Os Ghost Hunt querem levar-nos ao espaço sideral
Todas as fotos por Bruno Lisita

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Música

Os Ghost Hunt querem levar-nos ao espaço sideral

Se a Agência Espacial Europeia quiser lançar uma sonda para o espaço com músicas lá dentro, os portugueses Ghost Hunt são sérios candidatos a ocupar uns megas de disco rígido.

Se um dia destes a Agência Espacial Europeia quiser lançar uma sonda para o espaço com músicas lá dentro - como fez a NASA com a Voyager -, os portugueses Ghost Hunt são sérios candidatos a ocupar uns megas de disco rígido, ao lado de outros europeus, como Brian Eno, Kraftwerk, ou Jean-Michel Jarre. E não há mal nenhum em juntá-los todos.

Música espacial, ou de outra dimensão? Os anos passam, os slogans também, o "who you gonna call?" foi substituído pelos ambientes sonoros da série Stranger Things, curiosamente também de ambiências "eighties". Os Ghost Hunt são os nossos dignos representantes nessa modalidade de músicas do, e para o além, porque, quanto mais não seja, a música deles é mesmo do outro mundo.

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Também és daquelas pessoas que já experimentou com os amigos aquela cena parva do copo a evocar os espíritos? Foi giro, ou deixaste vestígios na cueca? A arte milenar de caçar fantasmas tem-se manifestado das mais variadas formas, assim como os avistamentos de OVNIS. Dependendo das latitudes, culturas ou crenças, a coisa pode tender mais para o maligno, ou então, para a festa de aceitação.

Pedro Oliveira. Foto por Bruno Lisita

Sem palavras - pelo menos para já - Pedro Oliveira e Pedro Chau, são a dupla que forma este projecto instrumental, desenvolvido entre Lisboa e Coimbra. Dois velhos amigos, cuja distância e diferentes influências estéticas ninguém conseguiu separar e onde o Skype funciona como ponto de encontro. Os ambientes sonoros são o mote desta viagem ao lado de lá.

"No nosso som talvez não esteja muito evidente - a música que fazemos é menos soturna -, mas a nossa estética vem do imaginário dos filmes de terror, do sobrenatural, cujas bandas sonoras dos anos 1970 e 1980 - pelo menos algumas delas - eram electrónicas", diz o homem das máquinas, Pedro Oliveira.

Sobre as diferenças estéticas de cada um, "foi uma progressão natural", assegura o baixista Pedro Chau, que também toca nos The Parkinsons. "Se analisarmos a história da música, há pontos de encontro entre tudo. Entre o punk, post-punk, o synthpop, o krautrock… A banda preferida do Johnny Rotten, dos Sex Pistols, eram os Can e de outros eram os Kraftwerk…", sublinha Chau.

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Mas, afinal são uma banda rock que faz electrónica, ou uma banda electrónica que se movimenta no circuito rock? "Isto é apenas uma banda que tem sintetizadores em casa… e que os aproveita!", simplifica Oliveira. E acrescenta: "Estamos algures no meio disso, realmente não somos uma banda puramente electrónica, ao vivo funcionamos mais como um grupo orgânico, mas obviamente que também não soamos a uma banda rock".

Rótulos à parte, a verdade é que são uma banda e disso não há dúvidas. Tanto o são que, para o comprovar, após um ano a darem concertos pelo país com carros emprestados, decidiram comprar um veículo a meias. Com um parco orçamento, a verdade é que rodaram bastante no último ano e "foi imperativo dar esse passo". Por um lado foi bom sinal, ainda não é um tour bus, mas é o começo de algo.

A máquina está bem oleada, a de quatro rodas e a banda em si. Também com o input de terem andado na estrada com o filme, Tecla Tónica, de Eduardo Morais, até os soundcheks são cada vez mais rápidos. A opção de usarem o menor número possível de programações em palco e tocarem, de facto, ao vivo com sintetizadores e um baixo, é o que faz desta dupla uma banda e não dois entertainers a fingir que mexem em botões.

O som remete para algo de transcendente. Há uma cidade, perto de Mato Grosso, no Brasil, que tem um aeroporto para extraterrestres. Não se sabe se terá mais movimento do que o nosso em Beja, mas se o Brian Eno fez o seu, Music for Airports, os Ghost Hunt podem muito bem ter feito o seu disco da série, Music for Discports.

Os Ghost Hunt editaram o EP de estreia, homónimo, pela Lux Records. Podem encomendar o disco via mail (luxrecords@gmail.com), pela [Rastilho](http://www.rastilho.com/search/ghost hunt), no Discogs ou ainda no Bandcamp da banda. Hoje, 7 de Dezembro, há concerto no Sabotage, em Lisboa.