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Música

Discos: Olololop + Mc しりアス

O disco mais estranho que me caiu nas mãos este ano.

発見

5 B Records

Tenho de começar por admitir que este é o disco mais estranho que me caiu nas mãos este ano (e têm sido alguns, acreditem). Poderia pegar pelo título impronunciável do disco ou então pelo nome do MC que acompanha a banda — essa sim, o único elo verbalmente transmissível a terceiros, mas existe tanta mais esquisitice do que isso. E quando a press realease do dito cujo não nos ajuda à tarefa do "quem é quem" sobra-nos aquele farejo cibernético de quem busca por mais pistas. Por norma, a curiosidade ganha sempre; porém desta vez deixei a magia, por vezes surreal, do Google Translator de parte e entreguei-me ao principal: o deboche sonoro.

Como admirador incondicional de bizarria musical japonesa, fiquei comovido com o grau de insanidade deste tipos. Soam como uma espécie de revista manga alucinada em forma de disco riscado, do ínicio ao fim. Reverbs paranormais, vozes desalinhadas e uma bateria que teima em não seguir o mesmo ritmo por mais de cinco segundos surgem no papel de elementos vagamente definidores de algo que, no entanto, está longe de se definir. É imediato pensarmos que estes Olololop dedicaram muitas e muitas horas do seu tempo a esmifrar a escola do rap e do noise japonês até alcançarem um estado de avaria permanente e sem recuperação possível. De Boredoms a Antipop Consortium, de Afrirampo a EL-P, este disco é daqueles rituais urbanos de sacrífio sci-fi gore que Mike Patton sempre sonhou em ter na sua editora.

De uma forma que só os próprios saberão, evocam um espírito punk hardcore transfigurado e atestado pela curta, mas intensa, duração deste enigmático cd-r. Basicamente, se um dia quiserem chatear algum admirador de feng shui têm aqui um vosso poderoso aliado ao vosso dispor.