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Música

As músicas mais poderosas e influentes do David Bowie

Alguns dos nossos funcionários gringos escolheram suas favoritas e explicaram o que elas significam para eles.
David Bowie

O Thin White Duke morreu aos 69 anos, deixando algumas das maiores músicas de todos os tempos para trás. Aqui, alguns dos nossos funcionários escolheram suas favoritas e explicaram o que elas significam para eles.

LET'S DANCE

"Let's Dance" não e necessariamente minha música favorita do David Bowie (mesmo sendo, nem preciso dizer, uma puta música), mas em termos de lembrar Bowie, escolhi essa porque é a peça central de uma das grandes conquistas deles: a turnê Serious Moonlight. Com artistas como Bowie, cujo trabalho vai muito além da música, com um trabalho dotado de tanta visão, pensar em músicas individuais não conta realmente o que ele estava tentando fazer.

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E enquanto a maioria das pessoas associam a grandeza de Bowie com criações andrógenas como Aladdin Sane e Ziggy Stardust, para mim seu maior momento foi quando ele se tornou David Bowie, o grande romântico. Foi por volta desse período, no começo dos anos 80, que Bowie finalmente se tornou uma estrela do pop ligeiramente mais velha, que cantava músicas de amor e usava ternos, mas para mim, isso resume o trabalho dele, e provavelmente é a coisa mais próxima do Bowie verdadeiro. Com seu cabelo descolorido e seus ternos zoot meio gastos, ele parecia um detetive particular fashionista, cantando sobre amores perdidos e luxúria em estádios lotados e hipódromos internacionais. As calças eram ótimas, a dança era ótima e as músicas eram ótimas. A coisa mais legal, original, brilhante, honesta, estranha e sexy que vi na vida. Que é o que me entristece na morte de Bowie: o fato de que ser estranho, legal, sexy e original parece tão inviável como quando ele começou.

– Clive Martin, jornalista

ALWAYS CRASHING IN THE SAME CAR

Não sei essa música é realmente sobre o Bowie batendo seu carro repetidamente em seu traficante de cocaína, mas esse é o mito cercando a faixa. Claro que o período de Berlim significa muito para todos nós. Foi uma época incrível, pelo que consigo me lembrar.

– Alex Miller, chefe global de conteúdo

MODERN LOVE

São tantas músicas. Tantos estilos. Quando você tem um artista tão belo e brilhante quanto David Bowie, como você pode escolher uma só? A melancolia de "Where Are We Now", a grandeza de "Heroes", seu plano de vida de "Sweet Thing/Candidate/Sweet Thing (Reprise)": "We'll buy some drugs / and watch a band / and jump in the river holding hands". Mas eu escolho "Modern Love", porque isso combina uma observação cultural com uma batida infecciosa, arranjada com a voz inimitável de Bowie. E essa também tem outro plano de vida: "I know when to go out / and when to stay in / get things done". Ele sabia quando ir. Ele sabia quando ficar. Ele fez tanta coisa.

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– Oscar Rickett, jornalista

CHINA GIRL

Eu podia cuspir qualquer baboseira aqui sobre gostar de "China Girl" porque isso alfineta o orientalismo muito bem, ou como o clipe tão anos 80 repete todos os estereótipos sobre os asiáticos (incluindo Bowie fazendo os "olhos puxados"), mas honestamente? Quando eu era menina, rock e pop não eram feitos para pessoas como eu. Isso era cantado sobre e para garotas brancas bonitinhas, com cabelão e peitão. Adolescentes asiáticas queer esquisitas não eram as garotas bonitas sobre as quais os garotos cantavam. "China Girl" – e David Bowie em toda sua glória ligeiramente bissexual – me mostrou que você pode ser as duas coisas.

– Zing Tseng, editora do Broadly Reino Unido

MOONAGE DAYDREAM

"I'm the space invader / I'll be a rock and rollin' bitch for you." Existe no mundo duas frases anunciando o conceito de um disco inteiro melhor que essas da faixa três de The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars? Não. A resposta é sempre não. Porque quando aquelas teclas delicadas de piano chegam dançando, e Bowie grita sobre armas de raios e rostos espaciais, e a guitarra de Mick Ronson corta tudo ao meio como uma motosserra numa floresta vazia, nesse ponto – exatamente aos trinta segundos – não existe mais nada, só Moonage Daydreams.

– Joe Zadeh, editor do Noisey Reino Unido

V-2 SCHNEIDER

Sério, não sou só um babaca da VICE tentando desesperadamente hastear a bandeira do "sou mais cool que você", depois da morte de um dos ícones culturais mais importantes que essa pequena ilha de merda já produziu. Minha música favorita de David Bowie é realmente essa faixa estranha, difícil, chorosa e cheia de zumbidos "V-2 Schneider" de Heroes. Mesmo que a voz de Bowie quase não apareça nela, fora as entonações do título e gritos. "V-2 Schneider" parece, bom, um V-2 decolando, o que significa que isso parece um pouco com "Here Come the Warm Jets" do Eno, que basicamente é a melhor música da história. É uma explosão propulsora que ainda, 38 anos depois, soa como tudo que você pensava que o futuro seria. Ah, e aquele sax! Aquele sax indecente, lascivo e francamente sujo, cortesia do próprio Bowie. É um testemunho alienígena da genialidade alienígena do cara.

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– Josh Baines, editor do Thump Reino Unido

WHERE ARE WE NOW?

Algumas melodias são criadas, outras são descobertas, e David Bowie tinha um dom sobrenatural para esse último tipo. Não há melhor exemplo disso, para mim, que "Where Are We Now?" de 2013. Uma música que soava estranhamente como se existisse desde sempre, tanto em tom como em sentimento. Apesar de "Lazarus" e muitos outros momentos do disco mais recente Black Star provavelmente oferecerem muito mais na forma de comoção óbvia, para mim, "Where Are We Now?" é um testemunho muito mais triste. A letra, especialmente as referências aos dias em Berlim, são uma lembrança estranhamente enlutada dos anos de revolução que ele ajudou a moldar. No geral, com o simples emparelhamento "As long as there's me / As long as there's you", ele evocou uma ideia que ainda me faz sentir muito triste quando ouço isso nos momentos certos. Que todo o tempo que passamos olhando para as glórias do passado é sem sentido se lembramos sozinhos.

– Angus Harrison, redação do Thump Reino Unido

MAGIC DANCE

O legado de Bowie é ricamente diverso, sobrenatural e incomparável, mas para mim ele foi cristalizado na minha primeira impressão visual dele: mullet arrepiado, sombra cintilante, calça colada mostrando o volume. Esse travesso Jareth, o Rei Goblin, um sorriso mau para seus capangas fantoches, correndo em volta de seus tornozelos em botas de pirata. "Magic Dance" é uma música perversa para escrever como favorita – brega, ridícula e ancorada naquelas facadas de sintetizador que parecem fantasticamente datadas agora. Claro, há várias outras músicas mais emocionantes e definidoras no cânone dele, mas esse é o Bowie mais brincalhão, uma música e uma dança cheia de alegria, firmemente irônica. E que ponto de partida incrível para tantas crianças que assistiram o VHS de Labirinto. Isso é Bowie como ele sempre foi: fazendo exatamente o que queria e nos surpreendendo a cada passo do caminho.

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– Kim Taylor-Bennett, editora e produtora do Noisey EUA

ROCK 'N' ROLL SUICIDE

Eu podia repetir a fala do jornalista musical sobre como essa música é o momento em que Bowie transformou Ziggy Stardust num clichê do rock 'n' roll, e o que isso significa… Mas adoro essa música porque é a trilha sonora de toda manhã depois da cada grande noite da minha vida. É uma música que fala sobre fragilidade depois do excesso, quando você está de ressaca, falido, perdido e se perguntando por que faz isso e se tudo vale a pena. Aquele momento quando, de repente, você percebe que não é imortal. Ou, nas palavras do grande homem: "Time takes a cigarette, puts it in your mouth".

– Jenny Stevens – editora geral da VICE Reino Unido

HEROES

"Heroes" é uma escolha óbvia, e isso porque essa é inegavelmente a maior música de Bowie. Dentro de suas paredes glamorosas há um estoque imortal de algo queimando e dourado, algo que toda grande música tenta alcançar: uma sensação de possibilidade selvagem. É como se o amor da minha vida estivesse na esquina, e se eu virar agora vamos cair nos braços um do outro. "Heroes" me faz sentir vivo, me enche de promessas. Me faz ansiar por momentos que ainda não vivi e reviver carinhosamente os que já passei. É uma destilação da beleza da vida, tocando as cordas do coração que unem momentos breves demais na nossa jornada sem fim para entender o que significa ser humano.

Obrigado por esse sentimento, Bowie.

– Ryan Bassil, redação do Noisey Reino Unido

Tradução: Marina Schnoor

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