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Música

VÍDEO EXCLUSIVO VICE: O DJ Maskarilha anda a falar com fantasmas

Apresentamos-vos Poltergeist, a novo vídeo do DJ Maskarilha.

Depois de 15 anos de carreira já nos podemos afirmar como veteranos. Ignorando o estatuto, o

DJ Maskarilha

continua a querer dar conhecer a toda a gente o que de melhor se faz por cá na cena hip-hop. Trazemos-vos hoje, em exclusivo, "Poltergeist", o novo beat deste mano. Só para entenderem o quão bestial este mano é, adivinhem quem se associou à cena: o Nel Assassin e o Jackpot BCV. Fui falar com o Maskarilha para perceber melhor o que ele andou a aprontar. Aqui fica o resultado da nossa conversa.

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VICE: Então

Maskarilha, em que se basearam tu e a Supakrazy para a estética do vídeo? 

Maskarilha: Bem, a estética do vídeo surgiu de algumas ideias minhas e do skill de filmagem e edição da Supakrazy. Começou apenas por ser uma musica e uma enorme vontade de criar a imagem para o tema, numa forma muito natural depois de um fim de semana bem passado no Porto para o concerto de ONYX, no regresso a Lisboa, mostrei alguns dos meus instrumentais ao Miguel Almeida (Supakrazy), e de imediato vi a reacção na cara dele depois de ouvir Poltergeist, que ainda nem estava terminado. Ele ficou tao intusiasmado que começamos logo a discutir como e o quê que poderia ser feito para o vídeo.

Como é que convenceste o Nel Assassin e o Jackpot BCV a participar?

Já trabalhámos juntos várias vezes, mas acredita, não convidei nenhum deles [risos], colaram-se literalmente.

O Jackpot ouviu o beat e disse-me assim "bem neste beat tens duas hipóteses, ou metes um americano a cantar aqui, ou metes-me a mim."

Depois mostrei ao Nel Assassin, já com a voz do Jackpot gravada, e foi a mesma coisa, disse-me logo que queria gravar o refrão em scratch.

No vídeo destaca-se bastante a presença de graffitis, dos b-boys (já agora, gosto muito dos moves das dançarinas) [risos] e de Lisboa. Estás a fazer alguma homenagem à cultura do hip-hop em Portugal?

Ya, o vídeo é um apelo aqueles que não entendem esta cultura, uma homenagem aqueles que a vivem diariamente e também uma referência para uma das cidades que mais me inspira.

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Já levas mais de 15 anos nestas andanças, conheces todos os meandros deste mundo, de cima a baixo, fizeste parte dos históricos Nigga Poison. Tanto tempo depois, ainda sentes que tens alguma coisa a provar?

A provar não, mas talvez tenha coisas para mostrar.

Como vês a cena hip-hop actual e que paralelo traças com os teus primeiros anos?

Vejo a cena descontrolada, todos são rappers ou dj's. Há pouco respeito por quem cá anda há algum tempo. Todos acham que sabem muito sobre tudo. Eu antes de fazer graffiti ou mesmo antes de me assumir como DJ, pesquisei imenso, estive presente nos locais, conheci as pessoas que faziam hip-hop a sério, absorvi conhecimento na minha humildade.

Em Poltergeist referes que “o hip-hop é compromisso” e que as “Floribelas não percebem nada disso”. Estás a deixar um recado a alguém?

Pois, essa parte tens que perguntar ao Jackpot, Floribelas é com ele… [Risos]

Por falar em Floribela, sei que és activo na questão do acesso à cultura e reintegração de jovens em comunidades desfavorecidas. Sentes que ainda há muito trabalho a fazer? Gostavas de ver mais malta influente a dar um pouco de si nestas questões sociais?

Trabalhei muitos anos na intervenção com jovens em bairros como o meu. Sim, o trabalho nas comunidades desfavorecidas está longe de acabar, façam mais projectos, todos nós com ou sem influência, podemos envolver-nos mais na sociedade em geral. Não podemos deixar apenas que os outros resolvam os problemas.

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Não sei se viste há tempos na VICE o documentário que fizemos sobre Chiraq e o fenómeno da Drill Music. Achas que a violência dos gangs nas zonas problemáticas das grandes cidades tem ligação directa com a cena do hip-hop ou é pura demagogia?

Sim vi, mas se tivermos a falar de rap "na tuga" não acho que esteja directamente ligado, claro que se muito do hip-hop vem de zonas problemáticas é natural que façam essa ligação. Aliás, podemos ver o hip-hop como a própria afirmação desses mesmos problemas. Mas, como se costuma dizer, cada cabeça a sua sentença, não podemos pôr todos no mesmo saco.

Para concluir, sou um fã acérrimo do twerk, quando é que fazes um vídeo centrado só nisto? (Atenção, quando digo isto quero ver as miúdas a abanarem-se, não tu Maskarilha!)

[Risos] Tenho pensado nisso. Adoro a novas tendências musicais como o twerk, mas não deve ser muito difícil ter gajas boas abanar o rabo em frente a uma câmara.

Teria de pensar numa forma mais original de fazer um vídeo de twerk, para não fazer o que todos andam a fazer. Quem sabe se não me aventuro num vídeo de música onde ensinassem a Iggy Azelea a mexer aquele backside…