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cinema

Filmes maus que vi: "The Happening" (2008)

Uma espécie de filme-catástrofe, absolutamente sofrível e patético.
Zooey Deschanel em The Happening
"Esta é a minha expressão B. Não me peçam a C". Frame de "The Happening".

Tantas vezes leio opiniões arrasadoras sobre filmes do M. Night Shyamalan que acabo por ter alguma curiosidade em vê-los. Não me lembro de uma única cena de Signs, mas gostei de The Village bem mais do que esperava, daí que Shyamalan ainda tivesse algum crédito para queimar nas nossas contas. Esse crédito esfumaça-se por completo mais ou menos a meio deste The Happening, espécie de filme-catástrofe absolutamente sofrível e patético, que é apenas salvo por umas quantas sequências que conseguem ser hilariantes por via do absurdo.

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Em The Happening, há um vírus (será?) que se espalha por todo o Noroeste dos Estados Unidos e que deixa as pessoas doidas (como um êxito do Iran Costa a tocar em todas as rádios). Shyamalan acha desnecessário sugerir qualquer explicação plausível para isso, porque, de acordo com uma das primeiras cenas, milhares de abelhas podem também desaparecer só porque sim. Mas, aos poucos e por nós próprios, lá vamos entendendo que a fatal desgraça – o tal "acontecimento" de que trata o título – é bem menos medonha do que a direcção de actores do próprio filme.

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Quaisquer dúvidas quanto a isso podem ser desfeitas a cada vez que Zooey Deschanel abre a boca (quando disse "We're not assholes!", foi impossível não me partir a rir) e naquele momento muito especial em que Mark Whalberg fala sobre um xarope de seis dólares que tomou mesmo sem ter tosse (uma verdadeira confissão dramática). Ele é professor de Ciências da Natureza (tipo Riscos), ela foi comer um tiramisu semi-adúltero com o colega de trabalho Joey (que fez muito bem em não aparecer fisicamente).

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Ambos não fazem a menor ideia dos personagens que querem realmente desenvolver. Zooey Deschanel parece mesmo um robot mal programado pelo seu fabricante, um pouco à semelhança de Christopher Lambert no seu pior. Toda esta desorientação agrava-se com cenas ao nível de Sharknado (coitado do homem que é comido vivo pelos tigres) e outros que tais.

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(Elencos que se portam mal acabam em vídeos dos Tool)

Perante tamanha confusão, é o próprio fim do Mundo que tem de desistir no final, porque ninguém em The Happening é suficientemente inteligente para lhe fazer frente. Imaginamos que a culpa de tudo seja do nosso mau comportamento ambiental, que terá irritado algumas relvas e árvores (levando a que se unissem e retaliassem), mas isso já tinha sido tratado, com mais graça e eficácia, no bem diferente The Attack of the Killer Tomatoes. The Happening só não leva a nota mínima, porque ainda rendeu umas poucas gargalhadas (ao contrário de nódoas mais sisudas como Blindness ou The Fountain). É um 2 em 10, portanto.


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