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Música

Discos: Linda Martini

Voltámos ao mesmo problema: "Qual é o teu álbum favorito dos Linda Martini?"

Turbo Lento
Universal
8/10  Deve ser gratificante pertencer aos Linda Martini hoje em dia. Não só pelo prazer em integrar uma belíssima banda de rock, como também pelo gozo de estar numa banda que é reconhecida e aclamada como tal. E, em boa verdade, tudo isto é justo e o mérito daquela que se perfila como uma das mais carismáticas bandas portuguesas da última década é inteiramente merecido. Quando há uns meses atrás surgiu "Ratos", o primeiro single do novo álbum que estaria para chegar, a Internet quase implodiu de partilhas em todo o lado. Afinal de contas, pouco tempo depois essa canção já era entoada pelo público do Alive com o mesmo fervor de músicas como a "Amor Combate" ou a singela frase "Foder é perto de te amar” da "Cem Metros Sereia". Após uma tremenda estreia com Olhos de Mongol e a conquista da prova do segundo álbum (tão cliché que é essa expressão…) com o também estupendo Casa Ocupada de 2010, os Linda Martini poder-se-iam apresentar para o terceiro esforço sem qualquer pressão — um pouco como quando um clube já é campeão à penúltima jornada e se prepara para receber os Beira-Mares da vida no próprio estádio (algo que infelizmente já teima em não acontecer às cores futebolísticas que interessam há alguns anos — saudades 2001/2002). Posto isto, poder-se-ia esperar algo tenrinho, mais do mesmo ou até, num worst case scenario, completamente mau. Coisa que não acontece. Turbo Lento é milhões de fixe. Estão aqui todas as assinaturas que tornaram os Linda Martini uma banda de que qualquer tipo se pode orgulhar de ter em solo nacional: o Hélio Morais a partir lenha na bateria, os riffs frenéticos e aquele need for speed intercalado com as quebras melancólicas recheadas de delay. Descansem os puristas: há aqui canções que se vão tornar clássicos instantâneos e altamente requisitadas nos concertos. "Juárez" tem tanta adrenalina que deve ser capaz de reanimar alguém com uma paragem cardíaca, "Volta", apesar de à primeira vista poder não ser aquele single óbvio, é uma canção óptima para encerrar um disco destes, e que dizer da sample de Chico Buarque em "Febril (Tanto Mar)"? Estamos perante um disco que aposta em continuar o que já foi feito antes, mas sem se deixar cair na repetição fácil. Os Linda Martini conseguiram chegar ao terceiro álbum sem ter nada a provar, e agora consolidam essa forte posição. Teremos sempre os crowd-surfs nos concertos, recheados de garotada e dos respectivos primeiros mosh pits da vida mas aqui não há nada de insípido. As preferências divergem no que à discussão de "qual é o teu álbum favorito dos Linda Martini?" diz respeito, e Turbo Lento promete reacendê-la. Isto continua a ser bastante bom. E ainda bem.