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Entrevista

Quando for grande, a Emmy Curl quer viver numa quinta

Uma entrevista em modo stalker cibernético.

Aviso à navegação: esta entrevista foi feita através das redes sociais. Em fase de preparação para o Optimus Primavera Club, descobri a Emmy Curl. Apesar do nome “estrangeiro”, esta menina é uma jovem cantora transmontana que vai dar o pontapé de arranque ao festival (já só faltam dois dias!). Depois de me amigar dela no Facebook, mandei-lhe uma mensagem a perguntar se lhe podia fazer umas perguntas. Ela respondeu-me na boa e pediu-me, apenas, que esperasse uns momentos, porque ia tomar banho e já voltava. Fiquei desconcertada e, por momentos, duvidei se não estaria a comprar gato por lebre. Estaria a falar com a verdadeira Emmy Curl? As estrelas da música não dizem estas coisas. Aliás, as estrelas da música não praticam este tipo de tarefas dos comum dos mortais, como, por exemplo, tomar banho. Por isso, pedi-lhe o número de telefone. Liguei-lhe e falámos. Emmy Curl: se, por um infeliz acaso do destino, não foi a ti que fiz estas perguntas, desculpa-me. Mas, a miúda parecia-me mesmo tu. Aliás, nem tu farias melhor. VICE: Vais a abrir o Primavera, daqui a uns dias, em Guimarães. Estás preparada?
Emmy Curl: Penso que sim. Eu e o João André (o meu baixista e produtor) estamos a dar os toques finais para que o espectáculo fique pronto. Vai ser visual e musicalmente diferente de todos os anteriores, estou um pouco ansiosa. Completa a frase: tocar numa cidade que é Capital da Cultura é…
uma honra! Dizem por aí que és uma das vozes promessas da música nacional. Um dia, começaste a cantar no chuveiro e descobriste que és o máximo com as cordas vocais ou a voz é um instrumento que se trabalha?
Bem… Comecei a cantar desde muito cedinho, os meus pais também cantavam em casa. Então, houve uma influência directa na minha forma de expressar musicalmente. Por acaso, nunca canto no chuveiro, apesar de não parecer, tenho vergonha de cantar (risos). Só mesmo em concerto é que assumo a personagem. Tens fontes de inspiração, musicalmente falando?
Oiço muita coisa, cresci a ouvir clássicos como Sting, Sade, Police, AC/DC, Rolling Stones… Depois, passei por uma onda mais pop na minha fase de adolescente. Mais à frente, entrei numa onda da pesada: ouvia Kittie e, logo a seguir, passei para o chill out, tipo Zero 7, Goldfrapp, José Gonzalez, Little Dragon, etc. Hoje, oiço um pouco de tudo o que considero música com alma. Quem compõe as tuas canções, letras e música?
Sou eu. Tens uma grande equipa atrás do teu trabalho?
Não. Houve alturas em que tive um manager, mas sempre fiz tudo por mim, tanto a nível estético, como sonoro. A minha necessidade de criar e mostrar é tão urgente, que não houve equipa que me acompanhasse. Mas, hoje tenho amigos que me ajudam imenso. Devo este álbum ao João André, pois trabalhou comigo sem me cobrar um tostão e estou, recentemente, a trabalhar com uma agente. Está a ser a melhor fase da minha carreira,  finalmente tudo a andar! Achas que a internet tem ajudado na divulgação do teu trabalho? Haveria menos música no mundo sem o YouTube e afins?
Sim. Aliás, tudo começou pela Internet. Publiquei os meus trabalhos no Myspace em 2006 e comecei a ter convites para concertos em várias partes do país. Cheguei a tocar ao lado de rissóis e panadinhos: o que mais detestei fazer foi tocar em restaurantes (risos). Mas, de certeza que haveria menos música sem o YouTube e afins. Acho que nunca tinha chegado até onde estou, nem teria conhecido bandas como vim a conhecer com essas ferramentas. És uma transmontana. Tiveste de mudar de cidade, por causa da música? É obrigatório ir para uma cidade maior para estar no meio musical? Ou a internet ajuda nestas coisas?
Ao início, a internet fez muita magia e os autocarros tornaram-se os meus melhores amigos. Depois, fui estudar para o Porto, mas não acabei os estudos. O curso, além de estar a sair caro, não tinha condições para tanta gente. Mais tarde, mudei-me para Viseu e voltei a sair, devido a tempo e dinheiro. Finalmente, instalei-me em Aveiro, mas desta vez queria trabalhar, então mandei o meu currículo para as pastelarias e cafés locais. Ninguém me chamou, por isso decidi fazer roupa. Comprei uma máquina de costura à minha melhor amiga e pus-me a trabalhar. Acabei por comprar a minha actual guitarra e viver dentro das possibilidades, juntamente com alguns concertos que também dava. Emmy Curl é o teu nome artístico. Porquê um nome estrangeiro? É uma táctica? Emília Caracol seria giro também…
Emília Caracol é o nome da minha loja de roupa! (risos) Ups…
Já me chamavam Emmy desde o liceu, apenas lhe acrescentei o Curl. Mas como canto em inglês, acho que um nome em português não é coerente. Se começar a cantar na minha língua criarei um outro nome. E, por acaso, isso já está a começar a arrancar… Tens 22 anos, certo? Quando fores grande, o que queres ser?
Queria viver num vale, ao pé de uma grande montanha, ter uma casa a funcionar a painéis solares. Poder ter lá um estúdio onde pudesse gravar as minhas canções. Teria de ter internet para as poder enviar ao mundo. E gostava que me viessem visitar em troca de inspiração de outros sítios. Esta entrevista decorreu via redes sociais. Mais uma vez, as tecnologias. É comum seres assediada por estes meios?
(risos) Sim, que haja internet durante muitos e muitos anos, pois é o que nos une globalmente. Temos é de a usar com sabedoria para ela não nos sugar. Há muito para ver lá fora… e ouvir!