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Entretenimento

O diário visual de Grace Neutral em busca de ideais alternativos de beleza no Brasil

A tatuadora e ativista britânica compartilha imagens e fala da sua viagem ao nosso país.

Grace Neutral é a moça de olhos roxos, língua bifurcada e beleza élfica que cativou nossos corações na primeira temporada do Beyond Beauty em sua jornada pela Coreia do Norte em busca de ideais de beleza alternativos. Em sua nova aventura, a tatuadora e ativista viajou para São Paulo para conhecer mulheres jovens desafiando os padrões quando o assunto é beleza. Aqui ela compartilhou seu diário visual, discutiu suas preconcepções sobre o país e as observações que fez quando estava lá. Assista aos três episódios da segunda temporada da série no final da entrevista:

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VICE: O que você pensava sobre as brasileiras antes de visitar o Brasil?
Grace Neutral: Eu não tinha ideia do que esperar. Quando pensava no Brasil, pensava em carnaval, praias e um monte de pessoas bombadas andando seminuas sob o sol tropical!

O que você esperava encontrar?
Esperava encontrar a verdadeira cena de beleza underground do Brasil, queria conhecer pessoas que desafiavam o mainstream e traziam originalidade para sua vida cotidiana.

Que observações sobre a identidade feminina você fez lá?
Percebi logo que ser mulher no Brasil e muito foda, especialmente se você não se encaixa no "ideal feminino", e quanto mais mulheres conheci, fui percebendo que não é apenas difícil ser mulher o Brasil, mas que se você é uma mulher negra, a estrutura social se torna ainda mais difícil de superar.

Muitas garotas que você conheceu falaram sobre as pressões dos padrões europeus e os rótulos, isso é algo com que você se identifica?
Sou uma garota europeia branca, mas não me encaixo necessariamente no padrão de beleza europeia mainstream por causa das coisas que fiz com meu corpo — mas não faço ideia de como é a pressão social por causa da cor da pele, então não tenho nem como começar a imaginar ou tentar descobrir a verdadeira identidade delas.

Muitas delas são ostracizadas por serem diferentes em seu país, mas também celebradas mundialmente na internet, o que você acha que isso diz sobre a beleza alternativa?
Isso me faz pensar em duas coisas: uma, isso mostra que o mainstream não é o "visual" mais desejável, e que ser você mesma e ser fiel a quem você é, é lindo em todas as suas formas. Também me faz pensar que ainda temos um longo caminho pela frente na comunicação uns com os outros. Tenho certeza que muitas pessoas no Brasil adoram o "look alternativo", mas a pressão de beleza vinda da mídia mainstream e da sociedade significa que muitas delas não falam sobre isso abertamente, para não serem ridicularizadas ou sentiriam que não pertencem porque estão fora da norma — como eu sei bem, a internet é um ótimo lugar para as pessoas se abrirem sobre suas opções, e não se sentirem tão expostas e julgadas como seriam na vida real.

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As mulheres vão longe para se encaixar no físico perfeito, fazendo cirurgias plásticas e procedimentos do tipo. Por que as criticamos por fazer isso, as chamando de vazias, mas celebramos mulheres que tomam rotas alternativas como piercings ou modificação corporal?
Não devemos criticar ninguém pelas decisões que elas tomam sobre seus corpos. Essa não é a questão — é sobre uma certa aparência e a pressão que o mainstream coloca sobre as jovens mulheres para terem um certo visual. A questão é entender se você está realmente fazendo isso por si mesma ou por pressão dos outros (que podem ser qualquer um, amigos, parceiros, a mídia).

Como as mulheres estão lutando pela expressão feminina no Brasil?
De muitas maneiras. Elas estão se rebelando contra o "fem", então raspam a cabeça e adotam um visual mais andrógeno. Jovens negras estão se empoderando ao usar o cabelo natural, se rebelando contra o ideal europeu mainstream que é forçado para elas.

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Tradução: Marina Schnoor

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