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Música

O rock clássico dos Rival Sons tem barba e é daquelas rijas

Andam em digressão com os Black Sabbath e fazem parte de uma nova vaga de rock de pêlo na venta que bebe nos clássicos, mas sem saudosismos ou nostalgias da treta. Tocam amanhã no Rock in Rio e são gajos para surpreender.

Dedo indicador ao alto. Já está? Então agora espeta também o mindinho. Já tens os corninhos em riste? Agora, com a outra mão, vai à net. Pesquisa Rival Sons. Escolhe o tema "Electric Man", por exemplo. Sobe o volume. Tudo pronto? Então agora já estás em condições de ler este artigo.

Foi numa chamada intercontinental, via Long Beach, Califórnia, que a VICE falou com Jay Buchanan, vocalista dos Rival Sons, um tipo impecável, cordato, que nos trata pelo nome, que nos elogia o sítio onde trabalhamos e, sim, um comunicador nato. Nada daquelas tretas de responder contrariado armado em galáctico. Profissional, portanto.

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O dono da enorme voz dos Rival Sons, com cinco discos na laringe - sendo este quinto, Hollow Bones, novinho em folha e pronto a estrear a 10 de Junho pela Earache Records - vai passar com a sua irmandade por Portugal, no Palco Mundo, a 27 de Maio, em regime Rock in Rio Lisboa, no dia de Korn e dos Hollywood Vampires (de Alice Cooper), ou, se quiserem, de Metz, Glockenwise e Cave Story, no Palco Vodafone.

Esta é uma banda que tem partilhado palcos com AC/DC, Guns n'Roses (isto anda tudo ligado), Alice Cooper (anda mesmo), ou Deep Purple. Ultimamente têm sido a banda de eleição a abrir para os Black Sabbath, tendo já efectuado algumas dezenas de concertos e só até ao fim deste ano têm marcados quase meia centena deles, assim o senhor das trevas, Ozzy Osbourne, o permita.

Mas isto de fazer digressões pelo Mundo fora não é algo que Jay Buchanan tenha planeado: "É uma situação interessante para mim. Não posso dizer que tenha alguma vez sequer sonhado em tocar numa banda de rock n'roll. Sempre sonhei, isso sim, em tocar, compor, gravar discos. Esse foi sempre o meu sonho. Especificamente numa banda de rock n'roll, nem tanto", desvenda o vocalista, que vem de uma escola mais ligada aos blues.

Ao vivo, a energia que empregam é a mesma seja num concerto em nome próprio para 300 pessoas, seja para 30 mil num festival, ou a abrir para alguma banda de renome. Porém, "é claro que há diferenças", explica o artista. "Temos tocado as primeiras partes dos Black Sabbath e sabemos perfeitamente que há muito gente que lá está e que nunca ouviu falar de nós. Nessas ocasiões costumamos fazer um alinhamento "greatest hits", as melhores de cada disco, para, ao fim e ao cabo, tocarmos o que melhor representa a banda", explica o frontman. E é isso que se pode esperar do concerto em Portugal.

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Com tanto rock do lado negro da força - que como todos sabemos, é o melhor - quisemos saber se o facto de andarem com os Black Sabbath na estrada influenciou de alguma maneira o último trabalho. E a razão da pergunta é simples: ao ouvir as primeiras palavras do tema que dá nome ao álbum, Hollow Bones, aquilo é negro à brava! Terá o mestre Ozzy já convertido os Rival Sons para o lado oposto do céu?

"A partir do momento em que vais pegar numa guitarra, ou cantar algo, és influenciado pelas coisas que te rodeiam. Quando era mais novo não era assim tão fã dos Black Sabbath, mas todos nós ouvimos a banda. Uma pessoa que goste de rock, em algum momento, com amigos, ouviu os Black Sabbath. Tal como os Rolling Stones fazem parte dessa construção, ou os Led Zeppelin, The Who, Buddy Holly, Elvis Presley, também fazem parte do processo", clarifica Jay Buchanan. "Não creio que Black Sabbath seja uma influência directa na banda, mas tens razão quando te referes aos elementos mais negros. Este Hollow Bones tem dos ambientes mais pesados que alguma vez a banda gravou", confirma.

Nada foi deixado ao acaso, nem a capa do disco. Para Buchanan, essa é uma parte importante: "Gosto muito da pintura que escolhemos para a capa do disco. Tomei conhecimento do trabalho de Martin Wittfooth, um artista que faz parte de um movimento surrealista contemporâneo. É um pintor fantástico e, assim que vimos o seu trabalho, quando ainda estávamos no estúdio, percebemos logo que se encaixava exactamente naquilo que queremos transmitir", aponta o vocalista.

E prossegue com todo o fair play: "No último disco, Great Western Valkyrie (2014), optámos por ter simplesmente uma foto com a banda na capa e é capaz de ter sido a pior capa de um disco nosso que alguma vez fizemos! (risos) Não creio que voltemos a fazer o mesmo, por isso, desta vez, quisemos fazer algo mais e creio que esta pintura é bem representativa de Hollow Bones".

Os Rival Sons fazem parte de uma nova vaga de bandas de rock n'roll clássico, com as mais diversas influências. Lá dentro há de Led Zeppelin a Jack White, sendo este, Hollow Bones, o quinto e consistente trabalho de uma banda que, sem grandes cedências, se concentra na sua carreira, ao mesmo tempo que vai desfilando ao lado de grandes nomes mundiais da história. Só se vive uma vez e os Rival Sons é que a sabem toda.