NOS Primavera Sound: um resumo do que vimos e sentimos... a preto e branco

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NOS Primavera Sound: um resumo do que vimos e sentimos... a preto e branco

O Primavera do Porto é um dos melhores festivais nacionais a nível musical e até pode pecar pela apatia da audiência, mas todos os que lá vamos fazemos parte dele.

No último dia do NOS Primavera Sound, Linda Martini foi a primeira banda portuguesa a não inaugurar a noite, tocaram em terceiro. Também, não é difícil, toda a gente andava a perguntar "Quem é o Manel?". Os Linda Martini têm a adoração incondicional de alunos das Belas Artes e Letras, que preencheram a fila da frente, e são, muito provavelmente, os Ornatos Violeta desta geração.

Tudo merecido, atenção. Dez anos depois podemos dizer que a maioria dos concerto deles é feito de singles clássicos. Já não há muitas bandas assim. Acabou o concerto e começaram a soar acordes no Palco Super Bock, eram os Algiers a aquecer para aquele que foi um dos concertos do dia. A Motown teve um caso com o punk e o filho que nasceu é muito bonito.

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Seguiu-se um bocadinho de seca com a pop de Chairlift e começaram as escolhas complicadas. E, pelo que toda a gente diz, eu falhei todas. A sério, não me peçam conselhos. Começou com Battles e Car Seat Headrest. Optei por Battles. Foi bom mas nada demais. Pelos vistos Car Seat Headrest foi a melhor cena de sempre.

Depois Air e Titus Andronicus. Optei por Air e estive uma hora a ouvir pessoas a conversar ao som de uma banda que parecia não querer ser reconhecida. E fechei com Ty Segall, aquele que diziam que ia ser o melhor concerto do Festival porque tinha sido assim em Barcelona e afinal não foi assim tão fixe. Houve mosh, houve energia mas faltou alguma coisa. Moderat pareceu mais interessante. Merda, fui beber mais.

No primeiro dia aquecemos, no segundo aceleramos e no último dia tem que ser até explodir. Estamos tão confortáveis no recinto quanto um solteirão que mora sozinho para se masturbar. É curioso que guardemos tudo para o fim, quando podíamos ter dividido em três toda esta emoção que por vezes esteve ausente.

O último dia foi um dia de excessos, sem regras. Deixar que as pernas sucumbam e aproveitar as pessoas, deixar o hedonismo infectar as nossas veias.

Isto não será verdade para todos, porque há muitas pessoas aborrecidas e há aqueles que tiveram que gastar toda a sua energia no único dia que foram. É incrível que ainda há muita gente que saí à noite ou vai a Festivais sem ser para se divertir. E nem é uma questão de aproveitar o dinheiro que foi gasto, é de aproveitar as oportunidades de criação de momentos memoráveis que estes eventos nos dão.

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Tens a oportunidade de conhecer mais pessoas, ou aproveitar as pessoas que estão contigo, para dançar mesmo que estejas cansado, ou que a banda seja mais-ou-menos. Tens que gritar mesmo que ninguém esteja a cantar e aches que o público é uma merda. Podes não mudar o Mundo, mas podes mudar a vida dos teus amigos. Podes ser tu a tornar a noite na melhor da vida deles.

O NOS Primavera Sound é um dos melhores festivais nacionais a nível musical e até pode pecar pela apatia da audiência, mas todos os que lá vamos fazemos parte dele. Sem dúvida que vou voltar, mas não vou cair nos mesmos erros.

O Primavera não é para ficar na sombra, é para viver. Não é para fazer fretes, senão deixamos que quem vem para a fotografia nos mate o dia. Foquem-se em curtir a vida, meus!