Fotografias das orgias anónimas do Craiglist

FYI.

This story is over 5 years old.

18+

Fotografias das orgias anónimas do Craiglist

Joseph Finegan fotografa as pessoas que decidem organizar orgias através de anúncios que publicam no Craiglist.

Todas as fotografias pelo autor.

Há mais ou menos um ano comecei a fotografar desconhecidos a praticar sexo. Naquela altura ainda estava na universidade e comecei a desenvolver um projecto que retratava pessoas em casa.

Mas andar de porta em porta não era a melhor maneira de conseguir que desconhecidos me deixassem entrar nas suas casas, por isso recorri à Internet. Não demorei muito até encontrar o Craiglist, um site muito popular nos EUA, no qual é possível encontrar todo o tipo de anúncios, deste ofertas de trabalho, até velharias ou convites para bater em gajos.

Publicidade

O problema era que não havia nenhum anúncio na minha zona. A única categoria com algumas publicações chamava-se "Encontros ocasionais". Como devem imaginar, esta secção é dedicada a pessoas (99,9% do sexo masculino) que procuram sexo sem compromisso. Enquanto o resto das categorias da página eram bastante antigas, esta secção era actualizada automaticamente a cada 15 minutos, com 20 novos anúncios.

Um dos anúncios publicados no Gumtree.

"Desvirgina o meu ânus" ou "Quero ser a tua puta" são apenas alguns exemplos de anúncios que me chamaram a atenção enquanto espreitava a página. Era fascinante ver até onde as pessoas eram capazes de chegar para ver realizadas as suas fantasias. Havia aqueles que queriam ser dominados, os que gostavam que lhes cagassem em cima, ou ainda os que queriam "apanhar o bicho", que é como quem diz, contrair o HIV tendo, intencionalmente, relações de risco com seropositivos.

Comecei a publicar os meus próprios anúncios, nos quais oferecia sessões de fotografias gratuitas a quem quisesse. Como o tema desta iniciativa era fotografar alguém, incluí a minha fotografia no anúncio para chamar a atenção, e funcionou. Em pouco tempo o meu e-mail inundou-se de respostas. Muitas eram de homens a pedir mais do que sexo: 430 euros por uma "saída", por exemplo.

Durante os meses seguintes fotografei aqueles homens nas suas casas, e comecei a atingir certa popularidade na página. Os que conheci naquela época eram, desde profissionais a trabalhadores da construção. Todos diziam ser heterossexuais e alguns eram casados. Não tiveram qualquer problema em posar nus para a câmara. Apesar de serem um pouco extravagantes, foram todos muito simpáticos, e a única coisa que queriam era um pouco atenção.

Publicidade

O trabalho que aqui vêem começou com um travesti que vivia há uns anos num hotel e queria fotografias novas para publicar no seu anúncio. O sítio onde vivia era horrível. Contou-me que de vez em quando ficava ali vários dias, a vender o corpo, para ganhar um pouco de dinheiro.

Quando acabámos a sessão pediu-me para ficar mais uns minutos, porque estava à espera de um tipo, e queria que os fotografasse. Lembro-me de fotografar um homem muito mais velho que eu, a fazer sexo com outro homem vestido de mulher. Quando terminaram o ambiente mudou radicalmente. O tipo vestiu-se e saiu sem proferir qualquer palavra. Era como se tivesse fantaseado com aquele momento durante muito tempo, e de repente tivesse vergonha de concretizá-lo.

Com o tempo, acabei por assumir o papel de intermediário numa série de orgias com travestis. Eu respondia aos anúncios, reservava os hotéis e negociava com os participantes. Devo dizer que não foi fácil: a maioria das vezes ninguém aparecia e eu ficava ali, sozinho, num sórdido quarto de hotel, perguntando-me o que andava a fazer da vida. Mas depois valia a pena.

O projecto já tem um ano, durante o qual consegui integrar-me neste colectivo de pessoas com uma segunda vida, dispostas a chegar muito longe para satisfazer as suas fantasias. Ainda tenho muito caminho pela frente.

Podes seguir o projecto de Joseph na sua conta de Instagram, @joseph.finegan, ou de Tumblr, josephfinegan.tumblr.com.

Publicidade

(Há muitas mais na conta de Tumblr de Joseph, mas não pudemos publicá-las porque são tremendamente explícitas).