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Música

Discos: Metome

Uma entusiasmante figura desse tal funk virado para norte e com fome de futuro.

Objet

Schist

Vivemos num tempo em que a definição de

modern funk

 ou

future funk

pode bater à porta de qualquer disco que tenha um baixo tocado de modo lascivo e uma voz soul altamente distorcida. A atribuição da chancela tornou-se de tal forma gratuita que já nem estranhamos vê-la hoje associada a produtores esclarecidos como Dam-Funk e Moon B, e amanhã a uma qualquer remistura daquela música de Katy Perry que não ficaria desajustada no remake d’

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O Rei Leão

.

Modern funk

 pode ser quase tudo, desde que alguém na internet esteja interessado em provar isso mesmo com um argumento de quatro ou cinco linhas. De modo muito semelhante tudo vale como um símbolo do 25 de Abril para as reportagens da SIC que, nestes últimos dias, associaram a data histórica a designers, padeiros e Suicide Girls. O

modern funk

 está em toda a parte. Basta só mesmo haver vontade. Metemos a tocar um single da diva soul Roberta Flack (pode ser o lindíssimo “The First Time Ever I Saw Your Face”), reduzimos a velocidade de 45 para 33 rotações por minuto, colamos a isso um ritmo sexual e, pronto, acabámos de fazer

modern funk

em casa.

Metome (a avó chama-lhe Takahiro Uhibori) será por enquanto um nome em grande parte desconhecido do mundo ocidental, mas em Osaka, no Japão, são já muitas as pessoas que encontram nele uma entusiasmante figura desse tal

funk

 virado para norte e com fome de futuro. Escutamos o mais recente álbum de Metome,

Objet

, e depressa ficamos com vontade de deixar de lado a matraca do

funk

 para mais atentamente considerarmos todas as outras facetas do disco. Até porque

Objet

 é um fruto estranho e híbrido que só poderia mesmo ter sido importado do país que já nos deu Towa Tei, Pizzicato Five e Cornelius. Metome, no fundo, pretendia fazer deste o seu álbum de r&b carregado de engates nocturnos (à imagem de Weeknd), mas acabou por ceder à sua natureza de cientista louco japonês e complicou tudo com alguma IDM e um piano Rhodes cheio de longos tentáculos (como no hentai). Não se deu mal, acreditem, e

Objet

 funcionará como óptima alternativa para quem entender dar descanso aos discos de Orelha Negra.