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Música

Música: Ducktails

Este álbum só irá acabar nos caixotes de descontos de uma loja de discos em falência.

The Flower Lane
Domino Records
1/10 Provavelmente, não deveria fazê-lo — o Matt Mondanile, tudo de bom para ele, tem aquele ar de coninhas nerd que se fartava de apanhar porrada da grossa no básico porque não sabia dar três toques numa bola ou levava sempre sandes de mortadela de casa, em vez de comprar o lanche no bar da escola como os putos fixes. Mas, considerando este novo The Flower Lane, e considerando que Ducktails III: Arcade Dynamics era um disco de pura perfeição pop filtrada por um magnífico coador de baixa fidelidade (tipo aqueles que se compram nos chineses, sabes que duram meia semana e o plástico provavelmente tem alguma merda tóxica que te vai matar ou simplesmente deixar muito drogado), sinto-me na obrigação, como os bullies sentem aquela aversão traduzida em violência adolescente, de cascar forte e feio no pobre do Matt e neste seu quinto disco. Não queria fazê-lo, porque o ar dele me dá pena. E porque gosto mesmo muito de Ducktails, e porque tenho imenso respeito por alguns fãs de Ducktails que conheço, e porque aceito de bom grado as incursões dos Real Estate pela pop mais jangly, que me deixam cheio de saudades do Verão, dos Feelies, e de ouvir os Feelies no Verão. E porque, tal como já disse, Arcade Dynamics — principalmente, ou especialmente por causa de “Sunset Liner” e “Art Vandelay” — era e é um disco perfeito, pleno de canções soberbas, cantaroláveis, daquelas que dá vontade de ouvir uma, sete, trinta e duas vezes, pastilha doce que se mastiga e remastiga até o céu da boca estar demasiado dormente para se conseguir pronunciar “paralelepípedo”. The Flower Lane são 40 minutos de canções absolutamente insípidas, demasiado interessadas em parecer bonitas em vez de soarem a tal, presas à ideia de um indie ou de uma pop que francamente não deveria ser ideia de nada — as canções, como quase toda a arte, devem fluir naturalmente dos dedos, da boca, da mente brilhante de algum inadaptado e encontrar o seu espaço reluzente por entre a amargura do mundo. Neste disco não existem, artificiais que são (topa-se à distância) e entediantes como poucas coisas no mundo, lado a lado com o Porto do Vítor Pereira depois de marcar um golo. Por isso, Matt, meu neo-paneleiro da produção exímia sem margens para erros, David Guetta de cores invertidas no Paint e nerd dos óculos de fundo de garrafão em pleno 2013: vai para o caralho. Este disco é cem vezes pior que toda a discografia do Twin Shadow — aliás, é precisamente por soar a uma cópia rasca e barata do Twin Shadow, que já é uma valente merda por si só, que me ofende tanto quando deveria apenas entristecer. Tu para mim morreste. Atira-te da ponte de Brooklyn e deixa que a tua obra anterior entre para a eternidade. Este álbum só irá acabar nos caixotes de descontos de uma loja de discos em falência.