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Música

Discos: Norberto Lobo & João Lobo

Canções redobradamente bravas e contemplativas.

Mogul de Jade
Mbari
8/10 Devem ser poucos os guitarristas que nos conseguem situar entre a realidade e a fantasia com a precisão de Norberto Lobo. Depois de uns quantos discos com o seu nome, tornou-se evidente que Norberto está a montar um roteiro de lugares, em que a guitarra faz um retrato mágico de cada um desses. Não sabemos ao certo se aqueles bairros de Lisboa e Tóquio eram assim tão especiais, mas a verdade é que mais pareciam planetas nunca vistos nas cordas de Norberto. Ele que é também um músico maior na absorção e transformação da essência dos espaços. Por sua vez, Mogul de Jade é um corpo estranho na viagem de Norberto Lobo ao colocá-lo de guitarra eléctrica nas mãos (além das habituais acústicas) e lado a lado com João Lobo (que só por coincidência partilha do mesmo sobrenome). A imagem na capa mostra um trono imponente que mais parece pertencer a uma página das Aventuras Fantásticas, o que só reforça a ideia de fantasia este percurso. Por vezes é como se o explorador Norberto se tivesse juntado a um bárbaro ou xamã (João na bateria), porque apenas juntos conseguiriam reunir a força necessária para pisar a escadaria que leva ao Mogul de Jade. Em concordância com isso, o disco é feito de canções redobradamente bravas e contemplativas: ambas aptidões essenciais para avançar e escapar às armadilhas presentes nos livros de aventuras. Não me adianto muito mais sobre Mogul de Jade para não o destruir com palavras. É um dos mais bonitos e francos discos que passaram por aqui ultimamente. Isso é certo.