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Vice Blog

Canções que salvam vidas: Surma

Surma é Débora Umbelino. One woman band - com arzinho desajeitadamente adorável - que navega entre teclas, guitarras, samplers, cordas, loop stations e vozes.

Está a chover que se desunha. Está um calor infernal. É sexta-feira e estás em pulgas para a rambóia logo à noite e para fritares a molécula. Por outro lado, é sexta-feira, estás em pulgas para a rambóia logo à noite e para fritares a molécula, mas não tens guito. Não te apetece ir trabalhar. Não te apetece estudar. Vais é dar uma volta pela cidade. Espera, está a chover. Pronto, vais ver o mar, que está um calor diabólico. Alto, que isto está cheio de turistas e não dá para ir a lado nenhum. Nunca mais chega a Primavera! Primavera é que não, que é só alergias.

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Um gajo nunca está contente. Se não é do cu é das calças. O que vale é que, como toda a gente sabe, há canções que salvam vidas (os Smiths cravaram-no a letras de ouro no cancioneiro pop para toda a eternidade). Semanalmente, e para que a tua vida ganhe um novo sentido e encontres a salvação possível, deixamos por aqui um desses bocadinhos de lírica e melodia (ou ruído e grunhidos selvagens, conforme a disposição) que têm a capacidade de em pouco mais de três minutos te salvarem, se não a vida, pelo menos o dia.

Fotografia por Jéssica C. Ferreira eLaura Quitério, via

Surma podia salvar-nos de uma coisa: não termos de esperar até ao próximo Inverno para podermos ouvir o álbum completo. Ainda nem deste saímos e já estarmos à espera do outro… não se faz. Perdoamos-lhe claro, porque vamos andar com "Maasai" em repeat durante muito (muito) tempo. _Salvação em loop_.

Surma é Débora Umbelino. One woman band - com arzinho desajeitadamente adorável - que navega entre teclas, guitarras, samplers, cordas, loop stations e vozes, com a mesma leveza, desenvoltura e naturalidade com que logo à noite vais navegar entre shots, imperiais e gins com cenas.

O single que hoje é lançado pela Omnichord Records é disso exemplo. Há uma frescura que atravessa as composições de Surma que a distinguem e nos fazem querer ouvir mais. Uma espécie de post-rock minimalista, com salpicos de jazz e rock sónico, embrulhado num manto electrónico que parece uma brisa de fim de Verão. Daquelas de Setembro. De fim de ciclo, início de ciclo. O loop, lá está. A Débora tem 21 anos, mas 50 de música dentro dela. Nota-se a léguas. E as canções que burila por entre o que à partida parece algo mais experimental vêm de muitos sítios. De uns Tortoise transformados em The Sea and Cake, mas também de uns New Naked Soundz, seus conterrâneos há muito desaparecidos (e eternamente desconhecidos), mas que, como ela, faziam do etéreo matéria palpável. Sonhos em sons.

Esta mulher já é grande, mas só pode crescer. Agarrem-se a "Maasai" e serão salvos.