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Música

Discos: Lone

Menos LSD e mais LCD.

Reality Testing

R&S Records

Quando em 2009 a radialista Mary Ann Hoobs edita a segunda compilação "Wild Angels", seria difícil de prever o efeito futuro que surgiria dali. Enquanto guru de novas tendências de fusão electrónica em ressaca do dubstep, ela teve um impacto significativo na ascensão à primeira liga mediática de produtores como Hudson Mohawke, Darkstar ou Nosaj Thing. Ainda que não presente na selecção, Lone viria a ser também outra presença marcante no seu programa da BBC Radio 1. Foi um passado recente, mas ainda assim, um saudoso passado com imensa coisa nova a proliferar. Umas ficaram a meio caminho, outras cortaram a meta e subiram ao pódio como o caso presente.

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Reality Testing

 é elucidativo no modo como o próprio Matt Cutler revive e convida a olhar essa realidade em evolução sob Lone. Para quem um dia penetrou num mar revolto em que a house mais ácida se enrolava lascivamente na espuma de memória (e dos seus delírios) da época platinada da rave, esta chegada à costa traz muito mais que um beat maker com tesão incontrolável em diversas direcções. O groove continua intocável e cheio daquele erotismo natural das cenas da R&S Records, mas o passeio aos astros é agora mais inevitável que nunca — e em alta definição. Menos LSD e mais LCD, a propulsão terra-espaço é certeira e sem turbulências. Se quisermos que cada um desses astros represente jazz, house, hip hop, soul ou IDM, temos então um mapa completo que ainda por cima se dá ao luxo de sugerir novas constelações híbridas (e aqui sim, um sinal claro de que a tal maturidade cool bateu à porta).

A explosão de cores não só é contagiante como usada a preceito, sabendo exactamente onde, como e quando fazer o seu número. Na verdade, esse entendimento de incluir, retirar e gerir cada elemento faz de Lone um cientista de laboratório com janela aberta para um longo jardim. Deixando meios demasiado aparatosos de lado, o toque discreto com que orquestra estas ideias torna

Reality Testing

 um veículo dançável, flipável, procrastinável, pausável. Adapta-se a nós e ao nosso dia-a-dia mundano sem aviso, simplesmente vai estando lá. O balanço? Um disco apetrechado de uma vibe incrível e provavelmente um um pontos altos na electrónica em 2014. Só isso.