​Tudo que sabemos sobre o ataque à comunidade dos Guarani Kaiowa no Mato Grosso do Sul
Um dos indígenas baleado durante o ataque na Dourados-Amambaipegua I. Foto: divulgação Instituto Socioambiental

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​Tudo que sabemos sobre o ataque à comunidade dos Guarani Kaiowa no Mato Grosso do Sul

O ataque resultou em uma morte de um agente de saúde indígena e nove feridos.

Os Guarani-Kaiowá foram severamente atacados por 70 fazendeiros que invadiram a Fazenda Ivu, localizada no município de Caarapó (MS). O crime ocorreu na manhã de terça-feira (14) e fez vítimas. O agente de saúde indígena Clodiodi Rodrigues Souza, de 23 anos, foi morto pelos ruralistas e cerca de dez membros da comunidade indígena ficaram feridos.

O ataque foi uma resposta direta à ocupação dos Guarani-Kaiowá no último domingo (12) do território chamado de Toropaso, situado dentro da Fazendo Ivu. O local era fruto de discussão há tempos e, após uma longa espera dos indígenas que sofreram diversas represálias de empresas de pecuária e agronegócio há décadas para ocupar o local, a Funai finalmente identificou o local em maio desse ano como terra indígena, porém ainda não havia feito a demarcação do território.

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Clodiodi, foi a única vítima fatal dos ruralistas e, segundo as informações colhidas pelo Instituto Socioambiental (ISA), era filho de Leonardo Souza, o vice-capitão da Reserva Indígena Caarapó, também conhecida como aldeia Te'ýikue. O ataque aconteceu às 10 horas da manhã quando os fazendeiros cercaram mais de 100 indígenas com caminhonetes, motocicletas e um trator e começaram a atirar.

Um vídeo obtido pela ISA mostra o momento que os criminosos cercaram a área e começaram a atirar e incendiar as motocicletas dos índios.

Segundo a mídia local, o proprietário da Fazenda Ivu registrou um boletim de ocorrência na Polícia Civil de Caarapó quando ficou sabendo que um dos seus funcionários foi impedido de adentrar o território pelos indígenas. Há também informações de que um outro funcionário foi feito refém, mas nada foi confirmado. A Polícia Federal chegou a passar pela fazenda na segunda-feira para averiguar a situação, mas também não forneceu detalhes.

Em nota, a Funai lamentou o ocorrido e a morte do agente de saúde e "manifesta sua solidariedade ao povo indígena Guarani Kaiowá e o compromisso de atuar na mobilização das autoridades de segurança objetivando a apuração de responsabilidades pelo óbito e pela lesão aos indígenas que se encontram feridos". A fundação frisou que "os Guarani Kaiowá lutam há décadas pela regularização fundiária de seus territórios de ocupação tradicional, e a Funai condena toda e qualquer reação desproporcional embasada em atos de força e de violência contra o povo indígena".

O Governo do Estado de Mato Grosso do Sul também se pronunciou após a grande repercussão dos ataques e relatou que os indígenas feriram e roubaram as armas de três policiais militares que foram atender a ocorrência. Em nota, o governo de MS também relata que os indígenas atearam fogo na viatura e em um caminhão que transportava uma colheitadeira.

O ministro da Justiça e Cidadania, Alexandre de Moraes, autorizou na quarta-feira, dia 15, o envio da Força Nacional para a área de conflito entre os produtores rurais e a comunidade indígena a fim de auxiliar as Polícias Federal, Militar e a Rodoviária Federal.

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