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Μodă

Falámos com uma avó de 60 anos que é modelo (e sim, é uma GILF)

Yazemeenah Rossi posa para marcas como a Marks & Spencer e tem dois netos. Nunca se operou.

As imagens são cortesia de Yazemeenah Rossi.

Está praticamente a fazer 60 anos e é avó de dois netos, mas tem um corpo de adolescente que lhe deu a oportunidade de estar nas revistas de meio mundo, e protagonizar campanhas de marcas como Marks & Spencer. Falámos com a modelo francesa, Yazemeenah Rossi, instalada em Malibu, sobre os cânones de beleza, o mundo da moda e a (quase) inexorável passagem do tempo.

VICE: Começaste no mundo da moda com praticamente 30 anos. Porquê?

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Yazemeenah Rossi: Aconteceu por acaso. Um amigo meu conhecia um estilista que precisava urgentemente de uma modelo e pensou em mim. Fui fit model durante muitos anos, e é uma parte muito dura do negócio, que nunca sai nas revistas nem nos anúncios. Ao mesmo tempo, comecei a trabalhar como actriz em anúncios de televisão, o que me fez mudar-me para Nova Iorque, e mais tarde para a costa oeste.

E agora, que estás quase a chegar aos 60, o que é que te oferece este modo de vida?

Sobretudo, liberdade. E a oportunidade de viajar pelo mundo, que é uma das minhas grandes paixões. É um trabalho maravilhoso, mas nem toda a gente é capaz de lidar com a incerteza: muitas vezes não sabes quando vais trabalhar, e noutras o processo é muito lento. Mas para mim, essa é a parte mais interessante: não saber o que vai ser a minha vida durante um curto período de tempo.

"Ninguém gosta de ver como a sua pele cede à gravidade. E ao mesmo tempo, envelhecer é muito bonito, porque com o passar dos anos te tornas mais forte."

De certa maneira, estás a viver uma espécie de segunda juventude…

É uma maneira de ver as coisas, sim. Sobretudo porque tive os meus filhos muito jovem. Agora já têm 40 anos e são pais. Quando cheguei aos 45 e à menopausa, pensei que tinha chegado o fim, mas conheci uma terapeuta natural, dez anos mais velha que eu, e que me fez entender que tinha muitíssima energia, e muito caminho pela frente.

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O mundo da moda está demasiado centrado nos jovens?

Sempre o foi, e sempre será assim. Houve um momento, há uns anos, em que pensei que o panorama mudaria e que começaríamos a ver modelos mais velhas, mas não. Nos anúncios é comum ver homens mais velhos com mulheres jovens, e isso faz parte de um cliché social. O meu agente no Japão começou uma pequena revolução, há 20 anos, mostrando mulheres de 40 com rapazes de 20, mas durou pouco. Porque quando se mostra uma mulher mais velha com um homem jovem, a noção que passa é que é uma predadora, coisa que não acontece no sentido inverso.

Efectivamente, existe algo muito machista no facto de que, aos olhos da sociedade, um homem não envelheça como uma mulher…

Esse é um tema amplo e interessante. Vivo um pouco como um ermita, e nem sequer tenho televisão, por isso não posso falar muito sobre o rumo da sociedade. Mas sim, acho que no fundo, os homens têm as mesmas preocupações em relação a envelhecer, embora o homem fale menos sobre o assunto. Não é um processo simples: Ninguém gosta de ver como a sua pele cede à gravidade. E ao mesmo tempo, envelhecer é muito bonito, porque com o passar dos anos te tornas mais forte. Esse é o dilema.

No teu caso, sentes-te mais jovem do que realmente és? A juventude é um estado mental?

A que te referes? A que idade tenho realmente? Não entendo muito bem a pergunta… (risos). Estou a brincar. Sim, a idade é sem dúvida um estado mental. Se estás conectado com a tua criança interior, podes ser capaz de manter essa energia. É preciso ter um espírito brincalhão, aventureiro e curioso. Sem medos. Porque são os medos que te diminuem como pessoa.

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"A ideia de um intervenção cirúrgica que não esteja motivada por uma questão de saúde não tem sentido para mim.

Que dificultades enfrentas em relação a outras top models mais jovens?

As top models são a Gisele Bundchen, a Kate Moss… Eu estou muito longe delas, sobretudo no tipo de contratos que fazem. Quanto às dificultades… Acho que poderia perfeitamente posar para grandes marcas como Prada, D&G, Ralph Lauren ou Gucci, mas estas marcas querem trabalhar com modelos mais jovens, porque não querem associar a sua marca a pessoas de mais idade. No entanto, encontro habitualmente mulheres que têm entre 40 e 70 anos, e que adorariam ver modelos da sua idade a anunciar esses productos. Ou outros, como os cremes hidratantes. Acreditas que nunca fiz nenhum anúncio de cremes? Já viste a minha pele? Ou o cabelo: sou a primeira modelo que decidiu deixar o cabelo branco, quando ainda não era moda. Não imaginas a quantidade de clientes que me pediu que o pintasse.

O que achas do actual cânone de beleza? O que é que está a mudar?

Acho que muda constantemente, mas o essencial mantêm-se inalterável desde há séculos. Basta pensar nos modelos gregos e egípcios: os corpos são sempre proporcionados, e esses são para mim os verdadeiros cânones de beleza. Para além da questão estética, esse cânone representa a saúde e o equilíbrio. Com 20 anos, e depois de duas gravidezes, pesava 70 kg. Desde então perdi muito peso, mas também não morri à fome. Foi mais uma questão de boa alimentação, espírito activo e yoga.

E algo de bisturí?

Não vou dizer que não me tenha passado pela cabeça, mas até ao dia de hoje não recorri à cirurgia estética. Só me operei uma vez, aos 30, porque tinha um problema de excesso de gordura debaixo dos olhos, causado por umas alergias terríveis que tinha desde miúda. A ideia de uma intervenção cirúrgica que não esteja motivada por uma questão de saúde não tem sentido para mim. Mas se te faz sentir melhor, não tenho nada contra.