A Exposição de Fotografias Homoeróticas do Alair Gomes é Excitante
Foto: Alair Gomes

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A Exposição de Fotografias Homoeróticas do Alair Gomes é Excitante

Então corre que a mostra individual vai até o dia 4 de outubro na Caixa Cultural, em São Paulo.

Foto: Alair Gomes

Restam poucos dias pra quem estiver em São Paulo dar um pulo na exposição individual do carioca Alair Gomes, precursor da fotografia homoerótica no Brasil. A mostra gratuita que vai até o dia 4 de outubro no espaço Caixa Cultural, no centro da cidade, e vale.

Foto: Alair Gomes

Começar tarde na fotografia, após os 40 anos de idade, não impediu que Alair Gomes fizesse um trabalho que destaca-se até hoje pela originalidade com que retratou homens jovens e belos no Rio de Janeiro da década de 60 até início da de 90. Com um olhar voyerístico, suas séries em preto e branco trazem um paralelo com as esculturas greco-romanas, valorizando as nuances dos corpos atléticos que chamavam a atenção do engenheiro de formação e artista nas horas vagas.

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Foto: Alair Gomes

Boa parte das fotografias que compõem o acervo de aproximadamente 150 mil imagens de Alair foram capturadas a partir de seu apartamento com vista para o mar de Ipanema. Da janela, ele flagrava o ir e vir do povo das praias. A apresentação de suas principais obras é moderna, com diversas fotos de um mesmo lance que dão um sentido de movimento e narrativa para cenas cotidianas.

Foto: Alair Gomes

Na mostra da Caixa Cultural, o visitante irá encontrar uma série inédita de fotografias da galera do surf, da canoagem, da natação e do futebol. Possivelmente almejando um caráter universal para seu trabalho, Alair usava títulos em inglês e, entre as 293 ampliações expostas, também estão presentes as séries Sonatinas, Beach Triptychs, A New Sentimental Journey e Symphony of the Erotic Icons, esta última em uma sala anexa com diversas fotos de pirocas realizadas no apartamento do artista. Outro trabalho presente no museu, e que vale uma citação à parte, é a série realizada na praça da República em 1969, onde Alair documentou com bastante espontaneidade o auge da cultura hippie na cidade de São Paulo.

Foto: Alair Gomes

Apesar da boa quantidade de imagens, o espaço dedicado pela Caixa Cultural para a exposição é pequeno e não exige muito tempo do visitante. A organização das séries segue um sentido lógico, as molduras de madeira dão um aspecto caseiro para as ampliações feitas em material de qualidade.

Foto: Alair Gomes

E pode não ser proposital, mas o calor da sala é bem próximo do mormaço das praias do Rio. Então soe, divirta-se e fique excitado com as fotografias de Alair Gomes, um dos nomes mais valorizados no mercado de arte da atualidade e que viveu de maneira tão intensa e misteriosa quanto sua morte trágica: em 1992, aos 70 anos de idade e sem que sua arte tivesse ganho reconhecimento, ele foi encontrado em seu apartamento após ser assassinado por um dos modelos que posava para suas lentes. O autor do crime segue até hoje desconhecido.