado. Em primeiro lugar convém explicar o que distingue “um disco de guitarras” de tantos outros que recorrem ao instrumento maior do rock: aquiThe Cessation Elegymerece esse título, porque toda a sua meditação se centra nas acústicas e eléctricas que o experiente e destemido Bill Horist toca como se estivesse a chamar o diabo para depois mandá-lo embora com um enxerto de ruído.Há no disco da Lava Thief uma evidente função de ritual de purificação que soa ainda mais delirante a partir do momento em que Jakob Riis entra em cena com uma frieza e uma noção de caos tipicamente nórdicas. Através de um laptop terrorista e do processamento em tempo real, Jakob Riis torna muito mais dissonante a guitarra de um Bill Horist que também não parece muito preocupado com a forma como algumas desta faixas enxovalharão os ouvidos (“Engines of Exposures Unborn” chega a atingir o nível infernal das infamespower-electronics). É um boi, acho que já tinha dito.
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