DonkeyEdição de autorDonkey, segundo longa duração dos Nobody's Bizness, é um disco enganador. Entramos na primeira faixa "(We're) Evilbound" e deparamo-nos com um êxtase deslide guitar e banjo que nos faz acreditar que afinal Nashville não está assim tão longe quanto isso. De seguida, encontramos uma quase-homenagem a Paul Simon (ou não se chamasse a canção "Mister Simon") com uma melodia orelhuda reminiscente aos seus tempos de duo com Art Garfunkel, e em "Married By Fall" somos presenteados com uma aurajazzy sedutora que nos deixa intrigados sobre as novas direcções que encontraremos na segunda metade do disco. No entanto,Donkeytorna a ludibriar-nos, uma vez que a partir da malha que dá nome ao álbum já conseguimos encontrar um fio condutor até ao seu final que rompe com a diversidade ouvida até então. Nada de grave, até porque provavelmente a instrumental Ridin' Nowhere e a sombria Coldest of Days (esta a encerrar o disco) estarão entre as suas canções mais apetecíveis, mas não nos conseguimos deixar de sentir ligeiramente desapontados perante o rumo que foge à imprevisibilidade da primeira metade.Que isto não sirva de qualquer impedimento, no entanto. O blues — todo ele presente nas dez canções desteburrito—, cantado por Petra Pais e aliado ao bonito jogo de guitarras, mandolins e outros instrumentos de cordas convence facilmente, tornando este um disco de boa e agradável audição. E, para além de "Donkey" ter sido financiado porcrowdfunding, o quarteto juntou-se ainda a uma associação que promove a protecção de burros maltratados, em jeito de agradecimento pelo título do disco. Querem mais charme que isto?
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