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Entretenimento

As Sardinhas da VICE

O Santo António é quando um homem quiser. Já desenhaste a tua?

​Quem é que quer saber da Páscoa? E do Natal, esse festival de tainadas que está aí não tarda nada? Ainda faltam seis meses para calcorrear Alfama e outros bairros lisboetas, mas a gente já está em festa. A sardinha é um clássico, não segue modas, quer-se roliça e pequenina. É uma musa intemporal. A sardinha é amiga, é para o menino e para menina, é gourmet mas também é popular. É mais portuguesa que o Cristiano Ronaldo. A par das cerejas, dos caracóis e da melancia, é aquela espécie de manjar que os deuses nos concedem, durante uns meses específicos do ano, e por isso, nós fazemos-lhe uma festa. Claro.

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Este ano, Lisboa voltará a estar repleta de sardinhas porque a ​EGEAC não brinca em serviço e já pôs mãos à obra. O estúdio ​SilvaDesigners criou uma campanha fluorescente para anunciar o concurso deste ano, por isso não há desculpas para: "Ah não vi, não sabia, não sei quê…"

​Tens até dia 3 de Dezembro, quarta-feira que vem, para entregar a tua. Aqui na VICE já temos as nossas.

Flor Bertram // Quando me pediram para desenhar uma sardinha não tive como recusar a proposta. Lisboa é um dos meus lugares preferidos no mundo, e tive a sorte de há uns anos festejar o Santo António nesta bela cidade. Com sardinhas por todo o lado, Lisboa está inundada de um fumo que quase se transforma numa neblina constante. A minha sardinha que fuma nasceu a partir de dois conceitos paralelos: a ideia das sardinhas "afogadas" no seu próprio fumo, naquela semana em que é impossível impedir que o teu cabelo cheire a fogareiros, mesmo que tenhas acabado de tomar banho. E paralelamente, esta Lisboa modernizada, onde apesar de todas as restrições europeias, ainda vês gente a fumar, sobretudo nos locais mais autóctones. Ambas ideias me levaram a um mesmo porto, e redundâncias à parte, assim nasceu a minha sardinha fumadora.

Álvaro Piñero // Eu não como sardinhas, não sou grande fã. Por isso decidi criar um conceito mais surrealista da sardinha, para dar-lhe carácter. É uma sardinha aburguesada.

Mar Font // A sardinha da Mar fala por si.

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Attassa Cabrera // Lisboa está mais viva que nunca durante as festas de Santo António, e podemos disfrutar dela, tanto de dia como de noite. É um mês de bailarico constante. Vi muitas fotografias da cidade, e fiquei ainda com mais vontade de visitá-la.

Olga Gorchs // Como designer gráfica que sou, o resultado é puro grafismo!A partir da fotografia de uma sardinha, converti-a em efeito gráfico. Primeiro subi a intensidade dos tons, e mudei a tonalidade das cores, saindo do habitual azul-cinzento da sardinha. E depois dei-lhe um efeito 3D, de extrude, não sei como é que se traduz, mas basicamente consiste em converter a imagem em mini cubos e dar-lhe volume e sombras.

Pol Rodellar // Gosto imenso de sardinhas. Tantas vezes me salvaram a vida, pelo seu preço acessível e convidativo. Enlatadas ou na chapa, foram sempre uma fiéis amigas. Em proporção ao seu corpo têm uns olhos enormes, característica que as transforma em seres maravilhosos, mais belos que as sereias ou o ouro, não acham?

Para esta "ilustração" usei recortes de revistas velhas que compro de vez em quando, num mercado de segunda mão que há em Barcelona. Como podem ver, não sou um profissional da collage, mas dei o meu melhor. Gosto da imagem em que aparece uma menina a correr, com um dinossauro atrás dela. Embora pareça um instante de terror, a fotografia foi tirada num parque de diversões onde haviam esculturas de dinossauros. Ou seja, esta menina estava nas sete quintas. É comovedor quando o terror e a felicidade coincidem desta forma.

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Pol Gonzalez // A sardinha de escabeche, enlatada, na brasa, o enterro da sardinha. Cada vez que penso numa sardinha imagino-a morta, por isso quis desenhar uma que nade depressa, feita de pequenos raios de luz.

Ruben Moldes // Não sou português e adoro Portugal. Há pouco tempo, na minha última visita a Lisboa, um amigo e eu passámos cinco dias a tentar descobrir porque é que os homens lisboetas são tão bonitos, e as mulheres tão feias. Calma, não era em sentido machista. Falámos da genética árabe, dos povos provenientes do norte, e coisas desse género. Evidentemente, não chegámos a nenhuma conclusão de jeito. Mas gostei muito duma bebida de velhos feita com amêndoa amarga, que se toma num copo de vidro. É melhor com gelo. Todas estas memórias, e os gajos giros de Lisboa, inspiraram-me a desenhar um homem, no perímetro quase exacto de uma sardinha assada.

Yago Mariño // ​Barcelona é de prata. Perdeu o ouro há muito tempo. A decadência. O orgulho de ser os segundos. Lisboa é a nossa esperança. Um exemplo, a prata é o novo ouro. A sardinha, a nova dourada.

Marta Nobre // Sou algarvia. Alguns dos melhores momentos da minha vida foram passados com uma sardinha na mão - nada de faca e garfo. O meu tio Zé instaurou, há uns anos, uma tradição natalícia. Cada verão compra uma boa quantidade das melhores sardinhas que encontra no mercado, congela-as em água salgada, e no Natal comemo-las assadas.