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O bar de gelo no Rio é melhor para tirar selfie do que pra beber

O recém inaugurado Rio Ice Bar é um iglu de 130 toneladas de gelo polido e dá ao termo "frescão" todo um novo entendimento.

Essa matéria foi originalmente publicada no Munchies US.

Considerando que os cariocas costumam reclamar do frio quando faz 20º C, a ideia de abrir um bar de gelo na cidade me pareceu uma novidade duvidosa.

E com o verão no Rio dando oportunidade para os cidadãos desfrutarem sensações térmicas de até 55º C, encorajar as pessoas a beber numa temperatura abaixo de zero também parecia meio arriscado.

Rio Ice Bar na Barra da Tijuca. Todas as fotos pela autora.

Mas seja pela popularidade inexplicável de Frozen ou a magia invernal de 130 toneladas de gelo esculpido, parece que os bebuns do Rio mal podiam esperar para visitar o lugar.

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Inaugurado no começo da semana, o Rio Ice Bar na Barra da Tijuca é inspirado em estabelecimentos do tipo em Londres, Boston e Praga. O bar abriu um pouco antes do Carnaval — tipicamente o período mais quente do ano no Rio.

"A ideia era trazer um pouco do frio para o Rio, que é um lugar muito quente", explicou Lorena Santos, gerente de marketing da Prezunic, a rede de supermercados por trás do bar pop up. "Vemos isso como uma novidade do Rio de Janeiro — um contraponto. As pessoas estão cansadas do calor e vêm para cá para experimentar um pouco de frio."

O bar empregou uma equipe de especialistas e um escultor de São Paulo, que levou 20 dias para criar tudo, depois foi transportado para o Rio em dois caminhões refrigerados a -15º C. Quando cheguei à inauguração, já havia certo burburinho e uma fila impaciente.

"É geladíssimo!", gritou uma visitante saindo do lugar, acenando enquanto passava pela fila naquela tarde suada. A experiência começa numa recepção com ar-condicionado, onde a equipe entrega agasalhos térmicos e luvas ao público. Depois, grupos de 20 pessoas entram numa antecâmara climatizada a 17º C, que prepara o corpo para a queda de temperatura. Depois de três ou cinco minutos, os visitantes entram no bar abaixo de zero e ficam por no máximo 20 minutos — o suficiente para uma cerveja de cortesia e uma dose de saquê, além das fotos obrigatórias com as esculturas de gelo do Cristo Redentor e do Pão de Açúcar.

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O bar conta com esculturas de gelo dos marcos da cidade, incluindo o Cristo Redentor.

"Quase ninguém consegue ficar aqui dentro mais do que esse tempo porque é congelante", disse Santos. Passando pela porta do freezer, fica claro que a experiência é menos sobre o bar e mais sobre o gelo. Como crianças vendo neve pela primeira vez, os brasileiros de classe média mal conseguem beber, enquanto posam com as esculturas e tiram fotos com os blocos de gelo cristalino. As paredes de gelo polidas do bar, sofás, mesas e os copos — tudo é feito de gelo e banhado por uma luz glacial azul, tipo um clube noturno polar. Drinques de saquê com pêssego, uva ou goiaba são servidos em cubos de gelo do tamanho da mão. Os barmen precisam dar uma pausa para as mãos depois de servir cada grupo.

A sensação de congelador é suave no início, mas depois de dez minutos, senti uma sensação de queimadura nos dedos e meu nariz começou a escorrer. Na saída, a volta para o calor do Rio é esmagadora. Meu dedos pareciam pedras e meu nariz estava entupido. É tipo uma sauna reversa. "Adorei. Isso podia ser uma atração turística da cidade", disse Harley Borges, que foi um dos primeiros a se aventurar dentro do bar acompanhado da esposa, Glória.

"Um tempo atrás, um amigo foi para Abu Dhabi e me falou sobre o bar de gelo de lá", acrescentou Glória. "Quando vimos que isso ia abrir no Rio, eu disse pro meu marido: 'Vamos ser os primeiros'."

Numa jogada de marketing inteligente, Santos distribuiu ingressos para o bar de gelo a cada 60 reais gastos em cervejas da Brasil Kirin nos supermercados Prezuniv. Cerca de 20 mil visitantes são esperados no bar nos próximos dois meses, com a maioria dos que já fizeram o passeio dizendo ter gostado da experiência.

"Achei maravilhoso", disse Maria de Fátima, professora aposentada. Ela e o marido Maurício Batista se descreveram como cariocas da gema, e acrescentaram que nunca tinham viajado para um lugar frio.

Tatiane Barbosa, uma supervisora de Minas Gerais, foi ao bar de gelo no dia da inauguração enquanto passava férias no Rio. "Minha prima me mandou fotos e disse que o bar ia abrir", ela disse. "Fiquei muito empolgada e pedi a ela para descobrir como conseguir os ingressos. Amei, quero voltar. Foi muito lindo." Os brasileiros sempre dizem que gostam de cerveja "estupidamente gelada". Agora eles têm um lugar estupidamente gelado para beber também. Tradução do inglês por Marina Schnoor.