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Casamento e Chuva no 7º Ato do MPL em SP

A noite sem complicações para o MPL deixou a dúvida: será que amanhã não vai ser maior?

Com as duas mãos em frente ao corpo, o Coronel José Eduardo Bexiga torce sua boina cinza de policial militar. Instintivamente, ele é copiado pelos dois soldados que o acompanham. Molhados da cabeça aos pés, os três riem. À frente do efetivo que acompanha o sétimo grande ato do Movimento Passe Livre pela cidade de São Paulo, o coronel desabafa: "Pra gente, a chuva é o menor dos problemas".

Talvez também não o seja para o MPL, que mesmo com a incessante água caindo do céu durante toda a tarde na cidade de São Paulo, não cancelou o protesto contra o aumento do transporte coletivo - a concentração era em frente à Prefeitura, às 17h, numa sexta-feira (6).

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"O MPL tem dez anos. A gente faz ato debaixo de bomba, debaixo de chuva, debaixo de repressão", disse Andreza, do Passe Livre, à VICE.

Ainda na concentração, o padre Julio Lancelotti, conhecido militante da esquerda paulistana, realizou um casamento fictício: a noiva era uma catraca. O noivo, um boneco do prefeito Fernando Haddad.

Mesmo com pouca gente, o trajeto foi decidido em assembleia: passava pela Praça João Mendes e ia até o Terminal Parque Dom Pedro. A noite de bodas teve até padrinho: com um botão de cravo vermelho no paletó, um integrante do MPL conduzia a noiva catraca e seus pés de skate.

Pelo Twitter, a Polícia Militar divulgou 200 presentes (dando ênfase em 10 black blocs). Dessa vez o MPL nem falou sobre números.

A justificativa de Andreza é o padrão atual do MPL: "Pra gente, é mais importante as pessoas estarem discutindo o transporte e a tarifa zero do que trazer 20, 30 mil pessoas pra rua".

Durante o trajeto, um mar de guarda-chuvas caminhava. A chuva apertou em alguns momentos e cessou em outros. No final, imprensa, manifestantes e polícia estavam mais secos do que no começo.

Do lado de fora do Terminal Parque Dom Pedro, foi realizado o ritual da queima de catraca para, na sequência, ficar todo mundo pulando sobre o fogo.

Tudo terminou de maneira pacífica. Mas uma coisa estranha rolou: diferentemente de todas as outras vezes, o próximo grande ato não foi anunciado. Será que amanhã não vai ser maior?

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