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Passei o 25 de Abril a ocupar o antigo Ministério da Educação

Nasceu uma nova casa okupada em Lisboa.

Desde as dez da manhã de hoje que o antigo edifício do Ministério da Finanças, junto ao Campo dos Mártires da Pátria, em Lisboa, está ocupado — e assim continuará, pelo menos, até 1 de Maio. A ideia inicial partiu de um grupo heterogéneo de pessoas: alguns com experiência em ocupações anteriores e outros que estão na cena okupa pela primeira vez.

Apesar do simbolismo da data, aquilo que os moveu a fazer esta ocupação vai para lá do dia da Liberdade. Pelo manifesto que podemos ler online, este grupo não é apenas motivado pelo derrube do sistema. Apesar de isso ser o bastante para “ocupar uma, dez, ou mil casas devolutas”, o que os move verdadeiramente é a crítica à democracia a brincar, às “rotinas” e aos desfiles (como o de hoje) que se sucedem e que, talvez por isso, significam cada vez menos. Ao todo, foram cerca 10, 20 pessoas, que se reuniram, sem periodicidade, há cerca de um mês. Durante este período, foram discutidos diversos tópicos, entre eles, a escolha da casa, a programação e a logística. Inicialmente, foi criada uma listagem de possíveis casas a ocupar. O edifício do ministério foi o escolhido não apenas pelo que representa, mas também por ser central. Antes de tudo começar, encontrei-me com os okupas. Na esplanada mesmo em frente à casa ocupada, foram ultimados alguns detalhes como, por exemplo, as compras de detergentes e esfregonas. Quando entrei no n.º 1 é que percebi que não estávamos a ocupar uma casa, mas sim um ocupar um palacete. Apesar de não estar habitável (tectos caídos, portas partidas e um entulho infinito), estávamos perante três andares, inúmeras divisões e, pelo menos, 1000 metros quadrados de oportunidades. Algumas divisões estão interditas porque o chão tem buracos ou está instável, mas ainda é possível ver naquele espaço a beleza dos azulejos e motivos antigos. Numa onda de improvisação, a malta pôs mãos à obra. Usaram-se luvas, máscaras e pás. Todo o entulho foi varrido para as traseiras da casa e o chão foi lavado. Foi assim, em limpezas, que a manhã se esgotou. A parte da tarde já estava destinada para o 25 de Abril e para a distribuição de panfletos com a programação da casa. A partir deste momento, a casa n.º1 do Campo do Mártires está ao dispor de todos aqueles que tenham interesse em participar das actividades propostas. Daqui para a frente, terão lugar várias actividades que podem passar por uma conversa com o Anselm Jappe (ainda por confirmar), como por um workshop de hortas urbanas ou até pela Festa do Colete Reflector. Consultem o blogue da cena para saberem mais coisas. Se a coisa correr bem, a ocupação poderá manter-se para lá do dia um, de forma a fazer da casa um centro que disponibilize serviços vários à população em geral. Este Ministério nasce da tentativa de mudar o que está errado (tanto no colectivo como no país), porque como os próprios dizem, “com jeitinho, a coisa vai”. Vamos esperar para ver.