Cobrasnake relembra uma década fotografando festas hipsters

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Relembrando o Hipster

Cobrasnake relembra uma década fotografando festas hipsters

Hoje, após fotografar o começo de carreira de vários artistas, Mark Hunter continua trabalhando com fotografia e arrisca em ser um guro do fitness.

Todas as fotos pelo autor.

Desde que o mundo alcançou o Auge Hipster, já passou tempo suficiente para podermos olhar para trás e enxergá-lo como um movimento, uma febre ou um meme – ou que porra tenha sido –, e tentar fazer um balanço para entender o que significou, se é que é possível. Então, é exatamente isso que vamos fazer com uma pequena coletânea de matérias.

Minha carreira começou quando eu tinha 18 anos. Eu trabalhava para Shepard Fairey, e ele me levou a várias exposições de arte, shows incríveis e tal. Isso foi antes dos iPhones e antes que todo mundo tivesse câmera digital; ou seja, eu geralmente era o único tirando fotos. As pessoas sempre me pediam para mandar as fotos desses eventos para elas. E era isso que eu fazia: eu anotava o e-mail delas e mandava as fotografias. Eu era jovem; portanto, eu só ficava feliz que as pessoas quisessem ver minhas imagens.

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Isso acabou ficando meio chato; assim, decidi colocar as fotos num site. Isso decolou praticamente da noite para o dia. Tenho quase certeza de que esse foi o primeiro site do tipo, apesar de o Last Night's Party ter começado por volta da mesma época.

Originalmente, o site se chamava Polaroid Scene, porque eu amava fotos de Polaroid e sair para a balada. Mas, depois de um ano, a Polaroid me disse que não queria que eu usasse o nome; sendo assim, mudei. Usei Cobrasnake, já que isso não tinha nada a ver com fotografia, e eu sabia que ninguém ia poder tirar isso de mim.

No começou, eu só pirava vendo todas essas tendências. Pesquisei muito e viajei com o meu dinheiro pelo mundo para ver as festas mais legais. Eu estava documentando a cultura e, acho, inspirando a cultura também. As pessoas que não frequentavam esses eventos podiam ver como o pessoal mais legal de Londres, LA, Tóquio ou Nova York se vestia e se inspirar nisso.

Acho que minha documentação da cena foi como uma bola de neve. Eu conseguia ver as tendências se espalhando através da internet. Tipo, como todo mundo queria beber Red Stripe porque era uma bebida cool; depois, veio a Pabst e, em seguida, a Sparks. Acho que eu posso ter sido responsável pela moda dos óculos sem lente. Fiz cirurgia a laser e, como usei óculos a vida inteira, não me sentia confortável sem eles na cara. Então, eu só usava a armação. Fui muito fotografado, as pessoas me perguntavam sobre os óculos e isso virou tendência.

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Acho que sempre fui um hipster, mesmo antes que isso virasse modinha. Sempre usei roupas estranhas que eu comprava em brechós. Fui eleito como O Mais Único no colegial. Acho que o hipster se tornou tão mainstream que ficou difícil saber quem são os esquisitões de verdade. Antes, você encontrava alguém baseado na forma como a pessoa se vestia e se ela conhecia Pixies, Radiohead ou coisas assim. Agora, você pode conversar com um cara de calça skinny, e ele não vai saber o nome de uma música do Radiohead. O estilo transcendeu a cultura.

É impressionante pensar em todos os lugares, eventos e festas onde estive. Quando eu estava procurando imagens para esta matéria, percebi que tirei mais de um milhão de fotos.

Me sinto abençoado por poder viajar pelo mundo e ver as coisas que vi. Eu estava lá no começo das carreiras de Katy Perry, Steve Aoki e Sky Ferreira. E pessoas que só estavam nas festas quando comecei a fotografar viraram bandas, empresas ou se tornaram artistas ou estilistas de sucesso. É incrível ver onde esse pessoal está agora e ter essas fotos. Ninguém pode recriar esses momentos.

Hoje, todo mundo tem celular com câmera. A festa é transmitida pela internet. Todo mundo usa Snapchat e Instagram. É como se todo mundo fosse seu próprio Cobrasnake. Mas ainda me inspiro em jovens sendo criativos e se divertindo. Espero inspirá-los também.

Mark Hunter ainda trabalha com fotografia e atualmente também está se reinventando como guru de fitness (a NYMag o descreveu como um "Richard Simmons hipster"). Leia mais sobre isso aqui.

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Tradução: Marina Schnoor

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