Assistanté uma revista independente que celebra o trabalho dos assistentes do mundo da moda, esses desconhecidos do grande público. Falámos com profissionais - brilhantes, constantes e eficientes - que asseguram o sucesso de designers, estilistas e editores.Brais Vilasó e Xim Ramonell, de 25 e 24 anos respectivamente, conheceram-se na internet antes de serem melhores amigos, enquanto estudavam moda no IED de Madrid. Desiludidos com o panorama actual das revistas, cujas capas reproduzem uma e outra vez imagens dos mesmo personagens, investiram tempo, dinheiro e energia na sua própria publicação: Assistant. Contam com um número lançado, mas já conseguiram colocá-lo nas livrarias e lojas mais prestigiadas de todo o mundo. Falámos com eles para saber o que aprenderam assistindo a outros profissionais, que perspectivas têm, e que conselhos dariam a todos os que queiram seguir os seus passos.
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Muita gente pensa em fazer a sua revista. O que é que vos levou a passar do plano abstracto ao plano real?Somos um tipo de pessoa que simplesmente faz o que quer. Pensamos que, no ideal, tens de fazer aquilo que queres fazer, quando queres, e assim que seja possível. Para nós o nome Assistant representava perfeitamente a nova geração do mundo da moda.Assistanttem algum mantra, ou declaração de intenções?Sim. Achamos que a indústria da moda é muito aborrecida, hoje em dia. As mesmas pessoas, que fazem sempre as mesmas coisas. É fácil criar uma imagem bonita quando trabalhas com uma grande equipa, mas para nós o mais importante é a história que contas através dessas imagens. Sonhamos com uma indústria que não mostre a mesma actriz em 30 capas diferentes, uma indústria que nos faça sonhar outra vez. A nossa missão é apoiar os novos talentos e as suas histórias, e converter este sonho em realidade.
Como é que decidiste que querias ter a Maisie na capa?Nessa altura estávamos completamente viciados no Game of Thrones, e decidimos que a Maisie era perfeita: jovem, brilhante e talentosa. Assistant é uma revista de moda, pelo conteúdo que tem, mas queríamos que fosse mais longe. Chegámos rapidamente à conclusão de que devíamos encontrar alguém que não fosse um insider. E a Maisie é simplesmente maravilhosa!E porquê colocá-la de costas na capa, e de frente na contra capa?É um conceito que queremos manter nos próximos números. Assistant destapa um lado escondido desta indústria, e apresenta toda a gente que ali trabalha, e que normalmente não tem visibilidade. Queríamos que o leitor mantivesse a expectativa até ao final. Muita gente nos disse que estávamos loucos por fazer algo deste tipo, mas nós adorámos a ideia.
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O que é que aprenderam do vosso trabalho como assistentes?O trabalho de assistentes ensinou-nos a acreditar em nós próprios, e a acreditar no que achamos que é o correcto. Assistir alguém é como ir a uma escola de moda: tem mais a ver com o que te rodeia do que com o que literalmente aprendes. Desperta-te e abre-te a mente. Se falamos do trabalho de assistente, puro e duro, a discrição é uma parte fundamental, é preciso ser eficiente e certificar-te de que está tudo pronto, mesmo antes que to peçam.Neste número fala-se das diferenças de trabalhar como assistente em sessões fotográficas em várias cidades. Podias resumir as vossas experiências como assistentes em cada cidade?Londres: Tudo é possível.Paris: Nada é possível.New York: Nada é possível sem tudo.Há algum assistente que augure um futuro especialmente prometedor?Apostamos na maquilhadora Aude Gil – assistente de Stephan Marais – que já trabalhou com Demarchelier e Marie Amelie Sauve. Ou Céline Reymond, que assistiu alguns dos melhores cabeleireiros do mundo – Guido por exemplo. É imparável.Que conselho darias a alguém que queira fazer a sua própria revista?Não penses demasiado. Fá-lo, simplesmente.Encontraram muitos obstáculos pelo caminho?Foi um trabalho duro. Recebemos muitos "nãos", o tempo também não abundou e os nossos recursos financeiros são, obviamente, limitados.Já começaram a pensar no próximo número?Sim! A nossa próxima capa será BOMBÁSTICA, será todo um manifesto.Qual é a sensação de ter a revista materializada nas vossas mãos?Esperamos que a indústria da moda se preocupe com escrever sobre a sua história outra vez. Não está tudo dito. Ainda bem que o Galliano voltou!