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Μodă

Fomos à Moda Lisboa, e foi um bocadinho aborrecido

No outono de 2015, com vista para o bom tempo de 2016, o "less is more" está aí em força.

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Tendência número um: o "dar nas vistas" fora das passerelles está em decadência. Sabes isso quando o mais "bizarro" que vês é um gajo com ar de Conchita Wurst e cabelo e barba pintados de verde. Aborrecido, óbvio, fraco. A cena de um gajo ir à Moda Lisboa e ver todo "um espectáculo para além do espectáculo", não aconteceu nestes três dias do maior e mais antigo evento dedicado à moda em Portugal. Pelo menos não, no sentido de "freak-chic-show" que habitualmente nos invade os feeds do facebook e instagram a cada temporada.

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Fotografias gentilmente cedidas pelo autor.

Ou foi da chuva, ou o "less is more" está aí em força. Se calhar foi tudo de propósito. E, das celebridades, aos tios e tias anónimos, aos bloggers e aos profissionais da indústria, gente que percebe toda disto e não faz nada por acaso, todos assumiram o tema desta 45º edição,"The Timers", e… desaceleraram.

Desfile de Nuno Gama.

A ideia por detrás do tema é clara e explicada assim por Eduarda Abbondanza, a boss: "celebrar o dia de hoje, aquele curto espaço de tempo que por vezes nos esquecemos de habitar. O hoje, resultado da soma dos tempos passados e cápsula de sonhos futuros, é continuamente negligenciado pela urgência do comércio imediato e pela antecipação das colecções futuras". Poético, mas real. Vive-se a mil e estes gajos da moda então, vivem a três mil. Estão todos rebentados. Percebe-se.

Mas neste Outono de 2015 com vista para o bom tempo de 2016, meteram travões a fundo. Fora e dentro da passerelle. Se calhar por isto mesmo é que, para um gajo como eu que pouco percebe disto, foi óbvio o minimalismo da maioria das colecções apresentadas. Quer as dos consagrados, quer as dos rapazes e raparigas que fizeram parte da secção Sangue Novo, montra de gabarito para quem é "young and reckless" e quer dar o salto para lá das palmadinhas nas costas dos amigos, e das boas notas no Curso de Design.

Desfile de Patrick de Pádua.

E aqui, contrariando a tendência, a colecção mais ousada, mais urbana, mais da rua, mais "sports-meet-fashion" (curtem esta?), levou o prémio principal e Sara Santos, 22 anos, viu consagrada a sua "Teentakeover" com a possibilidade de ir a Milão tirar um Master Level Certificate in The Fashion Area, na conceituada Domus Academy. Outra das designers de sangue novo na guelra premiada, foi Tânia Nicole, que com as suas propostas "Individuality" - muitos kilts, calções e sandálias - inspiradas no movimento britânico dos anos 1920 "Men's Dress Reform Party", irá representar Portugal no festival holandês FashionClash.

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Wasted Rita.

Incentivos aos mais novos e promissores, que isto da moda não é para velhos… Ou se calhar até é, porque depois dos - esses sim - fabulosos, irreverentes e potentes espectáculos, de Nuno Gama, Filipe Faísca e Dino Alves, um gajo que não percebe nada disto como eu, começa a pensar que, afinal, a coisa é à séria. No Gama há uma dimensão teatral épica imbatível, no Faísca uma dimensão plástica e conceptual genial, no Dino, tudo isso misturado e bem feito.

Isso é tudo muito bonito, mas e a roupa perguntam vocês? Eh pá, a roupa era gira, máscula, bastante "wearable" e muito bem feita (asseguram-me), no caso do Nuno, extremamente feminina, chique, transparente e muito bem feita (asseguram-me), no caso do Filipe, carregada de glamour, excentricidade contida e muito bem feita (asseguram-me), no caso do Alves.

Desfile de Nuno Gama.

A Moda Lisboa é, por tudo isto, incontornável, já se vê. Esteja naquele limbo e na dúvida auto-imposta de se abrir mais ao Sangue Novo, à rua e aos New Kids on The Block, para se manter viva e fresca, ou de se resguardar para os grandes, os consagrados e assegurar que a ruptura é suave e fofa. Com mais ou menos excêntricos, com mais ou menos show off the runway, a luta há-de sempre ser esta. Venha a 46ª!

Ah, já me esquecia pá! Tendência número 2: bloggers com assistentes pessoais. Poupem-me.