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Sugestão de angariação de patrocínios para o Fantasporto 2013

Há formas subtis para se obter aquilo que se quer.

Os domingos são dias em que as pessoas gostam de impor os seus pontos de vista. Se há dia em que o cérebro está intelectualmente estimulado para fazer valer determinadas opiniões, tem de ser aquele que muitos desconhecem como o primeiro dia da semana. Por exemplo, este meu domingo começou às três da manhã, recheado pelos pontos de vista de um ressacas. Ele achava que devia dar-lhe uma moedinha para ele ir comprar uma base, eu achava que não. Portanto, de forma democrática, ele fez valer a sua opinião e apontou-me uma naifa de higiene duvidosa. Curiosamente, os meus pontos de vista cambiaram à velocidade da luz e lá me vi forçada a aliviar o meu porta-moedas do peso que o exacerbava. No fim, cordialmente, o senhor de look grunge perguntou se me tinha assustado. Respondi-lhe: “Achas, pá? Essa cena de me apontares um facalhão às três da manhã numa rua deserta é para meninos! Para a próxima, vê se fazes uma cena decente e me arrancas um bocado do intestino delgado, gostava de sentir uma adrenalina mais próxima do Serbian Film. Obrigada, bom domingo!” No final de contas, acabei por lhe patrocinar uma moca, e isso é bonito. Às vezes, temos de nos impor aos nossos patrocinadores, abrir-lhes os olhos, cordialmente, tal como este ressacas me fez, de forma cavalheira. E, por isso, sugiro ao Fantasporto que ponha os olhos neste meu exemplo, principalmente depois de terem publicado a seguinte entrada no Facebook: FANTASPORTO patrocina o ESTADO PORTUGUÊS Estávamos a fazer ainda contas para ver até onde «podemos ir» no investimento do próximo Fantas e chegamos à conclusão [de] que o Estado vai receber cerca de 21 por cento dos custos globais do Festival e ainda mais 13 por cento das receitas de bilheteira… Assim, é o «apoio» do Estado à Cultura e à promoção Turística em Portugal. Que comentários fazer? Na sequência deste comentário, o assessor de imprensa que escreve os posts do Passos Coelho diria, provavelmente, algo como: “Amigos, sei que têm sido momentos difíceis para a cultura, mas tal como se faz com os jovens adultos, também queremos que a cultura se emancipe e mostre todo o seu potencial sem muletas do estado, em nome de um crescimento neo-liberalmente feliz.” Isto seguido de um novo livro do Camilo Lourenço a explicar as vantagens de despatrocinar a cultura. Todas as opiniões são válidas, há as boas e há as más. E apontar facas às três da manhã é uma forma democraticamente eficaz de angariar patrocínios. Vamos lá, Fantasporto. E não digam que nunca fiz nada por vocês.