Todos os meses de 2016 foram os mais quentes já registados

Este artigo foi originalmente publicado na nossa plataforma Motherboard.

Apesar da velocidade que a derretem os glaciares do Ártico, dos incêndios que devastam as florestas da América do Norte e da seca devastadora que atinge a África Oriental, ainda parece ser fácil para alguns ignorarem que o clima está a mudar.

Mas 2016 tem sido um ano marcante pelas suas temperaturas recordes e no final de Agosto, a Administração de Oceanos e Atmosfera dos Estados Unidos (NOAA) anunciou que Julho foi mesmo o mês mais quente já registado no Planeta desde que os registos modernos tiveram início, em 1880.

Vale a pena realçar que Julho costuma ser o mês mais quente de cada ano ao redor do Globo, mas este Julho em particular foi o mês mais quente já registado na Terra, batendo o recorde anterior… que pertencia a Julho do ano passado.

Os recordes de temperatura estão a ser derrubados como peças de dominó mês após mês, ano após ano. Embora Julho se destaque, cada mês de 2016 quebrou consecutivamente o seu recorde anterior (Maio de 2016 foi o mês de Maio mais quente, Abril de 2016 foi o mês de Abril mais quente e por aí fora). Vê bem: Junho de 2016 foi o mês de Junho mais quente já registado.

Maio também.

Abril destruiu os recordes anteriores de temperatura.

E Março também, de longe.

Fevereiro e Janeiro de 2016 foram os mais quentes da história.

"A sucessão de recordes começou em Maio de 2015", salienta a meteorologista Ahira Sanchez-Lugo. E acrescenta: "É uma superação constante, estamos a bater os recordes que estabelecemos na mesma sequência, no ano passado".

Segundo a NOAA, Julho foi o décimo quinto mês seguido em que a temperatura continental e oceânica global atingiu picos recorde. "Isto representa a sequência mais longa dos 137 anos de registos da NOAA", diz o relatório (a análise da NASA varia, mas só ligeiramente: a Agência refere-se a Julho como o décimo mês de recordes seguidos).

É quase certo que 2016 entrará na história como o ano mais quente já registado na Terra, embora ainda precisemos de aguardar pelos dados dos meses que faltam para confirmar se será o caso. Quando isso acontecer de facto, se acontecer, será o terceiro ano seguido de quebra de recordes, o que representaria um novo recorde por si só: não podemos esquecer que 2015 estabeleceu um recorde anual de temperaturas, batendo a marca anterior, de 2014. "Deveríamos estar consternados. Precisamos de pensar em formas de adaptação e mitigação. Caso contrário, as temperaturas continuarão a subir", diz Sanchez-Lugo.

Espera-se que o ano que vem seja ligeiramente menos intenso, com o implacável El Niño a perder força. Mas a verdade é que as temperaturas recorde, mês após mês, ano após ano, já não são a excepção, mas sim a norma.