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A Verdade Sobre A “It Girl da Zona Sul”

Enquanto dava um rolezinho, conheci e conversei com Yasmin Oliveira da Silva e sua mãe para saber como é realmente a vida de uma "it girl" paulistana.

Maria Silva e sua filha, Yasmin Oliveira da Silva.

Ontem (23), tive a oportunidade de conhecer pessoalmente alguns dos organizadores do Rolezinho. Fui recebida, ao lado do diretor Toddy Ivon, com muitos sorrisos de aparelho fixo colorido num sobrado da Zona Sul. Um desses sorrisos, curiosamente, tinha aparecido há poucos dias no meu feed do Facebook. O post era um ctrl+c ctrl+v de um quadro que aparecia intercalando o texto da matéria da revista VEJA a respeito dos eventos e fazia referência a “It Girl da Zona Sul”.

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O post que apareceu para mim e para outras tantas pessoas ridicularizava a garota. A legenda da foto afirmava que sua mãe gastava tanto dinheiro mantendo o estilo de vida “it girl” — seja lá o que isso quer dizer — que mal conseguia economizar para comprar um apartamento. Confesso que não dei muita importância ao caso, até que a mãe da garota entrou na sala onde eu entrevistava sua filha e seus amigos para mostrar a última notícia sobre o assunto que havia sido divulgada.

Ela estava bastante aflita e, sentando-se no sofá ao meu lado, começou a me contar sobre o ocorrido. “Sabe, procura saber a verdade pra depois vocês falar [sic]” disse, comentando sobre o que havia sido afirmado na legenda da foto e sobre a repercussão da matéria na internet. A reportagem que ela nos mostrou naquele momento era de um blog do R7, que reproduziu um vídeo caseiro seu pedindo que as pessoas parassem de criticar sua filha nas redes sociais.

“Minha casa é rebocada, tem até massa corrida. E falaram que a gente deixa de comprar alimento pra comprar roupa e tal. Isso tudo [é] mentira. Deu a entender uma coisa que não é verdade, que não acontece na minha casa” complementou Yasmin. A mãe, dona Maria Silva, 38 anos, atua como governanta — atividade diferente da que lhe foi atribuída na reportagem, visto que ela não trabalha com limpeza. Enquanto conversávamos, afirmou diversas vezes que se orgulhava de poder comprar coisas para a filha e fazia isso porque queria, não porque a garota a obrigava. Segundo ela, o tênis de R$ 500 reais da Osklen custou muito menos do que isso e representa um dos vários exageros em relação ao estilo de vida da filha que a matéria, de forma inocente ou não, deixou transparecer.

Yasmin Oliveira da Silva, 15 anos, é uma garota bonita: cabelo tingido de loiro, maquiada e arrumada especialmente para a entrevista. Ontem mesmo, quando nos adicionamos no Facebook, ela tinha 80 mil seguidores na rede social. Hoje, soma mais de 100 mil. “É muito fácil você julgar quando não conhece a vida da pessoa”, disse. Sua fama cresce diariamente, assim como as críticas a seu respeito. Alguns internautas especularam até que a garota era casada e tinha uma filha, o que ela me garantiu ser um boato falso.

Mas, afinal, por que o desejo de Yasmin em ter acesso aos artigos de luxo, que são peças obrigatórias no armário de tantas outras, abre margem para tantas críticas? Em um dos comentários sobre o assunto, li a frase “Não pode, não tem. Pronto, supera!”. É fácil dizer isso quando se é uma garota de classe média alta que nunca teve que pegar uma van lotação para chegar em casa e, mesmo assim, desejar com todas as forças ser — ou pelo menos parecer — a garota na capa da revista teen que acabou de chegar nas bancas. A preferida de Yasmin é, inclusive, da mesma editora da revista que publicou a matéria em primeiro lugar. E, mais impressionante ainda, é a falta de pesquisa das publicações que divulgaram tantas informações sobre a vida da garota sem realmente conhecê-la. Dona Maria afirmou que já entrou em contato com a revista para que uma matéria de retratação seja publicada. Caso contrário, ela e a filha entrarão na justiça.