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VICE News

A vida depois de Guantánamo: exilado no Cazaquistão

A VICE News fala com um homem que esteve detido pelos Estados Unidos durante 12 anos. Sem acusação formal, ou qualquer julgamento, acabou por ser libertado e continua a negar envolvimento em actividades terroristas.

Esta reportagem foi originalmente transmitida pela nossa plataforma VICE News.

O que acontece aos detidos da prisão de Guantánamo depois de serem libertados? A resposta a esta pergunta tem sido mantida praticamente em segredo.

Em finais de 2014, quando cinco ex-prisioneiros foram realojados no Cazaquistão, um alto funcionário da administração Obama garantiu que a partir daquele momento passavam a ser "homens livres". Mas, neste caso, o que é que significa exactamente ser um "homem livre"?

A VICE News viajou ao Cazaquistão para se encontrar com Abdul Mohammed Rahman, também conhecido como Lofti Bin Ali, que em Fevereiro de 2003 foi colocado sob custódia dos Estados Unidos, acusado de estar ligado ao Grupo de Combate Tunisino e à Al-Qaeda - algo que Bin Ali nega categoricamente. Apesar das suas explicações, foi marcado pelo exército norte-americano como "combatente inimigo" e enviado para Guantánamo, onde passou 12 anos, sem qualquer acusação formal, ou julgamento.

Em documentos do Departamento de Defesa trazidos a público pelo Wikileaks, pode ler-se que Bin Ali foi considerado um homem de "inteligência mediana". Para além disso, nesta avaliação de inteligência, feita em 2004, podem encontrar-se outras informações significativas: Bin Ali tinha problemas de coração, necessitava de rigoros cuidados médicos e, como tal, foi considerado de "baixo risco".

O exército recomendou que fosse repatriado, ou levado sob controlo para outro país. Apesar da recomendação, Bin Ali passou mais 10 anos em Guantánamo. Actualmente continua doente e parece até estar a piorar. O seu novo lar, na região Este do Cazaquistão, também não lhe proporciona as melhores oportunidades para uma reintegração total na sociedade.

"A vida depois de Guantánamo" retrata os desafios desta jornada e as circunstâncias misteriosas que continuam a rodear os direitos e as liberdades básicas dos ex-presos depois de serem libertados.