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Música

Discos: Daft Punk

Um tributo cansado à cena musical dos anos 70.

Random Access Memories
Columbia
4/10 Muita tinta já tinha corrido sobre Random Access Memories ainda antes de ter sido possível passá-lo pela prova dos fones. Aliás, o quarto álbum de estúdio do duo francês foi alvo de uma das maiores campanhas de marketing da indústria musical dos últimos anos. Promovido como um tributo à cena musical dos anos 70 e 80, o disco acaba por ser isso mesmo, ainda que de forma insossa e cansada. Faz lembrar uma mixtape encomendada por um blogue de roupa vintage ao amigo que até tem bom gosto e que às vezes passa uns discos. Ou a banda sonora do bar da praia, sempre a abarrotar de quarentões, de um sexagenário surfista radicado em Ibiza que abusou dos ácidos por volta de 1979 e que colecciona vinis. Enquanto “The Game of Love”, “Within” e “Doin’ it right” (oh, a ironia) são pura e simplesmente insuportáveis, “Touch” parece um musical de Broadway sobre as peripécias do filho mal-amado de uma empregada de casino viúva e o ex-vocalista alcoólico de uma banda de rock, que a muito custo descobre finalmente o amor e o seu lugar no mundo. Safam-se “Giorgio by Moroder”, que quase me fez ir confirmar se o Herzog não tinha sido convidado como narrador e “Contact”, rock progressivo furioso. O resto do álbum é agradável mas imemorável e cada uma das músicas deixa a sensação de “Já ouvi isto em algum lado, mas melhor”. Random Access Memories tem uma coisa a seu favor, ainda assim: se o mostrares aos pais da tua namorada/o, podes ter a certeza de que vão adorar.