Last LanguageA Giant FernAo contrário de quase tudo na natureza, as estalactites ganham forma de cima para baixo, através de um processo lento e muitas vezes longe de todos os olhares. As estalactites na capa deLast Language, o novo LP da dupla German Army, podem ser só mesmo isso: uma fotografia de formações rochosas, que ninguém estranharia ver numa revista daNational Geographic. Se por acaso preferirmos aprofundar a visão, para lá da capa, então as malditas estalactites dizem-nos quase tudo o que importa sobre uns German Army, que, desde 2011, lançaram muito mais edições do que informações biográficas sobre si próprios. Por agora, sabemos que se tratam de dois californianos com um gosto por música industrial e dub obscuro, e que o seu mais recente álbum,
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Last Language, chega até nós pela mão da cada vez mais interessante A Giant Fern (selo da Póvoa de Vazim com um faro impressionante para o lançamento de óptima música transgressora feita dentro e fora do país).Tudo o resto sobre os German Army pode ser decifrado nas estalactites: a natureza cavernosa da sua música, a progressão lenta de quem foi deixando cair gotas em diferentes editoras até chegar à forma imponente deste LP, ou até mesmo a tendência natural da dupla para seguir para baixo na sua verticalidade. Para baixo, mas para onde exactamente? Diríamos que no sentido de tudo o que torne a canção mais distorcida, repelente, bolorenta e enervante de uma maneira que é característica da música industrial. Mesmo assim,Lost Language demonstra bem como a fórmula dos German Army não se esgota na repetição maquinal de uns quantos ruídos ameaçadores: há por descobrir aqui uma intensa manipulação de sintetizadores que deve muito mais aos Throbbing Gristle (provavelmente uma das principais influência destes rapazes), do que a qualquer merda semelhante a dark-wave, goth-wave ou sei lá. Temos boa escola, temos mistério e temos um disco a pingar ideias como as estalactites pingam água do tecto das cavernas.
