Os cientistas estão a usar partículas para desvendar os mistérios das pirâmides
A pirâmide em que as novas cavernas foram descobertas. Imagem cortesia ScanPyramids

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Os cientistas estão a usar partículas para desvendar os mistérios das pirâmides

Nos últimos meses, investigadores egípcios, canadianos, japoneses e franceses estão a recorrer a painéis de muões, com o objectivo de descobrirem cavernas escondidas dentro das estruturas ancestrais.

Este artigo foi originalmente publicado na nossa plataforma Motherboard.

As Pirâmides de Gizé, no Egipto, podem ser tão antigas como a medição do tempo, mas só agora a ciência possui a tecnologia de ponta necessária para revelar alguns dos seus mais profundos mistérios.

Nos últimos meses, investigadores egípcios, canadianos, japoneses e franceses estão a utilizar painéis de muões (partícula elementar similar ao electrão), altamente sensíveis, com o objectivo de descobrirem cavernas escondidas dentro das pirâmides.

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Representação das passagens reveladas pelo scanning através de muões. Imagem cortesia ScanPyramids

O projecto chama-se ScanPyramids e, na semana passada, os responsáveis anunciaram a descoberta de uma caverna na parte Nordeste da pirâmide Khufu, que pode ser uma entrada para a estrutura, posteriormente fechada. Também foram descobertos algumas insígnias (conhecidas também como "chevrons"), blocos em forma de V, que, ao contrário do que muitos pensavam, não eram simples peças de decoração arquitetónica.

"Na arquitectura antiga, estas insígnias não eram utilizadas meramente para fins decorativos, tinham, sim, um objectivo prático: proteger um espaço e evitar que o tecto desabasse. A questão que se coloca é o porquê de tantas insígnias terem sido utilizadas para proteger uma área pequena no início de um corredor que se dirige para baixo?", pode ler-se num comunicado enviado pelos investigadores à imprensa.

Representações das passagens. Imagem cortesia ScanPyramids

Os investigadores descobriram a caverna através dos sensores capazes de detectar muões, partículas tão pequenas como os electrões e que podem atravessar a matéria, e mediram a sua velocidade e direcção, de forma a determinarem espaços vazios na pirâmide.

Os muões são habitualmente estudados nos aceleradores de alta energia, como o da Organização Europeia para a Investigação Nuclear, ou CERN na sigla francesa, para se compreender melhor a sua natureza. Nos últimos anos também têm sido utilizadas em outras situações como ferramentas de pesquisas. Já foram utilizados para "olhar" para o interior de um vulcão activo no Japão e na central nuclear de Fukushima, após o acidente.

Painéis sensores de múons. Crédito: ScanPyramids.

De acordo com os responsáveis pelo projecto, a investigação vai continuar a investigar mais cavernas. Quem sabe, um dia, com a preciosa ajuda da tecnologia, possamos descobrir alguns dos mais intrigantes segredos da humanidade.