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Tecnologia

A Marina e a Dilma Têm Uma Treta com o Google

As candidatas moveram quatro processos que envolvem o Google e seus usuários. Fomos conversar com os envolvidos nessa história.
A Marina quis apagar um blog e conseguiu. Crédito: Cacá Meirelles/Flickr

Como mostramos semana passada, a disputa eleitoral também tem suas brigas travadas fora dos holofotes dos debates de TV. O Aécio Neves, que chamou o Twitter pra porrada judicial, poderia se aliar a Dilma Rousseff e Marina Silva nesse ringue. As duas moveram um processo contra o Google e alguns de seus usuários e a gente foi atrás dos envolvidos nessa história para entender o que acontece.

A primeira ação ainda está tramitando no TSE. Por meio da sua coligação, Marina Silva exigiu que o blog Marina Silva Mente fosse retirado do ar em caráter liminar. Além disso, o Tribunal também exigiu que os dados do usuário responsável pelo blog fossem divulgados pelo Google para que as medidas cabíveis fossem tomadas.

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No dia 13 de setembro, o TSE julgou que o blog reproduzia calúnias a respeito da candidata e ordenou que ele fosse retirado do ar sob pena de multa — algo prontamente atendido pelo Google. Além disso, o Tribunal obrigou o Google a fornecer os dados do usuário responsável pela criação da página — o que parece que não foi feito pela companhia.

Não que a gigante das buscas tivesse nos falado isso de mão beijada: por email, o Google se limitou a dizer que as informações sobre os processos são de acesso público. A coligação da Marina também não se manifestou até o fechamento dessa matéria. Quem nos deu a informação quanto a manutenção do sigilo foi o próprio criador do Marina Silva Mente, que preferiu não revelar seu nome.

"Eu queria fazer uma lista de tópicos com as notícias ruins da Marina e o que tinha ali eram matérias que da Folha, do Estadão. Pra falar a verdade, eu fiz esse blog achando que não ia dar em nada", me disse ele por telefone. "Eu não tinha noção da proporção que isso ia tomar. Fui muito ingênuo."

A voz embargada deixou claro que ele estava nervoso e preocupado com a situação que poderia mesmo lhe custar o emprego. Em sua defesa, ele afirmou ainda que seu blog teve apenas nove dias de vida. Para Marina Silva, no entanto, isso foi suficiente para que medidas legais fossem tomadas.

No processo, a candidata também exige direito de resposta no mesmo Marina Silva Mente. O dono da página encerrou a ligação me dizendo que atenderia a essa exigência caso isso não lhe trouxesse mais problemas, muito embora ele tenha tomado conhecimento da ação ao pesquiser seu nome no próprio Google que ainda não o notificou, assim como o TSE.

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A Dilma também briga

O criador do Marina Silva Mente também me disse que seu blog nasceu como resposta ao Dilma Mente. O site, no ar desde o começo do ano, é uma rede online contrária à petista. Além da página, existe também uma página no Facebook, um perfil no Instagram e uma conta no YouTube com o mesmo nome.

Ainda assim, a atual presidenta resolveu comprar briga com outros usuários dos serviços do Google. Por meio de sua coligação, ela moveu um processo contra a empresa e contra os responsáveis por um vídeo em que, segundo os autos, o ex-presidente Lula demonstra apoio a Marina Silva. A candidata do PSB também entrou com uma ação na justiça por causa do mesmo caso, que não passa de uma montagem bem feita.

"Não fui autor dos cortes ou montagens. Apenas compartilhei o vídeo no YouTube sem ter a noção ou ciência de que se tratava de montagem", me disse o Mendes Junior Monteiro, um dos nomes levantados na ação de Dilma Rousseff. Assim como no caso da Marina Silva Mente, o material foi retirado do ar, mas, dessa vez, o usuário foi notificado pelo Google.

Mendes não recebeu notificação judicial até o momento. Como o Google também não disse nada sobre esse caso, tudo leva a crer que a empresa guardou os dados de mais um usuário, mesmo sob exigência judicial. Nos arquivos do TSE, consta que o processo foi entregue ao Ministério Público. O trâmite ainda corre.

O outro processo movido pela coligação da Dilma, ao contrário, foi encerrado. A candidata exigia a remoção de propagandas do AdWords que, na sua análise, eram prejudiciais a sua campanha e favoráveis ao Aécio Neves. Assim, o candidato mineiro também aparece nos autos, assim como a empresa Empiricus Consultoria & Negócios, criadora dos anúncios.

A justiça eleitoral deu razão à candidata. O Google retirou os anúncios do ar e a Empiricus não pode mais fazer qualquer anúncio que faça referência aos presidenciáveis. A decisão, no entanto, vale para 2014. A empresa publicou uma reclamação em seu site oficial. Quem sabe as coisas mudam em 2018 ou quem sabe as tretas só aumentem.