FYI.

This story is over 5 years old.

Histórias da Vida Real

Assaltados

Pra festejar mais um dia mormacento de trabalho da semana, aí vai uma coleção de histórias dos assaltos mais deprimentes que já ouvimos dos nossos amigos britânicos espalhados por todo o globo.

Pra festejar mais um dia mormacento de trabalho na semana, aí vai uma coleção de histórias dos assaltos mais deprimentes que já ouvimos dos nossos amigos britânicos espalhados por todo o globo.

Ilustrações: Sam Taylor. Siga o cara no Twitter (@sptsam) ou visite o site dele: samtaylorillustrator.com.

ABORDAGEM À BRASILEIRA

Estive no Rio de Janeiro recentemente com um amigo. Uma noite, enquanto fumávamos um cigarro pós-jantar na praia de Copacabana, um grupo de caras vestidos de mulher chegou na gente pedindo cigarros. Eles estavam desgrenhados, fedendo a álcool e parecia que não penteavam as perucas há muito tempo. Eles começaram a insistir pra que a gente fizesse sexo com eles, dizendo coisas escrotas como: “Pode colocar no meu cu, pode colocar na minha boca, pode colocar onde você quiser, neném”.

Publicidade

Reagi como achei que o Hugh Grant faria se estivesse prestes a ser estuprado: comecei a tremer e, com o sotaque britânico mais educado que consegui conjurar, respondi: “Mil desculpas, mas hoje não”. Não funcionou. Eles se aproximaram e começaram a pegar na gente, nos dando o que agora chamo de “abordagem à brasileira”: uma mão agarrando desesperadamente nossos pintos e outra tentando alcançar nossos bolsos.

Quando finalmente conseguimos afastar os caras, fugimos rua abaixo e logo percebemos que estávamos sem nossas carteiras. Viramos só pra testemunhar os travestis tirando os paus pra fora e chacoalhando. Eles riram da nossa cara por um tempo, depois tiraram os saltos e deram o fora com as nossas carteiras. Ficamos parados ali em silêncio, tentando digerir o que tinha acabado de acontecer. Passamos a primeira parte da noite numa delegacia de polícia e o resto dela tentando falar com nossas famílias pra conseguir algum dinheiro.

Clique nas próximas páginas para ler mais histórias hilárias sobre pessoas sendo assaltadas.

PEGADAS NA NEVE

A terceira vez que fui assaltado provavelmente foi a mais assustadora. Eu estava caminhando até a casa da minha namorada depois de ter ido buscar uma sobremesa. O chão estava coberto de neve. Não lembro exatamente o porquê, mas parei no meio da rua pra ver alguma coisa no meu celular. Pensando agora, isso foi bem idiota da minha parte. Um segundo depois ouvi passos na neve atrás de mim. Um cara apareceu e arrancou o celular da minha mão. Fiquei ali um segundo, espantado com o que tinha acontecido e acho que até tentei pedir pra ele reconsiderar, dizendo algo como: “Ei, cara. O que cê tá fazendo? Qualé?”.

Publicidade

Ele só riu e continuou caminhando. Cuzão. De repente, senti um objeto duro batendo na minha cabeça. Cai e logo percebi que o ladrão tinha um parceiro que me atingiu com uma garrafa de cerveja. Não sei se você já levou uma garrafada, mas realmente machuca. E ali estava eu, no chão, com a mão na cabeça e o cara segurando a gola da minha jaqueta. “Passa o dinheiro”, ele disse, e eu dei os 40 dólares que tinha. “Não, me dá a carteira, ou te bato de novo”, foi a resposta dele. A respiração dele fedia. Falei que estava sem carteira, o que era verdade. Eu não sabia o que o cara queria que eu fizesse. Ele deu de ombros, largou minha jaqueta e andou na direção do parceiro.

Os policiais disseram que dava pra rastreá-los por causa das pegadas na neve, mas claro que isso não deu em nada. Todos os três assaltos aconteceram em noites de domingo, então sempre tomo cuidado extra nesse dia da semana.

Clique nas próximas páginas para mais histórias hilárias sobre gente sendo assaltada. 

DENTES DE OURO

Meu amigo Rick estava voltando pra casa uma tarde, quando dois caras apareceram do nada atrás dele e tentaram roubar seu iPod. Só que eles não conseguiram, porque meu amigo reagiu. Ele ficou com os fones de ouvido o tempo inteiro enquanto lutava com os caras. Ele estava ouvindo “Please, Please, Please Let Me Get What I Want”. Ele disse que só conseguiu ver o céu quando os caras o empurraram, e ele lembra do Morrissey cantando “Please, please, please…” no seu ouvido quando caiu no chão.

Publicidade

Os bandidos fugiram depois de um tempo, mas antes rasgaram a boca dele até o queixo e quebraram alguns dentes da mandíbula. Ele também quebrou o pé lutando com os caras. Depois da tentativa de assalto, ele entrou numa casa de curry próxima pra pedir ajuda, mas os funcionários o colocaram pra fora, porque ele estava todo arrebentado e sujo, e assustou os clientes falando torto.

Nessa hora, um amigo nosso que estava passando de carro o reconheceu e levou o Rick pro hospital. O médico deu duas opções: ou costurar o lábio dele com anestesia, o que podia acabar ficando meio torto, ou sem anestesia, pra ficar bem reto. Apesar de doer muito, ele ficou com a última opção. Agora ele tem dois dentes de ouro, está todo coberto de tatuagens e parece tão fodão que ninguém vai ter coragem de mexer com ele de novo.

Clique nas próximas páginas para mais histórias hilárias sobre gente sendo assaltada. 

O MÉTODO DA BOLSA NOJENTA

Minha amiga Annika é uma das pessoas mais legais que conheço, mas também é a mais esquisita. Trabalhávamos numa loja de roupas quando tínhamos uns 19 anos e ela sempre enchia a sala de trás com vários plásticos, papéis e sacolas plásticas cheias de coisas aleatórias dela — cascas de laranja, recibos amassados, absorventes e o caralho a quatro.

Quando a gente fechava a loja, sempre tinha alguma coisa que ela não conseguia achar, geralmente as chaves ou o cartão de crédito. Se não estavam na bolsa gigante dela, tínhamos que começar a esvaziar as dezenas de sacolas na sala de trás, colocando todos os itens numa linha reta no chão até que o objeto perdido fosse finalmente identificado.

Publicidade

Anos depois, ela viajou pela América do Sul. Uma noite, enquanto voltava pra casa com uma amiga depois de uma festa numa região escura de Buenos Aires, uns bandidos se aproximaram e pediram que elas entregassem as bolsas. Eles começaram com a bolsa da amiga, pegaram o celular e a carteira, e jogaram a bolsa de volta pra ela. Agora, mexer na bolsa da Annika era outra história.

Eles cavaram desesperadamente naquela bagunça por uns bons minutos, fazendo cara de nojo quando encontravam um chiclete mastigado ou uma casca de banana. Os caras ficaram confusos com o que ela tinha dado pra eles, mas um grupo de pessoas passou pela esquina e os assaltantes decidiram vazar. Quem diria que a melhor proteção contra ser assaltada por caras assustadores numa rua deserta de uma área barra pesada seria simplesmente ter uma bolsa bagunçada?

Clique nas próximas páginas para mais histórias hilárias sobre gente sendo assaltada. 

CELULAR ESCROTO

Cresci numa vizinhança barra pesada e costumava ter orgulho da minha habilidade de conversar, correr ou brigar pra me safar na maioria das situações. No entanto, quando eu tinha 16 anos, estava voltando de uma festa na qual invadi o jardim de outras pessoas, encoxei objetos inanimados, confessei meu amor imortal por gente que tinha acabado de conhecer (foi a primeira vez que tomei ecstasy) e me vi em apuros. Depois de embarcar no trem, notei um cara que parecia uma versão ainda mais bombada do 50 Cent desligando seu celular. Isso estava atrapalhando minha viagem, então passei pra outro vagão e me deitei pra tirar uma soneca e tentar sair daquela pegação do E.

Publicidade

Depois de uns dez minutos de jornada, abri meus olhos e encontrei meu novo amigo parado bem na minha frente, olhando diretamente pros meus olhos, como se a gente fosse dar aquele beijo mágico de cabeça pra baixo do filme do Homem-Aranha. Ele sentou do meu lado, pediu um cigarro e me disse pra “mostrar as horas pra ele” (linguagem das ruas pra “pega seu celular”). Eu sabia que a única coisa que tinha comigo era um maço meio vazio de cigarros e um velho Nokia 3310, um celular tão escroto que ninguém conseguiria nem cinco libras por ele no mercado negro, então obedeci de bom grado. Normalmente eu teria me colocado na defensiva, mas as drogas tinham mexido com meu raciocínio natural.

Aí, bizarramente, ele pediu pra que eu conversasse com a namorada dele pelo telefone dele, enquanto “checava as minhas coisas”. Ele parecia mais confuso do que eu enquanto tínhamos aquela conversa. O trem finalmente parou numa estação e eu disse tchau pro meu novo amigo quando ele saiu do vagão. Uns 20 minutos depois, cheguei até a minha parada, só pra perceber que a porcaria do 3310 não estava comigo. Aquele telefone tinha mais utilidade pra ele como míssil balístico do que como peça de tecnologia de comunicação. No entanto, quando saí do trem, comecei a perceber o que tinha acontecido, meu recorde perfeito de não-assaltos tinha chegado ao fim.

Clique na próximas páginaspara mais uma história hilária sobre gente sendo assaltada. 

Publicidade

CICLISTAS NAVAJO

Tenho uma paixão por uma garota da escola desde que ela terminou comigo na nona série depois do treinamento militar obrigatório. A gente estava saindo há uns quatro dias, o que envolvia tentar não olhar um para o outro ou conversar. Ela sabiamente terminou comigo um dia quando estávamos usando camuflagem completa e boinas da RAF na garoa da região sul de Londres.

Depois de três anos sem contato, juntei coragem suficiente pra chamá-la pra ir comigo até um parque de Dulwich num dia de sol durante a folga. Eu tinha passado os últimos quatro dias pintando uma casa, então estava cheio da grana. Fui pra lá com $300 no bolso, meu discman e uma esperança fervente de conseguir beijá-la ou até mesmo colocar a mão na área do quadril/bunda.

Ela já estava lá quando cheguei e achamos um lugar semiprivativo, onde nos sentamos de pernas cruzadas na frente um do outro. Não lembro sobre o que a gente conversou, mas provavelmente foi muito constrangedor pros dois. Logo, um garoto com uma mountain bike passou por nós, depois passou de novo, depois passou mais uma vez. Claramente impressionado com o meu descuido com meu novo discman, ele decidiu convidar oito de seus amigos, que circularam a gente com suas bicicletas, fazendo um pastiche da rotina de intimidação dos índios americanos antes de desmontarem.

Nessa hora, três coisas ficaram claras: sentar de pernas cruzadas não só te faz parecer criança, como também torna quase impossível se levantar rapidamente; a escolha do lugar privativo não estava mais a meu favor; e, finalmente, não tinha como eu me dar bem com aquela mina naquele dia.

Depois que um dos caras maiores me avisou que: “se você olhar pra minha cara, vou chutar sua boca, seu babaca”, eles tiraram meticulosamente de mim meu discman, meu dinheiro pela pintura da casa e dois CDs, e tudo isso enquanto eu nem ousava olhar pra cima com medo que chutassem minha boca de babaca. Tudo que eu conseguia ver era a cara da garota me olhando do jeito mais devastadoramente patético possível. As últimas gotas da minha autoestima tomaram napalm quando os ciclistas pediram o celular dela, no que fiz a tentativa hercúlea de implorar pelo cartão SIM (sem sucesso).

Eventualmente eles foram embora gritando “babaca” pelo caminho, no caso de eu esquecer que era, realmente, um grande maricas. Depois levei a garota pra casa dela. Que dia incrível.

Mais histórias:

Me Cago de Medo de Bananas de Pijamas

Deu Merda!