​Ficha Tripla: a nutrição do Benfica, a “remix" do Porto e o carvão do Sporting

Fazer das gordas uma realidade paralela, que ofereça ao amante do futebol um livro aberto sobre o que (não se) passa nos relvados nacionais. É esta a missão a que nos entregamos revelando aquilo que os três jornais diários desportivos nos mostram apenas na capa. A semana de 13 a 19 Janeiro, nos títulos e sub-títulos que fizeram as capas de A Bola, O Jogo e Record.

A Bola

Jonas já anda por cá há um par de aninhos mas, talvez por raramente ter de lavar meias e cuecas, nunca tenha reparado no incrível sistema de máquinas de lavar que o Benfica adquiriu como bónus, isto aquando da transferência de Pizzi. Impressionado pelo facto de a roupa sair da máquina sem que dela se consiga espremer uma gota, o artilheiro maior do campeonato não poupou nos elogios: "Dimensão da torcida ultrapassa tudo o que já tinha visto". Jonas que disse também, alguns dias mais tarde, que o novo plano nutricional que Rui Vitória pôs em prática está a dar os seus frutos: "Temos crescido muito nos últimos jogos". Quem disse que não se cresce depois dos vinte?

Na Invicta o treinador mal-amado já se fez à estrada mas, ainda assim, as notícias não param. Diz A Bola que "Lopetegui quer prémios", um pouco como aqueles músicos reformados e barrigudos que vão vivendo à conta dos êxitos de antigamente, que passam, sobretudo, em centros comerciais climatizados durante as épocas festivas. A diferença é que o único êxito de Lopetegui no Porto se resume a uma remix de um tema clássico da estudantada, que causou furor nas pistas de dança como "Lopetegui tem mais encanto na hora da despedida – remixed by DJ Peseiro".

"Eles estão a par de tudo", confessou Téo Gutierrez como um filho que anda na má vida das drogas, do álcool e da depravação com o conhecimento dos pais. Teo que "…voltou a Lisboa e diz estar 'bem feliz'". A praia faz definitivamente milagres. Ao corpinho, ao ego e, sobretudo, à moral.

Record

Como mais vale prevenir do que remediar, Saponjic vai tratando de avisar os dirigentes encarnados de que está disponível para mostrar serviço seja onde for: "Sou forte no jogo aéreo". O mesmo que dizer que, se a coisa não render no futebol o basquetebol também serve. Já do outro lado do Oceano chegam declarações que nos remetem para aquelas alturas em que nos pedem coisas emprestadas, com juras de bem cuidar e proteger, para depois tudo nos ser devolvido cheio de mazelas – isto quando são devolvidas. "Vou entregá-lo ainda melhor", promete o presidente do Rosario Central sobre Cervi, como quem se prepara para espatifar um carro que não é dele.

"Não consegui viajar porque não me sentia bem", declarou Téo Gutierrez antes de pôr nas redes sociais uma foto sua a banhos de mar e sol. Não há pai para o sal marinho, apetece dizer. Já "Jesus quer que os jogadores se habituem à pressão", pelo que nos próximos tempos os treinos na Academia vão dar lugar a caminhadas ao alto da serra mais próxima (e mais alta). No que à justiça diz respeito, soube-se que o "relatório de Luís Ferreira diz que Bruno de Carvalho chamou corruptos aos árbitros". Dessa forma, não tendo sido proferidas expressões envolvendo a mãe de Luís Ferreira, ou uma estranha volumetria na cabeça deste árbitro, é de crer que não haja castigo.

Percebendo que o seu papel é cada vez mais secundário dentro dos relvados, mesmo que defendendo penalidades como quem tira a chupeta a um bebé, Helton já vai tratando da sua vidinha. "Helton herói", anuncia o Record, não sendo de estranhar que o guarda-redes brasileiro apareça nos próximos tempos num ecrã perto de ti. Uma coisa é certa: pior do que o Ben Affleck a fazer de Batman não será certamente. Entretanto, e apesar de ainda nem ter calçado as chuteiras, a contratação de Inverno dos portistas já está debaixo de alçada disciplinar. No quadro preto que serve para desenhar tácticas e o menu do dia, "Suk assina até 2020" para levantar a moral. Provavelmente frases tão motivadoras quanto "o Aboubakar é um azelha", ou "o André Silva não acerta uma". E, numa época que se prevê uma vez mais catastrófica para os guardiões da Invicta, já se vai pensando num negócio paralelo e seguro que traga de volta o sucesso: a pastelaria tradicional. Casillas foi o primeiro a chegar-se à frente e já untou as "Mãos de manteiga".

O Jogo

"Herrera até ao fim", cantou-se esta semana n'O Jogo - e ao ritmo da Paixão dos Heróis do Mar -, apesar de o mexicano não fazer dois jogos bons de seguida e achar que para trás é que é caminho. Para além de jogadores o "FC Porto também procura um artista", a ver se os adeptos se distraem com tantos tiros ao lado de uma SAD que parece andar a speeds e shots de tequila. Por falar em asneiras, "Peseiro é o eleito" para substituir Flopetegui. O que até se compreende: de modo a não provocar uma ruptura desgraçada, optou-se por contratar alguém que no nome tivesse alguma ligação aos nuestros hermanos que por lá ficaram. Pesetas, pesos, peseiro, está tudo ligado.

Para os lados da Luz "Vieira segura Jonas", uma vez que está a pagar por golo e a coisa promete caminhar para a falência se o avançado benfiquista continua a marcar como se não houvesse amanhã. Quanto à "Águia aperta o leão", mostrando que os animais não se medem aos palmos. O Rei da Selva não quis prestar declarações.

Quem tem estado em alta, apesar dos resultados, é o inimitável JJ, que foi escolhido para rosto de diversas campanhas de carácter ambiental. "Jesus contra o ruído", anuncia O Jogo, mas foi o próprio JJ a mostrar que há muito mais a combater do que apenas a poluição sonora. "Já andam a meter carvão contra Slimani", queixou-se o mister JJ a propósito dos níveis incontroláveis de poluição que começam a fazer-se sentir para os lados de Alvalade. Quanto a Gutierrez, depois de ter atrasado o regresso para poder dar uns mergulhos e ganhar uma corzinha, já teve direito a um merecido castigo. Isto porque "Teo só joga depois de dar explicações" aos miúdos da academia, que, entre si, já vão chamando ao colombiano o Rei dos Gazeteiros.