Uma entrevista com Glen E. Friedman, o fotógrafo de Dogtown, do protopunk e dos Beastie Boys
Todas as fotos por Glen E. Friedman

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Entrevista

Uma entrevista com Glen E. Friedman, o fotógrafo de Dogtown, do protopunk e dos Beastie Boys

O fotógrafo que registrou o surgimento do hip hop nos EUA fala sobre sua nova exposição ‘My Rules’.

Todas as fotos por Glen E. Friedman.

Glen E. Friedman tinha mandado um foda-se para o establishment com seus livros 'Fuck You Hero' e 'Fuck You Too', agora falamos com ele sobre os originais skatistas de piscina.

Esta matéria foi originalmente publicada na i-D US.

Na adolescência, o norte-americano Glen E. Friedman se mudou para os mesmos círculos de Dogtown e os skatistas Z-Boys. Apesar de também andar de skate, ele preferia ficar na beira das piscinas vazias com uma Pocket Instamatic, capturando imagens de gente como Tony Alva, Jay Adamns e Stacy Peralta em seus momentos mais impressionantes — e foi Glen quem ajudou a documentar os dias mais icônicos do skate. Quando os skatistas de piscina passaram para o punk rock, Friedman fotografou todo mundo de Black Flag a Bad Brains, e produziu o disco de estreia do Suicidal Tendencies, antes que seus velhos amigos do Beastie Boys fossem para LA. Com a ascensão do hip-hop, ele se tornou o fotógrafo da casa do Def Jam e criou a capa do disco Check Your Head dos Beasties Boys, além de capturar momentos decisivos de gente como Run DMC, Ice-T e LL Cool J.

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Em 2015, Friedman levou seu trabalho para o Reino Unido pela primeira vez desde 1997, numa exposição que batizada com o mesmo nome de seu lendário fotozine MY RULES (autopublicado em 1982). A exposição contava com mais de 50 imagens das três subculturas poderosas, junto com a sétima monografia de mesmo nome de Glen, publicada pela Rizzoli. Falamos com um dos lordes originais de Dogtown sobre atitude, porra!

Run DMC e Beastie Boys, 1988.

VICE: Como você se envolveu inicialmente na cena do skate?
Glen E. Friedman: Eu era skatista, era o que todos os moleques meio descolados faziam na época.

Por que você decidiu fotografar os skatistas em vez de investir no esporte?
Eu andava de skate por diversão e não era lá muito bom, teve um ponto em que a evolução e a progressão do esporte ultrapassaram minhas habilidades, e quebrar o braço também ajudou a desanimar um pouco as coisas.

Quem era seu skatista favorito de fotografar?
Nunca tive um favorito, mas na época, acho que Jay Adams, Tony Alva, Marty Grimes, Jay Smith, Shogo Kubo…

Quando você passou de fotografar os skatistas para fotografar os punk rockers?
Assim que apareceram bandas de punk para fotografar, porque quando comecei a andar de skate, o punk ainda não existia… Depois de ir a alguns shows, decidi que o que estava acontecendo era algo importante e que eu queria compartilhar com outras pessoas, foi aí que comecei a fotografar shows de punk.

E do punk para os rappers?
Assim que esse estilo se tornou acessível e parte do meu próprio mundo.

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Qual a ligação entre esses três momentos?
Porra, atitude, o que você acha? Espírito, coração, vitalidade.

Henry Rollins, 1982.

Você acha que existe alguma subcultura hoje que um dia será tão importante quando as cenas de skate e música que você documentou?
Eu queria que houvesse, mas fora a cultura do "Anonymous" na internet, geralmente acho que não, mas só por causa da natureza das coisas hoje em dia.

Você sente nostalgia dos dias de Dogtown?
Só quando as pessoas me perguntam.

Qual a história por trás do título My Rules?
Primeiro isso era um fotozine que autopubliquei aos 20 anos, muitos anos atrás, e agora é um livro! Eu precisava fazer as duas coisas, então fiz, por um senso de responsabilidade com as culturas e a minha arte.

Em My Rules você pede aos temas para descrever como era estar no auge desses movimentos culturais, como foi pra você?
Olha as minhas fotos! Era uma época incrível, excitante, inspiradora e cheia de vida. Por isso fiz o que fiz.

Quais são suas três principais regras?
Regras pra vida? Viva com integridade, cause o menor dano possível ao planeta e ao meio ambiente, seja parte da solução e não do problema.

O que você gosta de fotografar hoje?
Tudo que me inspira.

@glenfriedman

Chuck D, 1989.

Tradução: Marina Schnoor

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