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Entrevista

Os You Can't Win, Charlie Brown gostam de desenhos animados

Por isso é que escolheram um nome tão gigante.

Os

You Can't Win, Charlie Brown

são fãs de amendoins. Não daqueles que se comem, enquanto vemos o Benfica na televisão e bebemos cerveja: mas sim, daquela série que tem um cão e um gajo que arrasta um cobertor pelo chão. Elucidados? Parvoíces aparte, os

YCWCB

(assim, fica mais simples) actuaram, há umas semanas, no Optimus Primavera Club. Curti tanto a onda deles, que achei por bem ficar a saber mais sobre uma banda que tem seis pessoas. Não é uma super-banda, eles não curtem isso.

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VICE: You Can’t Win, Charlie Brown. Quando decidiram o nome da vossa banda não pensaram no quão complicado seria decorar um nome tão comprido?

YCWCB:

Pensámos, mas também achámos que por ser tão comprido as pessoas ir-se-iam lembrar. Nem que a única coisa que lhes viesse à cabeça fosse “nãoseiquênãoseiquemais, Charlie Brown”. A verdade é que já apanhámos várias versões do nome conforme quem o diz (ou escreve, até) e achamos sempre alguma piada.

Suponho que a escolha deste nome deva ter uma história atrás.

Tem… Íamos ter uma das nossas músicas nos

Novos Talentos Fnac

e ainda não tínhamos nome, isto na véspera de termos de dar uma resposta definitiva. No local onde ensaiávamos, descobrimos um livro dos

Peanuts

com esse título. Gostámos, achámos que fazia sentido e ficou.

Vi-vos ao vivo, pela primeira vez, há dias no Optimus Primavera Club, em Guimarães. Fiquei logo impressionada pela quantidade de gente que estava em palco. Começaram por ser quatro e já vão em seis. Terão como tendência aumentar ou YCWCB vai fazer uma vasectomia?

Esperamos que não! A ideia é ficar como estamos, os seis. Ao início, o plano era termos uma formação “mutante”, na qual as pessoas pudessem entrar e sair. Mas quando chegámos a este conjunto, encaixava na perfeição e não quisémos mexer mais.

Gostei do concerto e curti muito a vossa boa onda em palco. Parecia que estavam ali a dar um concerto para alguns amigos, quando, na verdade, estavam no grande auditório do CCVF. Como se consegue esta química?

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Não há grande segredo, é fazer as coisas com pessoas de quem se gosta e desfrutar do que estamos a fazer. Já nos dávamos todos bem antes de formarmos a banda, e estamos, permanentemente, em contacto. Mesmo que não tenha nada a ver com música. Ficamos tão à vontade uns com os outros em palco, que, às vezes, acaba por se estender para o público.

O público também me pareceu muito caloroso convosco…

Ainda bem, também reparámos, principalmente num casal que estava na primeira fila e que devia ter entre os 50 e 60 anos. Uma das cenas com piada de termos feitos estes concertos dos Velvet Underground é que apanhámos algumas pessoas que eram fãs do disco original e que nos foram ver para perceber como é que nos safávamos. Até agora a resposta tem sido positiva.

Outra das coisas que me surpreendeu foi o concerto basear-se no acto de tocar um disco de outros gajos, neste caso Nico e Velvet. Isso pode ser mais arriscado do que tocar músicas originais. Porquê este projecto?

Este projecto foi uma ideia do Pedro Ramos, da rádio

Radar

. Ele organiza umas noites todos os meses no Lux e, de vez em quando, desafi bandas para alinhar em ideias destas. Já o tinha feito com os Julie and The Carjackers, que tocaram o

Revolver

. Já na altura ficámos com vontade de fazer uma coisa parecida e ficámos super entusiasmados, quando ele nos pediu para fazer este disco.

Disseram no concerto que só tinham tocado isto uma vez e que o voltavam a fazer, novamente (e pela última vez), em Guimarães. Vai ser mesmo assim?

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Sim, a não ser que apareça assim qualquer coisa de muito especial, esta foi a última vez que tocámos este disco em concerto.

Para além de cenas de outros gajos, que música é que vocês fazem?

A nossa.

Têm colaborações com malta de outros projectos, isso parece ser uma tendência cada vez mais acentuada na música, ultimamente. É sintoma de alguma coisa e se sim, de quê?

Não sabemos bem. Talvez porque seja um meio pequeno, e no qual nos conhecemos quase todos. E desde que exista respeito e vontade de trabalhar uns com os outros, isso acaba por acontecer com alguma naturalidade.

Se encontrassem uma lanterna mágica que vos desse direito a escolher colaborar com três pessoas, quem escolhiam?

Isso, de certeza, varia imenso de pessoa para pessoa dentro da banda. Assim, de repente: o Wayne Coyne dos Flaming Lips, o Tom Waits e o Dan Deacon (foram os que me lembrei, na verdade curtia colaborar com todas as pessoas que tenho na minha colecção de discos).

Ter numa banda gajos que também editam a solo, não torna o trabalho mais difícil por conflito de, nem que seja, disponibilidades?

Torna, e essa é a nossa grande batalha, mas, até agora, temos sempre conseguido resolver.

Não é muito normal em Portugal haver “super-bandas”. Acham que beneficiaram com o facto de serem artistas a solo que formaram um colectivo? O processo costuma ser inverso…

Então não é normal? E os Cabeças no ar? Os Rio Grande? Os Resistência? De qualquer maneira, não acho que seja um termo que se aplique a nós. Tirando o David, que também existe como Noiserv, já tocávamos todos com outras bandas, mas ninguém tinha assim um projecto a solo com repercussões sérias para sermos considerados um supergrupo.

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Fui ao vosso site e reparei que estava todo em inglês. Isto deve ter a ver com o facto de vocês terem muitos fãs lá fora?

A verdade é que damos mais atenção ao nosso Facebook do que ao nosso site, e o Facebook está em português. Mas como já tivemos algumas pessoas a pedirem-nos para escrever em inglês porque não percebiam o que dizíamos, achámos por bem criar uma alternativa e, portanto, o site está em inglês. Além disso faz sentido, tendo em conta que é a língua em que cantamos.

O país anda em crise… E a música em Portugal?

Se falamos de música em termos de qualidade e criatividade, a resposta é que está em muito boa saúde. Se falamos da música enquanto negócio, aí a conversa já é outra.

Gravaram uma espécie de videoclip na Plataforma das Artes em Guimarães. Calhou assim, ou escolheram este espaço especificamente?

Foi um acústico para a videoteca do

Bodyspace

, foram eles que escolheram o local.

YCWCB, o que podemos esperar da banda nos próximos tempos?

Um disco novo, em 2013.